Quando os bispos em Aparecida, votaram para que o “processo de iniciação cristã fosse adotado em todo o continente” (DAp, 294), comecei a estruturar melhor minha práxis evangelizadora. Exerço o ministério da catequese desde os meus 15 anos. Fui um jovem catequista, seminarista catequista e continuo sendo um padre catequista. Por isto, comecei por mim uma revisão de minhas ações colocando como centro a pessoa de Jesus. Com a ajuda da Teologia procurei fazer um caminho iniciático antes de propor aos outros. Aqui está, no meu modo de ver a chave hermenêutica da iniciação cristã. É preciso deixar-se envolver pela escuta atenta da Palavra, pela oração, pelo estudo, na vivência comunitária e no aprendizado do discipulado. Se isto não acontecer, o processo permanece apenas noético, aula, palestra, satisfação da razão, mas vazio em relação à educação da fé.
Quando fui nomeado pároco pela primeira vez em 2003 ainda relutava na mudança, mas aos poucos, movido pela urgência da nova evangelização, comecei a trabalhar com os catequistas um novo caminho. O trabalho foi árduo. Foram dois longos anos. No final, a paróquia respira outra atmosfera catequética.
Quando cheguei na paróquia onde estou desde 2014, já tinha uma experiência mais consolidada. Deixei passar um ano e voltei a rever minhas anotações e a metodologia. Fiz a proposta aos paroquianos e começamos um trabalho formativo. Sistematizei melhor o querigma com as perguntas: afinal quem foi Jesus? E o que ele é hoje? Depois passei ao catecumenato dando um valor fundamental ao Antigo e Novo Testamento. Desta fonte dei novo significado a Tradição da Igreja, ao Magistério e a compreensão das Escrituras. Assim as anotações foram tomando um corpo como eu queria. Meu objetivo não era repetir doutrinas, mas propor à luz da iniciação temas que ajudassem o catequista a mudar de mentalidade e fazer um caminho iniciático. Disto nasceu o livro.
O primeiro capítulo é uma breve apresentação do Ano Litúrgico, rompendo assim o ano escolar, para mostrar que Jesus é o centro da vida cristã, portanto, um resgate do sentido da Páscoa. O segundo capítulo é o querigma, ou seja o anúncio explicito de Jesus através das parábolas, dos milagres e da vida de alguns santos. O anúncio toca a vida das pessoas em profundidade e as transforma. O terceiro capítulo é o catecumenato, a parte mais árdua porque a doutrina da Igreja aparece com mais evidência, porém, é necessário passar por ela, para dar razão da própria esperança. Comento o processo da Revelação, a forma como os textos bíblicos foram surgindo, o Credo Apostólico, o tema dos Novíssimos, o Pai Nosso e os sacramentos. No quarto capítulo apresento os ritos de eleição e purificação à luz das virtudes teologais e cardeais. Por fim, no quinto capítulo, apresento o processo mistagógico como a busca do Mistério na vida como vocação.
Oxalá este livro ajude a tantos formadores e catequistas a fazerem o caminho da iniciação na busca de compreender a verdade que inquieta gerações: Afinal, quem é Jesus de Nazaré?