Rede de enfrentamento ao tráfico humano ganha núcleo em Cuiabá

Quarta, 26 Setembro 2018 09:30 Escrito por  Gibran Lachowski e Ana Paula Carnahiba, assessores do Regional Oeste 2 das CEBs/MT
Rede de enfrentamento ao tráfico humano ganha núcleo em Cuiabá Núcleo da Rede Um Grito pela Vida foi criado em Cuiabá, em 23 de setembro Gibran Lachowski e Ana Paula Carnahiba, assessores do Regional Oeste 2 das CEBs/MT
A criação do núcleo foi uma das decisões tomadas durante um encontro de formação sobre a Rede promovido pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), na Inspetoria Nossa Senhora da Paz, das FMA.   

Cuiabá, MT, agora tem um núcleo da Rede Um Grito pela Vida, cujo objetivo é enfrentar o tráfico humano. A criação do núcleo foi uma das decisões tomadas durante um encontro de formação sobre a Rede promovido pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), na Inspetoria Nossa Senhora da Paz, das Filhas de Maria Auxiliadora/Irmãs Salesianas, entre os dias 21 e 23 de setembro.

 

Houve apresentação da situação no país e no mundo, trabalho em grupo, debate e proposições. Destaque para a transmissão do filme Anjos do sol, que mostra a dura realidade do tráfico de crianças e adolescentes, e a cartilha O sumiço de Carolina, pelo caráter didático.

 

Esforço conjunto

Um grande esforço deve ser feito, pois o tráfico humano afeta mais de 20 milhões de pessoas no mundo. Cerca de 75% das vítimas são mulheres e meninas para exploração sexual. Trata-se de um negócio nefasto, que gera 32 bilhões de dólares por ano (em torno de R$ 130 bilhões) segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

 

“Esse tipo de violência é a escravidão do século XXI. Sequestra a dignidade da pessoa, deixa marcas no corpo e na alma. Um crime hediondo”, comenta irmã Roselei Bertoldo, da congregação Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Ela contribui com a articulação da Rede da região Norte e foi uma das formadoras do encontro em Cuiabá.

 

“Uma vez cheguei em casa, fui para debaixo do chuveiro e passei uma hora chorando. Deu vontade de gritar. É um trabalho muito difícil, mas necessário”, conta Valmi Bohn. Val, como é chamada, é irmã da Divina Providência e integra a coordenação nacional da Rede.

 

Além da exploração sexual, o tráfico de pessoas engloba: trabalho escravo, trabalho infantil, adoção ilegal, servidão doméstica, tráfico de órgãos, tráfico de drogas, pequenos furtos e mendicância. Conforme dados governamentais e da Rede nacional, os locais onde mais acontece o registro de tráfico de pessoas em Mato Grosso são a fronteira com a Bolívia e as divisas estaduais (com Goiás, Mato Grosso do Sul e Tocantins).

 

No estado, as modalidades mais frequentes são: trabalho escravo, exploração sexual, tráfico de drogas e atividades ilícitas e desaparecimento de crianças e adolescentes (três por dia, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública).

 

Núcleo em Cuiabá

A coordenação do núcleo em Cuiabá é formada por religiosas, leigas e leigos. Integram o grupo as Irmãs Salesianas (FMA), da Divina Providência, Missionárias do Bom Jesus e Irmãzinhas da Imaculada Conceição, membros de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), da Pastoral da Mulher Marginalizada (PMM), Economia Solidária e movimento da Consciência Negra. Também auxiliam a equipe integrantes das Irmãs Azuis, comunicadores populares e a Associação de Haitianos em Cuiabá.

 

A irmã Maria de Nazaré Gonçalves de Lima, FMA, foi uma das organizadoras do encontro de formação. Ela é coordenadora de Comunicação da Inspetoria Nossa Senhora da Paz, assessora as CEBs e ficou satisfeita com o resultado. Foi acompanhada na organização por irmã Cleofa Marlisa Flach, da Divina Providência, e irmã Maria Tereza Alves da Silva, das Irmãs Azuis. “Agradeço a quem veio para começar a tecer essa rede, a quem ouviu esse grito. Com o núcleo vamos entender melhor a situação e ajudar a enfrentar o tráfico humano. Vamos contribuir para que essas pessoas voltem a ter dignidade”, assinala irmã Nazaré.

 

O que é a Rede Um Grito Pela Vida

Com a criação do núcleo, Mato Grosso se une a uma teia de proteção que envolve no Brasil 27 unidades, presentes em outros 23 estados e no Distrito Federal. A Rede Um Grito pela Vida é intercongregacional – constituída por cerca de 150 religiosas e religiosos de diversas congregações. Foi criada em 2006 e faz parte da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) Nacional.

 

Embora seja nacional, a Rede atua de forma descentralizada, organizando-se nos municípios e nos estados de acordo com as necessidades locais e em articulação com outras iniciativas voltadas para o combate ao tráfico humano. A iniciativa brasileira integra uma instância mundial da Vida Religiosa Consagrada chamada Talitha Kum, que está presente em 70 países. Thalita Kum significa “Menina, eu te digo, levanta-te” (Mc 5,41). As atividades são realizadas em torno de quatro eixos: sensibilização e informação; organização de grupos de reflexão e estudo; capacitação de multiplicadores; e participação e mobilização social e política.

Saiba mais sobre a Rede Um Grito Pela Vida em: http://gritopelavida.blogspot.com/

 

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Última modificação em Quarta, 21 Novembro 2018 17:26

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Rede de enfrentamento ao tráfico humano ganha núcleo em Cuiabá

Quarta, 26 Setembro 2018 09:30 Escrito por  Gibran Lachowski e Ana Paula Carnahiba, assessores do Regional Oeste 2 das CEBs/MT
Rede de enfrentamento ao tráfico humano ganha núcleo em Cuiabá Núcleo da Rede Um Grito pela Vida foi criado em Cuiabá, em 23 de setembro Gibran Lachowski e Ana Paula Carnahiba, assessores do Regional Oeste 2 das CEBs/MT
A criação do núcleo foi uma das decisões tomadas durante um encontro de formação sobre a Rede promovido pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), na Inspetoria Nossa Senhora da Paz, das FMA.   

Cuiabá, MT, agora tem um núcleo da Rede Um Grito pela Vida, cujo objetivo é enfrentar o tráfico humano. A criação do núcleo foi uma das decisões tomadas durante um encontro de formação sobre a Rede promovido pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), na Inspetoria Nossa Senhora da Paz, das Filhas de Maria Auxiliadora/Irmãs Salesianas, entre os dias 21 e 23 de setembro.

 

Houve apresentação da situação no país e no mundo, trabalho em grupo, debate e proposições. Destaque para a transmissão do filme Anjos do sol, que mostra a dura realidade do tráfico de crianças e adolescentes, e a cartilha O sumiço de Carolina, pelo caráter didático.

 

Esforço conjunto

Um grande esforço deve ser feito, pois o tráfico humano afeta mais de 20 milhões de pessoas no mundo. Cerca de 75% das vítimas são mulheres e meninas para exploração sexual. Trata-se de um negócio nefasto, que gera 32 bilhões de dólares por ano (em torno de R$ 130 bilhões) segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

 

“Esse tipo de violência é a escravidão do século XXI. Sequestra a dignidade da pessoa, deixa marcas no corpo e na alma. Um crime hediondo”, comenta irmã Roselei Bertoldo, da congregação Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Ela contribui com a articulação da Rede da região Norte e foi uma das formadoras do encontro em Cuiabá.

 

“Uma vez cheguei em casa, fui para debaixo do chuveiro e passei uma hora chorando. Deu vontade de gritar. É um trabalho muito difícil, mas necessário”, conta Valmi Bohn. Val, como é chamada, é irmã da Divina Providência e integra a coordenação nacional da Rede.

 

Além da exploração sexual, o tráfico de pessoas engloba: trabalho escravo, trabalho infantil, adoção ilegal, servidão doméstica, tráfico de órgãos, tráfico de drogas, pequenos furtos e mendicância. Conforme dados governamentais e da Rede nacional, os locais onde mais acontece o registro de tráfico de pessoas em Mato Grosso são a fronteira com a Bolívia e as divisas estaduais (com Goiás, Mato Grosso do Sul e Tocantins).

 

No estado, as modalidades mais frequentes são: trabalho escravo, exploração sexual, tráfico de drogas e atividades ilícitas e desaparecimento de crianças e adolescentes (três por dia, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública).

 

Núcleo em Cuiabá

A coordenação do núcleo em Cuiabá é formada por religiosas, leigas e leigos. Integram o grupo as Irmãs Salesianas (FMA), da Divina Providência, Missionárias do Bom Jesus e Irmãzinhas da Imaculada Conceição, membros de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), da Pastoral da Mulher Marginalizada (PMM), Economia Solidária e movimento da Consciência Negra. Também auxiliam a equipe integrantes das Irmãs Azuis, comunicadores populares e a Associação de Haitianos em Cuiabá.

 

A irmã Maria de Nazaré Gonçalves de Lima, FMA, foi uma das organizadoras do encontro de formação. Ela é coordenadora de Comunicação da Inspetoria Nossa Senhora da Paz, assessora as CEBs e ficou satisfeita com o resultado. Foi acompanhada na organização por irmã Cleofa Marlisa Flach, da Divina Providência, e irmã Maria Tereza Alves da Silva, das Irmãs Azuis. “Agradeço a quem veio para começar a tecer essa rede, a quem ouviu esse grito. Com o núcleo vamos entender melhor a situação e ajudar a enfrentar o tráfico humano. Vamos contribuir para que essas pessoas voltem a ter dignidade”, assinala irmã Nazaré.

 

O que é a Rede Um Grito Pela Vida

Com a criação do núcleo, Mato Grosso se une a uma teia de proteção que envolve no Brasil 27 unidades, presentes em outros 23 estados e no Distrito Federal. A Rede Um Grito pela Vida é intercongregacional – constituída por cerca de 150 religiosas e religiosos de diversas congregações. Foi criada em 2006 e faz parte da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) Nacional.

 

Embora seja nacional, a Rede atua de forma descentralizada, organizando-se nos municípios e nos estados de acordo com as necessidades locais e em articulação com outras iniciativas voltadas para o combate ao tráfico humano. A iniciativa brasileira integra uma instância mundial da Vida Religiosa Consagrada chamada Talitha Kum, que está presente em 70 países. Thalita Kum significa “Menina, eu te digo, levanta-te” (Mc 5,41). As atividades são realizadas em torno de quatro eixos: sensibilização e informação; organização de grupos de reflexão e estudo; capacitação de multiplicadores; e participação e mobilização social e política.

Saiba mais sobre a Rede Um Grito Pela Vida em: http://gritopelavida.blogspot.com/

 

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