Kenitra: Dom Bosco no Marrocos

Quarta, 11 Janeiro 2017 12:38 Escrito por  Tradução: Jhonatas Santos; Edição: Sandra de Angelis
Entre as escolas da Inspetoria Salesiana França-Bélgica Sul (FRB), uma fica no Reino do Marrocos, país de maioria muçulmana. A escola fica em Kenitra, cidade grande e moderna, e atende cerca de 400 alunos.

Nos mais de 130 países onde o Sistema Preventivo de Dom Bosco se faz presente não faltam exemplos de harmonia entre o carisma salesiano e as culturas locais. O preceito de formar bons cristãos e honestos cidadãos tem mostrado ser uma via de harmonia e de amor ao próximo, que cabe perfeitamente em qualquer lugar do planeta.

Na cidade de Kenitra, no Marrocos, país africano que professa a religião muçulmana sunita, está um desses exemplos. Na cidade que fica a cerca de 50 km da Capital, Rabat, uma escola salesiana instalada em 1937 mantém 400 alunos matriculados e uma ótima relação com a comunidade. Seu diretor, padre Antonio Vega, conta que a escola segue sempre o projeto pedagógico vigente no país, e neste caso ministra cursos em francês e árabe, idiomas falados localmente. “Todos os professores são muçulmanos e o curso do Islã é obrigatório, exceto para três alunos cristãos que temos matriculados”. 

 

A marca de Dom Bosco

Não é só a imagem de Dom Bosco que marca o ambiente da escola, um grande edifício branco, na rua Mohamed Abdu. Da identidade visual presente em toda casa salesiana, vê-se o logotipo vermelho característico do lado de fora. É a partir do pátio, nas salas de aula e corredores, que estão a vibração e a alegria que são capazes de universalizar o ambiente tão característico. A promoção de oficinas culturais e esportivas, as cores que tornam os ambientes alegres, são capazes de catalisar a alegria dos alunos; e a vibração interna excede os muros e marca sua identidade, atraindo os moradores em torno da escola e, também, os familiares dos alunos.

Cercado pelas crianças, padre Antonio Vega acolhe os recém-chegados. Um dos momentos mais importantes da escola, tal como em qualquer ambiente salesiano, é o do ‘Bom Dia’: “Certa manhã falei sobre responder à violência com a não-violência”, lembrou o padre Vega. “Citei o trecho do Alcorão que diz: ‘Devemos nos proteger da violência. Devemos perdoar’”. Em 2016, o tema proposto pela educação católica no Marrocos (ECAM) foi “Não à violência”. “O tema permeou todas as atividades didáticas da escola, estendendo-se também às atividades com os pais e educadores”, relata do diretor. O guia do ano escolar distribuído a todos os pais também incentiva o espírito de diálogo no seio das famílias. Frases como “O diálogo não significa fraqueza” e “Uma justa firmeza deve educar as crianças à obediência e ao respeito” são algumas das ideias contidas no material que foi compartilhado com as famílias dos alunos.

 

Muçulmano-salesiano

Como é de praxe nas escolas salesianas, as atividades culturais extracurriculares são trabalhadas transversalmente às atividades regulares. O padre Antonio Vega organiza anualmente uma semana de workshops denominada “Semana Cultural”. Nessa época os pais e familiares dos alunos matriculados têm a oportunidade de participar de conferências e atividades pautadas pela pedagogia salesiana. “Enquanto as crianças brincam com jogos de infância de Dom Bosco, adultos, pais e professores participam de atividades educacionais”.

Muitos educadores se afinaram perfeitamente e partilham a pedagogia salesiana. Mohamed Habhoud, professor de língua árabe, é um exemplo. Autor de um livro sobre Dom Bosco no idioma árabe, que o diretor publicou para distribuição a todos os pais no ano do bicentenário de seu nascimento, ele se autodenomina um “muçulmano-salesiano”. “Acho que o espírito de Dom Bosco pode estar entre judeus, cristãos, muçulmanos... a abertura é Dom Bosco”, entusiasma-se. Mohamed trabalhou em cinco escolas na região como coordenador pedagógico. Dentre os colegas, ele chama a atenção por sempre manifestar alegria em sua atividade e não hesita em falar de Dom Bosco: “Eu ajo e penso como salesiano!”.

 

Portas sempre abertas

A escola mantém outros projetos que promovem a interação entre a instituição e a vizinhança. O centro cultural e esportivo é aberto a jovens que não frequentam a escola, a biblioteca está sempre à disposição, gratuitamente, e o ginásio Dom Bosco é usado por todas as associações esportivas locais. Além disso, a escola atua em parceria com dois outros institutos: o JUK-CFF, para a formação das meninas; e o JUK-SPEL, para a formação dos jovens adultos. Superando as diferenças confessionais, a escola salesiana de Kenitra trabalha em um verdadeiro espírito de família.

 

Publicado originalmente em Don Bosco Aujourd’hui (revista dos Salesianos de Dom Bosco na Inspetoria França-Bélgica Sul).

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Última modificação em Quarta, 11 Janeiro 2017 13:14

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Kenitra: Dom Bosco no Marrocos

Quarta, 11 Janeiro 2017 12:38 Escrito por  Tradução: Jhonatas Santos; Edição: Sandra de Angelis
Entre as escolas da Inspetoria Salesiana França-Bélgica Sul (FRB), uma fica no Reino do Marrocos, país de maioria muçulmana. A escola fica em Kenitra, cidade grande e moderna, e atende cerca de 400 alunos.

Nos mais de 130 países onde o Sistema Preventivo de Dom Bosco se faz presente não faltam exemplos de harmonia entre o carisma salesiano e as culturas locais. O preceito de formar bons cristãos e honestos cidadãos tem mostrado ser uma via de harmonia e de amor ao próximo, que cabe perfeitamente em qualquer lugar do planeta.

Na cidade de Kenitra, no Marrocos, país africano que professa a religião muçulmana sunita, está um desses exemplos. Na cidade que fica a cerca de 50 km da Capital, Rabat, uma escola salesiana instalada em 1937 mantém 400 alunos matriculados e uma ótima relação com a comunidade. Seu diretor, padre Antonio Vega, conta que a escola segue sempre o projeto pedagógico vigente no país, e neste caso ministra cursos em francês e árabe, idiomas falados localmente. “Todos os professores são muçulmanos e o curso do Islã é obrigatório, exceto para três alunos cristãos que temos matriculados”. 

 

A marca de Dom Bosco

Não é só a imagem de Dom Bosco que marca o ambiente da escola, um grande edifício branco, na rua Mohamed Abdu. Da identidade visual presente em toda casa salesiana, vê-se o logotipo vermelho característico do lado de fora. É a partir do pátio, nas salas de aula e corredores, que estão a vibração e a alegria que são capazes de universalizar o ambiente tão característico. A promoção de oficinas culturais e esportivas, as cores que tornam os ambientes alegres, são capazes de catalisar a alegria dos alunos; e a vibração interna excede os muros e marca sua identidade, atraindo os moradores em torno da escola e, também, os familiares dos alunos.

Cercado pelas crianças, padre Antonio Vega acolhe os recém-chegados. Um dos momentos mais importantes da escola, tal como em qualquer ambiente salesiano, é o do ‘Bom Dia’: “Certa manhã falei sobre responder à violência com a não-violência”, lembrou o padre Vega. “Citei o trecho do Alcorão que diz: ‘Devemos nos proteger da violência. Devemos perdoar’”. Em 2016, o tema proposto pela educação católica no Marrocos (ECAM) foi “Não à violência”. “O tema permeou todas as atividades didáticas da escola, estendendo-se também às atividades com os pais e educadores”, relata do diretor. O guia do ano escolar distribuído a todos os pais também incentiva o espírito de diálogo no seio das famílias. Frases como “O diálogo não significa fraqueza” e “Uma justa firmeza deve educar as crianças à obediência e ao respeito” são algumas das ideias contidas no material que foi compartilhado com as famílias dos alunos.

 

Muçulmano-salesiano

Como é de praxe nas escolas salesianas, as atividades culturais extracurriculares são trabalhadas transversalmente às atividades regulares. O padre Antonio Vega organiza anualmente uma semana de workshops denominada “Semana Cultural”. Nessa época os pais e familiares dos alunos matriculados têm a oportunidade de participar de conferências e atividades pautadas pela pedagogia salesiana. “Enquanto as crianças brincam com jogos de infância de Dom Bosco, adultos, pais e professores participam de atividades educacionais”.

Muitos educadores se afinaram perfeitamente e partilham a pedagogia salesiana. Mohamed Habhoud, professor de língua árabe, é um exemplo. Autor de um livro sobre Dom Bosco no idioma árabe, que o diretor publicou para distribuição a todos os pais no ano do bicentenário de seu nascimento, ele se autodenomina um “muçulmano-salesiano”. “Acho que o espírito de Dom Bosco pode estar entre judeus, cristãos, muçulmanos... a abertura é Dom Bosco”, entusiasma-se. Mohamed trabalhou em cinco escolas na região como coordenador pedagógico. Dentre os colegas, ele chama a atenção por sempre manifestar alegria em sua atividade e não hesita em falar de Dom Bosco: “Eu ajo e penso como salesiano!”.

 

Portas sempre abertas

A escola mantém outros projetos que promovem a interação entre a instituição e a vizinhança. O centro cultural e esportivo é aberto a jovens que não frequentam a escola, a biblioteca está sempre à disposição, gratuitamente, e o ginásio Dom Bosco é usado por todas as associações esportivas locais. Além disso, a escola atua em parceria com dois outros institutos: o JUK-CFF, para a formação das meninas; e o JUK-SPEL, para a formação dos jovens adultos. Superando as diferenças confessionais, a escola salesiana de Kenitra trabalha em um verdadeiro espírito de família.

 

Publicado originalmente em Don Bosco Aujourd’hui (revista dos Salesianos de Dom Bosco na Inspetoria França-Bélgica Sul).

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