Na Rede Salesiana de Escolas, a data inspira reflexões, palestras e atividades pedagógicas, além de ser um ponto de culminância de iniciativas e trabalhos realizados sobre o tema ao longo do ano letivo.
Desconstrução de estereótipos
Um bom exemplo são as atividades realizadas no Instituto Nossa Senhora da Glória de Macaé, RJ. Neste mês, a escola apresenta os trabalhos do projeto “A África muito além da imaginação...”, desenvolvido nas turmas do ensino médio. A iniciativa, orientada pelo professor Jorge Miranda Leite, consiste na produção de blogs ou vídeos que valorizem a cultura africana por meio de sua história.
“O objetivo do projeto é desconstruir estereótipos sobre o continente africano e ideias preconceituosas que definem a África como um continente sem História, com povos primitivos, savanas e desertos que cobrem todo o território, ocupado por animais selvagens, fornecedora de escravos, epidemias, fome, miséria, guerra civil, entre outros equívocos”, explica o professor. Ainda segundo ele, a ideia surgiu ao longo do ano letivo, em uma observação importante durante as aulas. “Ao estudarmos a História da África na chamada Antiguidade e Idade Média, fui percebendo que, por vezes, alguns alunos encaravam esse tema como menos importante. Então pensei em criar um projeto no qual o aluno assumisse a responsabilidade de compilar ou produzir um material que combatesse os estereótipos sobre a África” ,completa.
Na prática, os alunos das turmas de 1º ano se organizaram em grupos e fizeram pesquisas no material didático da Rede Salesiana de Escolas e na internet. A partir daí, construíram estratégias de abordagem para quebrar essas visões pré-concebidas. Aproximadamente 90 alunos participaram da atividade, dividindo-se em pequenos grupos.
“Foram construídos vários blogs nos quais alguns desenvolveram textos ou vídeos próprios e outros se utilizaram de textos de terceiros, além de vídeos para compilar um produto final com a lógica desejada. O melhor resultado foi perceber o engajamento dos alunos em criar um material com qualidade e profundidade, que expressou uma reflexão sobre o tema da alteridade cultural experimentada inicialmente por eles mesmos. Outro ponto significativo dessa proposta foi fazer com que eles entendessem seu potencial de protagonistas na internet, contribuindo como cidadãos para combater estigmas e preconceitos tão perversamente enraizados”, conclui o professor.
Os alunos também aprovaram a iniciativa. “Foi legal tratar da África sob um ponto de vista diferente do que estamos acostumados a ver. Foi gratificante a sensação de ter feito um trabalho que outras pessoas podem ver, além do professor”, disse o aluno Antônio Carlos Barros Vasconcelos, do 1º ano.
Exposição em escola de Salvador
Os estudantes do ensino fundamental I do Colégio Salesiano Dom Bosco, na Capital baiana, comemoram o Dia da Consciência Negra com uma exposição de arte. O projeto, intitulado ExpoArte, apresenta os trabalhos artísticos do projeto “ Africarte - um novo olhar africano” , que tratou o tema durante o ano letivo com a orientação da professora de arte, Eliana Maia. A mostra pôde ser vista no pátio da escola de 11 a 17 de novembro.
Projeto “Somos da Cor” em Araxá
Outro projeto na RSE que aborda a valorização da cultura negra é o “Somos da Cor”, de iniciativa da Inspetoria São João Bosco e desenvolvido em diversas atividades no Colégio Dom Bosco de Araxá, MG. O projeto teve início na escola em março de 2013, envolvendo todas as disciplinas e alunos do ensino fundamental II e ensino médio, e já foi agraciado com prêmios importantes, como o Construindo a Nação, do Instituto Cidadania Brasil.
O "Somos da Cor" envolve diversas ações, como produção de revistas, apresentações de capoeira, congado, maculelê, peças teatrais inspiradas na obra de artistas negros, exposições, narração de histórias, seminários, entre outras. O educador Adilson de Paula, um dos coordenadores do projeto, destaca que a iniciativa envolve todas as disciplinas e se realiza ao longo de todo o ano letivo. "Para desenvolver um projeto com essa envergadura, a Equipe Pedagógica tem de estar alinhada à proposta, pois não se trata de uma ação isolada e hermética, ela fundamenta-se em uma proposta muito superior, que é a valorização e o fomento às práticas inclusivas", explica.
Mais do que uma campanha ou um programa isolado de conscientização, o "Somos da Cor" ajuda a fortalecer a escola como uma instituição que educa para a igualdade e a cidadania. A proposta, como lembra a diretora Maria Leonete Rosa, é contribuir para combater preconceitos que estão nas raízes da história do Brasil. "Acredito que, ao trabalharmos a valorização da pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos de outros povos e nações, estamos construindo estratégias pedagógicas para a valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade étnico-racial arraigada na história de nosso país e até mesmo no mundo", ressalta.
