O reforço social
Dom Bosco, quase instintivamente, percebeu a importância do “reforço social” na formação dos adolescentes. Os meninos precisam de amigos como do ar para respirar. O bando pode condicionar para o mal até mesmo o menino mais bem-educado. Dom Bosco, em sua genialidade pedagógica instintiva, inventa um “lugar” de amigos que levam para o bem.
Uma pessoa é recompensada quando se sente aprovada, tratada com gentileza pelas pessoas entre as quais vive. Os jovens de hoje desenvolvem-se no “recorta e cola”: copiam, reproduzem, imitam. São pouco solicitados à criatividade e à possibilidade de projetar, elementos que permitem enfrentar as mudanças e as dificuldades.
Dom Bosco cria um ambiente seguro, o oratório, que habitua os jovens ao compromisso, a serem ativos, a não abandonar facilmente o campo.
Ele acrescenta ainda dois ingredientes: os “anjos da guarda” e a fé. Todos os seres humanos vivem mais otimistas e em paz consigo mesmos quando sabem que têm ao seu lado pessoas dispostas a ajudá-los nos momentos difíceis. A fé religiosa dá o suporte poderoso da esperança radical, da positividade absoluta do universo e da companhia afetuosa de Deus e da comunidade.
As “Companhias” surgem dessas intuições. A primeira é a de São Luís, no oratório de Valdocco (1847). A finalidade da Companhia de São Luís era “empenhar os jovens na prática constante das virtudes que foram muito luminosas neste Santo. Queria iniciá-los em uma vida tão equilibrada e piedosa, a ponto de vir a ser sal e luz em meio à multidão dos companheiros” (MB 3,215). Ao fundar a Companhia de São Luís, Dom Bosco tinha em vista finalidades formativas: alimentar a vida de piedade e a moralidade dos membros a exemplo do santo, mas também levá-los a dar bom exemplo e ser fermento entre os companheiros.
Jovens apóstolos
A Companhia da Imaculada reflete uma fase mais evoluída da obra de Dom Bosco e um alargamento das suas perspectivas formativas. Dom Bosco escreve na vida de Sávio: “A finalidade era obter a proteção da grande Mãe de Deus durante e vida e especialmente em ponto de morte. Para essa finalidade, Sávio propunha dois meios: exercitar e promover práticas de piedade em honra de Maria Imaculada, e a comunhão frequente” (Sávio, p. 76). É muito significativo, porém, o fato de Dom Bosco ter inserido este aditamento, que estimulava os membros da Companhia no serviço comunitário e no apostolado entre os companheiros: “Estabeleça-se nas conferências alguma obra de caridade externa, como a limpeza da igreja, a assistência ou o catecismo de algum menino mais ignorante” (Savio, p. 83).
Desde então, as Companhias fizeram parte do panorama salesiano.
Em 1950, o padre Ricaldone criou o Centro Internacional das Companhias religiosas salesianas, para formar os dirigentes, organizar e realizar a “Campanha anual”, lançada pela Estreia, e preparar “encontros, pequenos congressos ou outras manifestações promovidas pelo reitor-mor”. Em janeiro de 1967, surge o Centro de Pastoral Juvenil.
Hoje, a herança carismática passou ao Movimento Juvenil Salesiano (MJS, ou no Brasil, Articulação da Juventude Salesiana - AJS). Trata-se de um movimento de caráter educativo oferecido a todos os jovens, para fazê-los sujeitos e protagonistas do próprio desenvolvimento humano e cristão. As expressões do MJS/AJS no mundo são muitas e manifestam a variada proposta associativa salesiana, mais articulada na Europa, na América e na Índia.
Em muitas realidades há uma coordenação inspetorial, interinspetorial e regional. Os encontros são um dos elementos caracterizadores do MJS/AJS, como ocasiões significativas de comunicação entre os grupos e de circulação das mensagens e dos valores da Espiritualidade Juvenil Salesiana.