Respostas mais efetivas aos desafios contemporâneos

Quinta, 07 Mai 2015 14:50 Escrito por  Pe. Agnaldo Soares Lima, SDB, Ir. Silvia Aparecida Silva, FMA, e Claudio Roberto Stacheira
Em uma sociedade em constante transformação econômico-social e com mudanças rápidas advindas a partir das novas tecnologias, há que se considerar que seja natural e necessária a adequação das instituições que atuam na esfera social.

Com práticas consolidadas ao longo de dezenas de anos de trabalhos feitos de forma gratuita e voluntária, as organizações civis nem sempre têm a facilidade de rever seu modelo enquanto organização, programas e formas de atuação, métodos e técnicas adotados no cotidiano de suas práticas. Tal necessidade se faz, porém, sempre mais premente para que o bem produzido e os relevantes serviços prestados na vida das pessoas e, por consequência, para a sociedade em geral, permaneçam e mantenham sua eficácia.

O Brasil, que até um passado recente não apenas figurava entre os países subdesenvolvidos, mas amargava índices de miséria, fome, mortalidade infantil, falta de acesso à educação, déficits habitacionais e tantos outros problemas sociais típicos das nações assim classificadas, tem dado importantes passos para reverter tal condição. As políticas sociais implantadas nos últimos anos melhoraram significativamente os índices do país. A Constituição Federal de 1988 e, no campo da infância e da adolescência, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal 8069 de 1990, têm sido determinantes para as mudanças sociais pelas quais vem passando o país.

Neste cenário onde asseguram-se cada vez mais políticas públicas como direitos universais, ainda que com limites no que tange à qualidade e, em alguns casos, com um número insuficiente de vagas, torna-se fato que o incentivo financeiro às organizações filantrópicas por meio do repasse de recursos e/ou a celebração de convênios socioassistenciais, decresce cada dia mais.

Organizar-se e articular-se como rede no atual contexto requer das organizações sociais filantrópicas,  entre essas as salesianas, um repensar quanto ao seu espaço e papel no novo momento social que se apresenta.

 

Articular-se como rede

O empenho para articular-se como rede, da parte dos salesianos desde 2005 e das salesianas desde 2009, constituiu-se, sobretudo, por um processo para encontrar formas de fortalecimento, de qualificação e de sustentabilidade do trabalho social realizado pelas múltiplas presenças em todo o Brasil. A atuação em rede torna-se fundamental no campo social pelo fato de que as demandas apresentadas pelos destinatários das ações de caráter social são, de um modo geral, de cunhos diversificados e complexos. A criança, o adolescente e suas famílias, expostos ao risco ou à exclusão social, via de regra, sofrem com problemas que dizem respeito à educação, saúde, assistência social, à falta de oportunidades no campo da cultura, do lazer, do trabalho, entre tantas outras necessidades.

Responder a tais demandas, de forma concomitante e capaz de ofertar apoio efetivo e soluções consistentes, não é tarefa que uma única instituição consegue dar conta. Criar mecanismos para integrar e articular seus projetos e suas ações, em diferentes áreas de atuação, constitui-se como uma necessidade e uma forma de vencer a tentação das chamadas instituições totais, mais difíceis de serem mantidas e pouco convenientes como proposta em um novo paradigma de atenção social.

Se a construção de rede no âmbito local é uma necessidade, operar de igual forma entre as presenças salesianas dispersas por diferentes localidades e regiões do país é imprescindível como forma de partilhar experiências de sucesso, promover melhores processos de formação, assegurar maior visibilidade e reconhecimento institucional, afirmar uma marca salesiana de atuação social fortemente alicerçada no sistema preventivo de Dom Bosco e no compromisso com a educação integral de crianças e jovens.

 

Novos parâmetros

Em 2014, iniciou-se um processo para a construção de um novo pensar sobre a forma de nos articularmos como Rede Salesiana Brasil de Ação Social. Resgatou-se a caminhada já realizada ao longo de vários anos e trabalharam-se novos parâmetros. Considerando os vários contextos, preservando a diversidade de respostas e respeitando as particularidades de cada presença salesiana no território, entendeu-se que duas dimensões deveriam caracterizar nacionalmente a Rede Social.

A primeira é a Identidade Carismática Salesiana, pois orienta o modo de ser, mais do que o modo de fazer. Entre os tantos elementos que marcam o carisma salesiano, três foram destacados como essenciais: Sistema Preventivo de Dom Bosco e Direitos Humanos, síntese maior do método educativo e da espiritualidade salesiana; Educação Social; e Preventividade.

Pensou-se, como uma segunda dimensão para articulação e integração da rede, em seis eixos temáticos. A RSB-Social assume, então, como compromissos fundamentais a partir dos quais desenvolver seu trabalho educativo e mobilizar a sociedade para a transformação da realidade, os seguintes eixos: Promoção dos direitos da criança e do adolescente; Gestão social e atuação em rede; Fortalecimento da família; Ação socioeducativa de resultados; Construção de competências das novas gerações para a vida; e Cooperação para o desenvolvimento com enfoque social.

 

Padre Agnaldo Soares Lima, SDB, e irmã Silvia Aparecida Silva, FMA, são diretores executivos da Rede Salesiana Brasil de Ação Social. Cláudio Roberto Stacheira é proprietário da Data Master e atua de forma permanente como consultor na RSB-Ação Social

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Última modificação em Terça, 30 Junho 2015 14:47

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Respostas mais efetivas aos desafios contemporâneos

Quinta, 07 Mai 2015 14:50 Escrito por  Pe. Agnaldo Soares Lima, SDB, Ir. Silvia Aparecida Silva, FMA, e Claudio Roberto Stacheira
Em uma sociedade em constante transformação econômico-social e com mudanças rápidas advindas a partir das novas tecnologias, há que se considerar que seja natural e necessária a adequação das instituições que atuam na esfera social.

Com práticas consolidadas ao longo de dezenas de anos de trabalhos feitos de forma gratuita e voluntária, as organizações civis nem sempre têm a facilidade de rever seu modelo enquanto organização, programas e formas de atuação, métodos e técnicas adotados no cotidiano de suas práticas. Tal necessidade se faz, porém, sempre mais premente para que o bem produzido e os relevantes serviços prestados na vida das pessoas e, por consequência, para a sociedade em geral, permaneçam e mantenham sua eficácia.

O Brasil, que até um passado recente não apenas figurava entre os países subdesenvolvidos, mas amargava índices de miséria, fome, mortalidade infantil, falta de acesso à educação, déficits habitacionais e tantos outros problemas sociais típicos das nações assim classificadas, tem dado importantes passos para reverter tal condição. As políticas sociais implantadas nos últimos anos melhoraram significativamente os índices do país. A Constituição Federal de 1988 e, no campo da infância e da adolescência, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal 8069 de 1990, têm sido determinantes para as mudanças sociais pelas quais vem passando o país.

Neste cenário onde asseguram-se cada vez mais políticas públicas como direitos universais, ainda que com limites no que tange à qualidade e, em alguns casos, com um número insuficiente de vagas, torna-se fato que o incentivo financeiro às organizações filantrópicas por meio do repasse de recursos e/ou a celebração de convênios socioassistenciais, decresce cada dia mais.

Organizar-se e articular-se como rede no atual contexto requer das organizações sociais filantrópicas,  entre essas as salesianas, um repensar quanto ao seu espaço e papel no novo momento social que se apresenta.

 

Articular-se como rede

O empenho para articular-se como rede, da parte dos salesianos desde 2005 e das salesianas desde 2009, constituiu-se, sobretudo, por um processo para encontrar formas de fortalecimento, de qualificação e de sustentabilidade do trabalho social realizado pelas múltiplas presenças em todo o Brasil. A atuação em rede torna-se fundamental no campo social pelo fato de que as demandas apresentadas pelos destinatários das ações de caráter social são, de um modo geral, de cunhos diversificados e complexos. A criança, o adolescente e suas famílias, expostos ao risco ou à exclusão social, via de regra, sofrem com problemas que dizem respeito à educação, saúde, assistência social, à falta de oportunidades no campo da cultura, do lazer, do trabalho, entre tantas outras necessidades.

Responder a tais demandas, de forma concomitante e capaz de ofertar apoio efetivo e soluções consistentes, não é tarefa que uma única instituição consegue dar conta. Criar mecanismos para integrar e articular seus projetos e suas ações, em diferentes áreas de atuação, constitui-se como uma necessidade e uma forma de vencer a tentação das chamadas instituições totais, mais difíceis de serem mantidas e pouco convenientes como proposta em um novo paradigma de atenção social.

Se a construção de rede no âmbito local é uma necessidade, operar de igual forma entre as presenças salesianas dispersas por diferentes localidades e regiões do país é imprescindível como forma de partilhar experiências de sucesso, promover melhores processos de formação, assegurar maior visibilidade e reconhecimento institucional, afirmar uma marca salesiana de atuação social fortemente alicerçada no sistema preventivo de Dom Bosco e no compromisso com a educação integral de crianças e jovens.

 

Novos parâmetros

Em 2014, iniciou-se um processo para a construção de um novo pensar sobre a forma de nos articularmos como Rede Salesiana Brasil de Ação Social. Resgatou-se a caminhada já realizada ao longo de vários anos e trabalharam-se novos parâmetros. Considerando os vários contextos, preservando a diversidade de respostas e respeitando as particularidades de cada presença salesiana no território, entendeu-se que duas dimensões deveriam caracterizar nacionalmente a Rede Social.

A primeira é a Identidade Carismática Salesiana, pois orienta o modo de ser, mais do que o modo de fazer. Entre os tantos elementos que marcam o carisma salesiano, três foram destacados como essenciais: Sistema Preventivo de Dom Bosco e Direitos Humanos, síntese maior do método educativo e da espiritualidade salesiana; Educação Social; e Preventividade.

Pensou-se, como uma segunda dimensão para articulação e integração da rede, em seis eixos temáticos. A RSB-Social assume, então, como compromissos fundamentais a partir dos quais desenvolver seu trabalho educativo e mobilizar a sociedade para a transformação da realidade, os seguintes eixos: Promoção dos direitos da criança e do adolescente; Gestão social e atuação em rede; Fortalecimento da família; Ação socioeducativa de resultados; Construção de competências das novas gerações para a vida; e Cooperação para o desenvolvimento com enfoque social.

 

Padre Agnaldo Soares Lima, SDB, e irmã Silvia Aparecida Silva, FMA, são diretores executivos da Rede Salesiana Brasil de Ação Social. Cláudio Roberto Stacheira é proprietário da Data Master e atua de forma permanente como consultor na RSB-Ação Social

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