Manaus: Uma nova terra, um novo céu, um novo sonho

Segunda, 05 Mai 2014 20:59 Escrito por  Giceli Marcelino
As missões salesianas começam em Dom Bosco. Nele salesianos e leigos renovam as forças para continuar a sonhar. Todo aluno salesiano conhece a história do Oratório de Valdocco, mas antes de chegar até lá, Dom Bosco teve outros desafios. No entanto, Valdocco e a casa Pinardi foram a efetivação visível do sonho que tivera ainda menino. A cada ano, novas missões são iniciadas, novas terras ganham a esperança e o resgate de Dom Bosco. Em 1981, o mesmo aconteceu em Manaus. Os Salesianos já haviam chegado à capital amazonense, acolhiam crianças, adolescentes e jovens para a formação regular. Mas faltava algo: o acolhimento daqueles que estavam à margem, e não apenas isso, mas um pastor que pudesse reconduzir o rebanho que se formava de volta à capacidade de sonhar. O cenário da época era a busca por um espaço que pudesse ser chamado de lar. E alguém que também pudesse amparar os filhos daquela terra.

O Bom Pastor

Cidade das Palhas: um novo bairro que ia surgindo na periferia de Manaus. A população migratória que chegava de regiões afastadas possuía algumas necessidades: moradia, acolhimento. Assim, em meio às casas de pau a pique, um homem chamado por Deusolhou a necessidade daquele povo e iniciou com recursos limitados a assistência àquelas famílias. Padre Marcelo Bertolusso sonhou como um dia sonhou Dom Bosco. Cidade das Palhas foi o quadro em branco onde o artista iniciou sua obra. Ao apoiar o jovem, famílias eram apoiadas. Aos poucos o trabalho foi ganhando credibilidade.

Os moradores do bairro Cidade das Palhas apostaram no sonho junto com o padre. O Pró-Menor começou a acontecer graças aos esforços dessa união. “O Padre Marcelo era o próprio Dom Bosco. Quem o conheceu sempre dizia que, para encontrá-lo, bastava procurar no meio dos jovens. Dom Bosco dizia que os jovens precisavam saber que eram amados. Com o padre Marcelo eles tinham certeza”, conta o salesiano Washington Luís Paulo Macena, que trabalhou no Pró-Menor como educador antes de ser seminarista, e depois voltou como assistente.

E aconteceu exatamente assim, da enxada à fábrica de gelo, o Pró-Menor começou a acolher crianças, adolescentes, jovens, adultos, famílias. O trabalho do padre Marcelo tornou-se conhecido. Não apenas a comunidade, mas outros parceiros se interessaram pelo projeto.

 

Do resgate à inserção

Bairros em desenvolvimento trazem um quadro bastante grave em relação à vulnerabilidade social. No início da trajetória do Pró-Menor, os jovens estavam bem ali, na antiga Cidade das Palhas. Hoje se encontram em diversos bairros e o atendimento se ampliou. A educação profissional passou a ser não apenas uma saída, mas principalmente um novo raio de esperança ao resgate daqueles que estão à margem, permitindo uma nova oportunidade de sonhar. Hoje, o Pró-menor atende anualmente em média 1.500 pessoas.

Para participar dos cursos, os alunos passam por um processo seletivo a partir de avaliação socioeconômica. Tantos são os jovens e mesmo famílias que querem para seus filhos uma vaga na obra que, quando são abertas as inscrições, filas imensas são formadas.

Um trabalho transparente fortalece a instituição que o promove. Graças a essa transparência o Pró-Menor pode contar com o apoio de alguns parceiros para oferecer diversos cursos profissionalizantes: Auxiliar Administrativo; Assistente Bancário; Informática; Eletricidade; Mecânica Veicular e Mecânica de Motos. Os cursos promovem a formação na categoria de aprendizes, por isso, alguns são encaminhados ao mercado.

Transversalmente ao ensino profissionalizante a obra age em Pastoral, tanto para o fortalecimento do carisma, quanto para imprimir nos atendidos a necessidade de uma convivência na educação para valores. A identidade do trabalho é mantida e os jovens participam desde os momentos celebrativos até as gincanas Marianas. “Nas gincanas, os jovens, mesmo os não católicos, participam com vontade. Não existe esse tipo de preconceito que às vezes encontramos em algumas instituições. No Pró-Menor eles se consideram como salesianos e vivem sem restrições tudo o que a obra propõe, pois sabem que é para o bem deles”, considera o salesiano Luís.

Atividades esportivas, culturais e de lazer também são proporcionados, e delas participam educandos e educadores, o que fortalece ainda mais o espírito de pertença e ambiente familiar. Não é à toa que muitos jovens acabam se voluntariando para auxiliar em outras atividades. Sentem-se tão amados que não querem deixar a obra. “Participar do Pró-Menor foi a razão da minha existência. Tanto como educador e depois como Salesiano. Conviver como os jovens, conhecer suas histórias, faz-nos pensar como somos pequenos e ao mesmo tempo, qual é de fato a importância do nosso trabalho”, conclui Luís.

 

Ver, julgar e agir

No início da história do Pró-Menor os parceiros foram também os assistidos, que, dentro das possibilidades, vendiam sorvetes e algodão-doce para colaborar com o projeto. Nos primeiros anos foi assim, a comunidade se reunia para ajudar no que podia. O projeto acolhia apenas as pessoas do entorno, mas foi crescendo cada vez mais e mais. Com o passar do tempo, novos desafios foram aparecendo. Assim o padre Bertolusso foi percebendo a necessidade de assumir parcerias, entre elas a própria Inspetoria São Domingos Sávio.

Em 1989, em uma visita ao Brasil, um casal de italianos conhece o trabalho do padre Bertolusso. De volta à Itália, eles criam uma associação com o único intuito de angariar fundos e doar ao Pró-Menor, para que fosse feito o atendimento de um público ainda maior; reestruturando também as famílias.

Já em Alvorada, o serviço recebe o nome de “Projeto Luigi” em homenagem ao idealizador italiano. Na Itália o Projeto é conhecido como Adoção à Distância. E de fato é exatamente isso. Hoje muitos são os parceiros Italianos. E o serviço atende sessenta crianças com faixa etária de 10 a 13 anos e suas famílias. O que faz o número ‘60’, multiplicar-se até em oito por família. Enquanto estão no projeto os atendidos são assistidos em tudo.

 

A inclusão para o desenvolvimento

Muitas são as histórias e os caminhos das famílias que buscam a assistência do serviço Família Solidária. E o que vale a pena é ver a transformação pela qual tanto as crianças, como as famílias, passam. “A prioridade do projeto é trabalhar o fortalecimento dos vínculos familiares, deste modo, aqueles que nos procuram prezam na maioria das vezes por este resgate”, declara com muito entusiasmo, Jane Vieira, assistente social do serviço.

A realidade de algumas das famílias de Alvorada, em Manaus, não é diferente da que viviam as famílias de Turim do século XIX; e não é diferente da realidade dos grandes centros e metrópoles de hoje. O cenário de algumas continua o mesmo: violência doméstica; drogas; desemprego; carência afetiva, entre outros. As famílias que procuram o Pró-Menor para participar do serviço, selecionadas, recebem apoio desde o material escolar, até remédios, participando também de outras atividades que resgatam não apenas o sorriso no rosto da criança, mas oportunizam a elas a capacidade de desenvolver um sonho, iniciar um projeto de vida.

Atualmente está à frente do projeto o diretor, padre Humberto Ribeiro da Costa, que não apenas representa a presença salesiana, mas se faz extremamente presente. Seu trabalho é feito com a ajuda de muitas pessoas. Pessoas que acreditam nas outras, e que vivem verdadeiramente os ensinamentos de Dom Bosco.

 

Entrevista: Jane Vieira

Ao conversar com Jane Vieira, assistente social do Pró-menor, é nítido o amor que ela tem pela obra. Por ser um trabalho sério, o acompanhamento é constante. Ela visita sempre cada uma das famílias, e faz o acompanhamento da vida escolar das crianças para monitorar as presenças, participação e notas. Além de muitas vezes realizar outras intervenções fora desse período.

 

B.S – Como acontece o acompanhamento dos parceiros da Itália?

Jane- Os italianos acompanham diretamente o projeto, e sempre que vêm ao Brasil, fazem questão de visitar cada uma das famílias. E eu os acompanho. Assim como nós, eles querem testemunhar todo o desenvolvimento das famílias.

 

B.S – Além da assistência socioeducativa e resgate de valores, existe algum auxílio financeira oferecido às famílias?

Jane- Esse tipo de auxílio não existe. Através dos acompanhamentos, podemos diagnosticar algumas dificuldades e fazer alguns encaminhamentos. Todos os meses são compradas vinte cestas básicas, mas é um benefício oferecido para uma situação extrema. Quando temos o conhecimento de famílias que estão passando por dificuldades, além de entregarmos as cestas, encaminhamos os pais para cursos de qualificação profissional e também ao mercado de trabalho. Por isso o benefício não é permanente. Havendo a estabilidade da família, passamos o benefício para outra família que necessite.

 

B.S – O que os assistidos mais gostam no serviço?

Jane - Muitas coisas. Gostam das oficinas. Temos a oficina do saber, oficinas do conhecimento, eles aprendem a fazer sabão, desinfetante, trufas... Mas o que eles gostam muito é de participar das atividades no Oratório no Pró-Menor. E gostam ainda mais das atividades culturais e de lazer. Por exemplo, gostam - e muito - de ir ao cinema. É emocionante lembrar o rosto daqueles que nunca foram ao cinema, e ver a felicidade que é para cada um. Ah! E também ir ao sítio do Pró-Menor, pois é uma atividade que realizamos com as famílias. Então não apenas as crianças e adolescentes, mas seus pais têm a oportunidade de ter um dia diferente. Nesse dia realizamos atividades diversificadas, temos um momento celebrativo; realizamos uma dinâmica com os pais e com os filhos para fortalecimento dos vínculos e é muito gostoso, pois tem pais que, devido ao ritmo de vida, têm muita dificuldade em sentir os filhos. Além de todo o lazer. E depois desse passeio, quando perguntamos às crianças o que elas mais gostaram, uma das primeiras coisas que elas falam é que foram abraçadas pelos pais ou pelas mães.

 

B.S. – Jane, você foi aluna do Pró-Menor?

Jane- Infelizmente não. Mas existem alguns colaboradores que foram alunos. Eu participei do Oratório Festivo, fiz alguns retiros, encontros espirituais e quando comecei no projeto foi como estagiária. Contudo, amo muito o que faço. Se não cuidarmos de nossos adolescentes e jovens hoje, o que teremos no futuro? Não acredito na existência de delinquentes, acredito que a sociedade sem assistência é o que gera delinquentes. Penso como Dom Bosco pensava: “Em todo jovem há um ponto acessível para o bem”. Cabe a nós educadores encontrarmos esse ponto. Quando encontramos, temos esse jovem pelo resto da vida. E o ajudamos a reestruturar também a sua vida. 

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Manaus: Uma nova terra, um novo céu, um novo sonho

Segunda, 05 Mai 2014 20:59 Escrito por  Giceli Marcelino
As missões salesianas começam em Dom Bosco. Nele salesianos e leigos renovam as forças para continuar a sonhar. Todo aluno salesiano conhece a história do Oratório de Valdocco, mas antes de chegar até lá, Dom Bosco teve outros desafios. No entanto, Valdocco e a casa Pinardi foram a efetivação visível do sonho que tivera ainda menino. A cada ano, novas missões são iniciadas, novas terras ganham a esperança e o resgate de Dom Bosco. Em 1981, o mesmo aconteceu em Manaus. Os Salesianos já haviam chegado à capital amazonense, acolhiam crianças, adolescentes e jovens para a formação regular. Mas faltava algo: o acolhimento daqueles que estavam à margem, e não apenas isso, mas um pastor que pudesse reconduzir o rebanho que se formava de volta à capacidade de sonhar. O cenário da época era a busca por um espaço que pudesse ser chamado de lar. E alguém que também pudesse amparar os filhos daquela terra.

O Bom Pastor

Cidade das Palhas: um novo bairro que ia surgindo na periferia de Manaus. A população migratória que chegava de regiões afastadas possuía algumas necessidades: moradia, acolhimento. Assim, em meio às casas de pau a pique, um homem chamado por Deusolhou a necessidade daquele povo e iniciou com recursos limitados a assistência àquelas famílias. Padre Marcelo Bertolusso sonhou como um dia sonhou Dom Bosco. Cidade das Palhas foi o quadro em branco onde o artista iniciou sua obra. Ao apoiar o jovem, famílias eram apoiadas. Aos poucos o trabalho foi ganhando credibilidade.

Os moradores do bairro Cidade das Palhas apostaram no sonho junto com o padre. O Pró-Menor começou a acontecer graças aos esforços dessa união. “O Padre Marcelo era o próprio Dom Bosco. Quem o conheceu sempre dizia que, para encontrá-lo, bastava procurar no meio dos jovens. Dom Bosco dizia que os jovens precisavam saber que eram amados. Com o padre Marcelo eles tinham certeza”, conta o salesiano Washington Luís Paulo Macena, que trabalhou no Pró-Menor como educador antes de ser seminarista, e depois voltou como assistente.

E aconteceu exatamente assim, da enxada à fábrica de gelo, o Pró-Menor começou a acolher crianças, adolescentes, jovens, adultos, famílias. O trabalho do padre Marcelo tornou-se conhecido. Não apenas a comunidade, mas outros parceiros se interessaram pelo projeto.

 

Do resgate à inserção

Bairros em desenvolvimento trazem um quadro bastante grave em relação à vulnerabilidade social. No início da trajetória do Pró-Menor, os jovens estavam bem ali, na antiga Cidade das Palhas. Hoje se encontram em diversos bairros e o atendimento se ampliou. A educação profissional passou a ser não apenas uma saída, mas principalmente um novo raio de esperança ao resgate daqueles que estão à margem, permitindo uma nova oportunidade de sonhar. Hoje, o Pró-menor atende anualmente em média 1.500 pessoas.

Para participar dos cursos, os alunos passam por um processo seletivo a partir de avaliação socioeconômica. Tantos são os jovens e mesmo famílias que querem para seus filhos uma vaga na obra que, quando são abertas as inscrições, filas imensas são formadas.

Um trabalho transparente fortalece a instituição que o promove. Graças a essa transparência o Pró-Menor pode contar com o apoio de alguns parceiros para oferecer diversos cursos profissionalizantes: Auxiliar Administrativo; Assistente Bancário; Informática; Eletricidade; Mecânica Veicular e Mecânica de Motos. Os cursos promovem a formação na categoria de aprendizes, por isso, alguns são encaminhados ao mercado.

Transversalmente ao ensino profissionalizante a obra age em Pastoral, tanto para o fortalecimento do carisma, quanto para imprimir nos atendidos a necessidade de uma convivência na educação para valores. A identidade do trabalho é mantida e os jovens participam desde os momentos celebrativos até as gincanas Marianas. “Nas gincanas, os jovens, mesmo os não católicos, participam com vontade. Não existe esse tipo de preconceito que às vezes encontramos em algumas instituições. No Pró-Menor eles se consideram como salesianos e vivem sem restrições tudo o que a obra propõe, pois sabem que é para o bem deles”, considera o salesiano Luís.

Atividades esportivas, culturais e de lazer também são proporcionados, e delas participam educandos e educadores, o que fortalece ainda mais o espírito de pertença e ambiente familiar. Não é à toa que muitos jovens acabam se voluntariando para auxiliar em outras atividades. Sentem-se tão amados que não querem deixar a obra. “Participar do Pró-Menor foi a razão da minha existência. Tanto como educador e depois como Salesiano. Conviver como os jovens, conhecer suas histórias, faz-nos pensar como somos pequenos e ao mesmo tempo, qual é de fato a importância do nosso trabalho”, conclui Luís.

 

Ver, julgar e agir

No início da história do Pró-Menor os parceiros foram também os assistidos, que, dentro das possibilidades, vendiam sorvetes e algodão-doce para colaborar com o projeto. Nos primeiros anos foi assim, a comunidade se reunia para ajudar no que podia. O projeto acolhia apenas as pessoas do entorno, mas foi crescendo cada vez mais e mais. Com o passar do tempo, novos desafios foram aparecendo. Assim o padre Bertolusso foi percebendo a necessidade de assumir parcerias, entre elas a própria Inspetoria São Domingos Sávio.

Em 1989, em uma visita ao Brasil, um casal de italianos conhece o trabalho do padre Bertolusso. De volta à Itália, eles criam uma associação com o único intuito de angariar fundos e doar ao Pró-Menor, para que fosse feito o atendimento de um público ainda maior; reestruturando também as famílias.

Já em Alvorada, o serviço recebe o nome de “Projeto Luigi” em homenagem ao idealizador italiano. Na Itália o Projeto é conhecido como Adoção à Distância. E de fato é exatamente isso. Hoje muitos são os parceiros Italianos. E o serviço atende sessenta crianças com faixa etária de 10 a 13 anos e suas famílias. O que faz o número ‘60’, multiplicar-se até em oito por família. Enquanto estão no projeto os atendidos são assistidos em tudo.

 

A inclusão para o desenvolvimento

Muitas são as histórias e os caminhos das famílias que buscam a assistência do serviço Família Solidária. E o que vale a pena é ver a transformação pela qual tanto as crianças, como as famílias, passam. “A prioridade do projeto é trabalhar o fortalecimento dos vínculos familiares, deste modo, aqueles que nos procuram prezam na maioria das vezes por este resgate”, declara com muito entusiasmo, Jane Vieira, assistente social do serviço.

A realidade de algumas das famílias de Alvorada, em Manaus, não é diferente da que viviam as famílias de Turim do século XIX; e não é diferente da realidade dos grandes centros e metrópoles de hoje. O cenário de algumas continua o mesmo: violência doméstica; drogas; desemprego; carência afetiva, entre outros. As famílias que procuram o Pró-Menor para participar do serviço, selecionadas, recebem apoio desde o material escolar, até remédios, participando também de outras atividades que resgatam não apenas o sorriso no rosto da criança, mas oportunizam a elas a capacidade de desenvolver um sonho, iniciar um projeto de vida.

Atualmente está à frente do projeto o diretor, padre Humberto Ribeiro da Costa, que não apenas representa a presença salesiana, mas se faz extremamente presente. Seu trabalho é feito com a ajuda de muitas pessoas. Pessoas que acreditam nas outras, e que vivem verdadeiramente os ensinamentos de Dom Bosco.

 

Entrevista: Jane Vieira

Ao conversar com Jane Vieira, assistente social do Pró-menor, é nítido o amor que ela tem pela obra. Por ser um trabalho sério, o acompanhamento é constante. Ela visita sempre cada uma das famílias, e faz o acompanhamento da vida escolar das crianças para monitorar as presenças, participação e notas. Além de muitas vezes realizar outras intervenções fora desse período.

 

B.S – Como acontece o acompanhamento dos parceiros da Itália?

Jane- Os italianos acompanham diretamente o projeto, e sempre que vêm ao Brasil, fazem questão de visitar cada uma das famílias. E eu os acompanho. Assim como nós, eles querem testemunhar todo o desenvolvimento das famílias.

 

B.S – Além da assistência socioeducativa e resgate de valores, existe algum auxílio financeira oferecido às famílias?

Jane- Esse tipo de auxílio não existe. Através dos acompanhamentos, podemos diagnosticar algumas dificuldades e fazer alguns encaminhamentos. Todos os meses são compradas vinte cestas básicas, mas é um benefício oferecido para uma situação extrema. Quando temos o conhecimento de famílias que estão passando por dificuldades, além de entregarmos as cestas, encaminhamos os pais para cursos de qualificação profissional e também ao mercado de trabalho. Por isso o benefício não é permanente. Havendo a estabilidade da família, passamos o benefício para outra família que necessite.

 

B.S – O que os assistidos mais gostam no serviço?

Jane - Muitas coisas. Gostam das oficinas. Temos a oficina do saber, oficinas do conhecimento, eles aprendem a fazer sabão, desinfetante, trufas... Mas o que eles gostam muito é de participar das atividades no Oratório no Pró-Menor. E gostam ainda mais das atividades culturais e de lazer. Por exemplo, gostam - e muito - de ir ao cinema. É emocionante lembrar o rosto daqueles que nunca foram ao cinema, e ver a felicidade que é para cada um. Ah! E também ir ao sítio do Pró-Menor, pois é uma atividade que realizamos com as famílias. Então não apenas as crianças e adolescentes, mas seus pais têm a oportunidade de ter um dia diferente. Nesse dia realizamos atividades diversificadas, temos um momento celebrativo; realizamos uma dinâmica com os pais e com os filhos para fortalecimento dos vínculos e é muito gostoso, pois tem pais que, devido ao ritmo de vida, têm muita dificuldade em sentir os filhos. Além de todo o lazer. E depois desse passeio, quando perguntamos às crianças o que elas mais gostaram, uma das primeiras coisas que elas falam é que foram abraçadas pelos pais ou pelas mães.

 

B.S. – Jane, você foi aluna do Pró-Menor?

Jane- Infelizmente não. Mas existem alguns colaboradores que foram alunos. Eu participei do Oratório Festivo, fiz alguns retiros, encontros espirituais e quando comecei no projeto foi como estagiária. Contudo, amo muito o que faço. Se não cuidarmos de nossos adolescentes e jovens hoje, o que teremos no futuro? Não acredito na existência de delinquentes, acredito que a sociedade sem assistência é o que gera delinquentes. Penso como Dom Bosco pensava: “Em todo jovem há um ponto acessível para o bem”. Cabe a nós educadores encontrarmos esse ponto. Quando encontramos, temos esse jovem pelo resto da vida. E o ajudamos a reestruturar também a sua vida. 

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