Foi em Mornese, no norte da Itália, que no dia 9 de maio de 1837, nasceu Maria Domingas Mazzarello, filha de José Mazzarello e de Maria Madalena Calcagno. Foi a primeira de 10 filhos. Cresceu em uma família imersa em uma rede de relações positivas, tecidas num ambiente familiar rico de amor humano, fé, diálogo sincero e respeitoso. Descobriu através da experiência cotidiana o elemento religioso como parte integrante da vida individual e coletiva. Por ser a mais velha, sempre colaborou na educação e cuidado da casa.
Com o passar do tempo, as virtudes cristãs iam crescendo no coração da pequena “Maín”, assim era conhecida pelos seus familiares e amigos. Desde sua infância, ela possuía uma sensibilidade concreta e inteligente em relação a Deus. Revela isso a sua conhecida pergunta, feita ao pai: “O que é que Deus fazia, antes de criar o mundo?”. E o pai lhe respondeu: “Conhecia a si mesmo, amava a si mesmo e era feliz em si mesmo”. Maín sempre foi extrovertida, alegre, comunicativa, brincalhona e procurava estar de bem com todos.
Desde cedo ajudava seu pai no trabalho dos vinhedos. Notava-se nela forte caráter, espírito de liderança e a capacidade de ter pessoas sempre ao seu redor. Para Maín, a paróquia foi lugar de formação e de crescimento pessoal e apostólico. A partir de 1853, passou a frequentar a Pia União da Imaculada, organizada por sua amiga Ângela Maccagno, juntamente com outras jovens da comunidade. Tinha a finalidade de consagrar sua vida a Deus, cultivando a modéstia, a amabilidade e a paciência.
Na sua vida resplandeceu com clareza e dinamismo a fidelidade à vocação batismal, fecundada pela ação do Espírito Santo. Isso não significa que sua caminhada tenha sido isenta de paradas, cansaços, dúvidas e medos.
Em 1860, o tifo abateu a região de Mornese. A família de seu tio foi uma das primeiras a contrair a doença. A convite de Pe. Pestarino, Maria foi ajudá-los mesmo sabendo que poderia adoecer, o que realmente aconteceu. Mazzarello vê o rumo de sua vida mudar quando contrai o tifo. Foi um recomeço, numa estrada nova, não uma simples mudança de atividade. Foi realmente uma tomada de consciência na qual “algo” fecundo amadureceu. As provações e as dificuldades conduziram-na a aceitar das mãos de Jesus e Maria uma nova entrega de vid. A vida de Maria, portanto, foi fecundada pelo Espírito e progressivamente transformada.
Certa vez, ao caminhar pela colina de Borgo Alto, viu um edifício com muitas meninas correndo, brincando num grande pátio interno e ouviu nitidamente estas palavras: “A ti as confio!” Não podendo mais trabalhar no campo, decidiu aprender a costurar para ensinar as jovens da sua pequena cidade uma profissão, mas, sobretudo a amar o Senhor. Com a amiga Petronilla, abriu uma sala de costura para ensinar o ofício para as meninas pobres. Dizia sempre às meninas: “Cada ponto seja um ato de amor a Deus”. Logo, as famílias começaram a mandar-lhe as filhas e as aulas de costura tornaram-se aulas de treinamento na virtude. A oficina passou a ser um novo lar para as várias meninas, que viam em Maria sua segunda mãe. Com o passar do tempo, todos os domingos, após a missa, na praça da igreja, outras crianças se uniam a Maria e a Petronilla, para brincar e se divertir.
Em 1864, Dom Bosco chegou a Mornese com seus meninos e todos queriam vê-lo e ouvi-lo. Antes de partir, Dom Bosco falou com as Filhas de Maria Imaculada e ficou conhecendo a iniciativa de Maria e Petronilla. Durante esta visita Maria Mazzarello reconheceu a santidade de Dom Bosco e afirmou: “Dom Bosco é um santo, eu o sinto”.
Fundação do Instituto das FMA
Os anos passaram e no dia 5 de agosto de 1872, Dom Bosco fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Maria Mazzarello com mais 10 irmãs fazem sua entrega ao Senhor. Como Filha de Maria Auxiliadora foi logo eleita a primeira superiora. Madre Mazzarello escrevia cartas para cada uma das irmãs, e fazia chegar até elas o seu carinho materno e particular.
Maria Mazzarello fez da sabedoria a sua “forma de vida”, ela abriu espaço para esse dom que fez dela uma mulher sábia e prudente, mãe e educadora da primeira comunidade de Mornese. A sabedoria de Madre Mazzarello se alimenta da Eucaristia. Em Mornese tudo atesta isso: a janelinha da Valponasca, a igreja paroquial, a capela do colégio, os vinhedos, os campos: tudo tem sabor de Eucaristia. Madre Mazzarello também viveu sempre na presença de Nossa Senhora e sob sua sábia direção, e foi na escola de Maria que Mazzarello cresceu em santidade e sabedoria. Olhando a vida de Mazzarello é fácil encontrar nela essas características. Ela soube realizar aquilo que ensinou às suas filhas: ser verdadeiras imagens de Maria.
Madre Mazzarello faleceu no dia 14 de maio de 1881. Teve uma vida breve, 44 anos, mas foi uma chama de amor contagiante. Suas filhas continuaram alimentando esse trabalho em todos os continentes, fiéis aos ideais de Dom Bosco e de Madre Mazzarello. Seu itinerário de luz e sombras como de todo ser humano, chega ao ápice da santidade reconhecida pela Igreja, mediante sua canonização no dia 24 de junho de 1951, pelo papa Pio XII.
Maria Leonora Ferreira Lima e Etiene de Lima Oliveirasão noviças FMA, pertencentes à Inspetoria Maria Auxiliadora – Nordeste. O artigo integral foi originalmente publicado no blog Santidade Salesiana:
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