A alegria é um dos traços típicos do carisma salesiano. Como recebeu a Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium?”
A alegria a que se refere o Papa remete à alegria da Boa Nova, à de Deus, que se faz frágil como nós; antes, uma criança. Trata-se da manifestação suprema do amor de Deus que desce à terra para ser uma pessoa como nós e, assim, elevar-nos à dignidade de filhos Seus. Só Deus podia pensar em uma reviravolta tão radical da mentalidade humana. Eis porque não podemos deixar de evangelizar; porque devemos sentir em nós a urgência apostólica de comunicar a outros, especialmente aos jovens, a alegria e a beleza da fé que vem dar sentido, esperança e futuro à nossa vida e ao nosso empenho em colaborar na construção de um mundo melhor para todos. Especialmente para os mais pobres, excluídos, marginalizados.
O que mais o impressionou nesse texto?
É um documento excepcional, entregue não por acaso no fim do Ano da Fé, desejado por Bento XVI para recordar o Concílio que providencialmente renovou a Igreja. Nasce do coração de Francisco, Bispo de Roma, fruto de uma experiência pastoral na linha da frente e de sua prolongada meditação sobre a urgência de anunciar o Evangelho ao mundo de hoje.
Em perfeita sintonia com os conteúdos de suas falas e com o seu estilo muito pessoal, o Papa Francisco afirma não ter a intenção de escrever um tratado teórico, mas sim de mostrar a importante incidência prática dos assuntos tocados pelo texto. A finalidade é muito precisa: ajudar a delinear um determinado estilo evangelizador e a assumi-lo em cada atividade que se faça.
Em grande sintonia com a incomparável Exortação “Evangelii Nuntiandi”, de Paulo VI, evocada pelo mesmo título, e, quem sabe, deixando falar também o coração, o novo texto é uma ‘Carta Magna’ para a Igreja de hoje, com um sentido programático e de consequências fundamentais. Porque não é possível deixar as coisas como estão, sendo necessário à Igreja constituir-se em um estado permanente de conversão e de missão.
E à Congregação Salesiana, especificamente, o que comunica a “Evangelii Gaudium”?
Penso que esta Exortação Apostólica do Papa Francisco nos ponha em clima de Capítulo Geral, o qual será, necessária e providencialmente, iluminado por esse texto programático. Dá-nos uma visão de como deve ser a Igreja: sem medo do mundo moderno, em busca de novas formas de pregar o Evangelho, mais missionária, mais misericordiosa, mais corajosa para fazer todas as mudanças necessárias.
Uma Igreja que supere o medo de sair das próprias estruturas e de perder as suas falsas seguranças: elas no fundo nos tornam mais rígidos, nos tornam evangelizadores menos eficazes. Uma Igreja que saiba denunciar um modelo econômico que está fazendo do dinheiro um ídolo, engendrando exclusão social, criando uma cultura do descarte e da indiferença. Uma Igreja, pois, que tenha uma predileção especial pelos pobres e um empenho decidido pela justiça social e pela paz.
Permito-me neste momento pedir a todos que leiam, estudem e façam conhecer esta Exortação, fazendo-a objeto de oração, deixando que acalente o coração e, sobretudo, que nos reponha em marcha cheios de alegria, para levar essa mensagem tão alegre aos jovens.
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