Desde o ano de 2009 os acadêmicos dessa instituição de ensino visitam as missões indígenas Xavante e Bororo, de Sangradouro e Meruri, com o objetivo de prestar assistência básica à saúde, coletar dados por meio de visitas domiciliares e promover ações de medicina preventiva.
Comprometimento e financiamento
Na edição deste ano 2023/2024 o PAAPI reuniu 34 acadêmicos do primeiro ao terceiro ano de Medicina, acompanhados de médicos e professores.
O projeto é independente e financiado pelos próprios alunos por meio de promoções e eventos durante todo o ano que antecede a viagem.
O sucesso do projeto se deve muito à dedicação dos acadêmicos, motivados por uma experiência missionária transformadora, como eles próprios relatam ano após ano, ao retornarem das missões indígenas.
Neste ano, não foi diferente. Até as dificuldades e questionamentos enfrentados durante o processo se transformaram em motivação pessoal para validar a experiência.
Gesto de carinho e propósito maior
De acordo com os coordenadores da edição deste ano, o PAAPI é mais que um projeto social, mas um gesto de carinho. “Cada atendimento, cada brincadeira, cada simples conversa são formas de expressar nossa preocupação com o povo xavante. Nossas ações giram em torno do propósito maior que é fazer o bem”, explicaram os acadêmicos.
Para participar do PAAPI não se exige nenhuma prática religiosa, o que não impede que os futuros médicos vivam uma experiência mística através do trabalho. “Fui apresentada a sentimentos de amor e felicidade que jamais tinha visto...” afirmou a acadêmica Nayara Dias.
Desafios e lições
Os jovens testemunham que uma das experiências mais fortes vividas entre os povos originários é a superação do conflito interior que surge ao perceber a própria limitação diante das carências das pessoas atendidas:
“Um dos grandes desafios da nossa jornada é aprender a lidar com a impermanência, com as incertezas, com as dúvidas e com tantos medos. Dias tristes vieram. Sentimentos de angústia por não conseguirmos oferecer o mínimo que esse povo tem direito”, revelou Nayara, depois dos 10 dias passados em Sangradouro.
Impacto nas comunidades atendidas
O impacto da participação desses acadêmicos missionários por 10 dias entre os povos originários também é intenso. Os salesianos revelam que os jovens permanecem na lembrança de cada uma das pessoas atendidas, especialmente das crianças:
“Durante esses anos que tive a oportunidade de estar juntos a esses jovens, uma das coisas que não posso deixar de destacar é que, além dos remédios e atendimentos de saúde corporal, o povo xavante recebeu um bem espiritual muito maior, pois perceberam que ainda há muita gente que pensa neles, que se preocupa com eles”, destaca o padre Joseph Tran Van Lich.
A lição que se leva é proporcional àquela deixada entre os povos originários, seja xavante ou bororo. “O PAAPI nos coloca frente à uma realidade em que se torna indissociável a pessoa de sua cultura e seu ambiente. Mesmo que muitos costumes e tradições sejam novos para nós, é um privilégio poder apreciar a estima de cada indivíduo pelo seu povo e seus valores. Sou grata por cada momento partilhado e prestigio todos que conheci nessa jornada”, avalia a coordenadora do PAAPI 2023, Mariana Amigo.
Fonte: Euclides Fernandes - Missão Salesiana de Mato Grosso