Na reflexão sobre a importância da presença nos espaços de garantia de direitos, reafirmamos e resgatamos nossa identidade salesiana e o nosso compromisso como cidadãos, como cristãos e como educadores sociais para relembrar a participação de Dom Bosco na política, visando o bem de crianças, adolescentes, jovens e famílias.
Presença salesiana
A “presença” requer a participação efetiva, atualização constante no que se refere à conjuntura atual, representação e representatividade nos espaços de debate para construção e deliberação das políticas públicas, o que fortalece a construção coletiva e democrática, favorecendo e possibilitando, nesse processo, a nossa contribuição no que se refere à salesianidade, que pode impactar diretamente na vida dos nossos educandos no aspecto técnico, administrativo, orçamentário, financeiro e político.
Partindo do pressuposto de que somos também educadores sociais e almejamos, como meta, o crescimento dos nossos educandos, como bons cristãos e honestos cidadãos, podemos ressaltar como ponto de partida a nossa identidade salesiana, que traz a importância da presença educativa e o fato de sermos exemplo para os nossos educandos no processo educativo, neste caso, no campo da participação política.
Importante ressaltar que a sensibilidade e o fortalecimento do processo democrático e participativo com nossos educadores e educandos podem gerar ações sociais efetivas, fortalecendo o carisma salesiano no citado “campo”. A sensibilização no “Bom dia”, “Boa tarde”, “Boa noite” e nos outros momentos de formação traz a reflexão da conjuntura atual e de seus desafios, e poderá traçar caminhos no processo educativo para percepção e análise da realidade, com ações sociais concretas que beneficiem a sociedade e os espaços onde vivem.
A exemplo de Dom Bosco
A caminhada de Dom Bosco e sua participação política e na política, pelo bem e em favor dos jovens, pode demonstrar a importância da nossa presença efetiva nesses espaços de garantia de direitos.
Se ampliarmos nosso olhar para a construção das políticas públicas, avançando para aquelas voltadas às famílias, trazemos também a reflexão sobre o benefício dessa política e seu impacto na vida dos nossos educandos. É claro que sempre ampliando nosso olhar para crianças, adolescentes, jovens, família, povos originários, povos tradicionais, pessoas com deficiência, idosos, dentre outros.
Esse percurso para uma “presença” efetiva é um grande desafio, e requer um processo gradual de aprendizado e atualização de informações para qualificação do debate. Trata-se de uma caminhada que, muitas vezes, pode se concretizar a longo prazo para aprofundamento do debate e deliberação.
É importante lançarmos um olhar para a reflexão e o debate das políticas públicas como um caminho para o bem dos nossos educandos e famílias, e ressignificar a visão de serem espaços sem efetividade e\ou de pouca importância.
Conquistas e desafios
Tivemos muitas conquistas por meio da participação nos espaços de debate e deliberação das políticas públicas.
Essa participação, em alguns momentos, se torna invisível, mas trata-se de uma ação coletiva de grupos em seus diversos segmentos e coletivos, e inúmeras organizações sociais.
As experiências demonstram que as possibilidades de conquistas se reduzem quando são voltadas para interesses institucionais ou demandas individuais.
Podemos afirmar que a força política se torna maior quando parte de ações coletivas, o que amplia a representatividade. A exemplo dos fóruns, movimentos e conferências. É claro que são espaços de pautas dialogadas e consensuadas, sendo necessárias, em muitos momentos, a retomada e reconstrução das nossas propostas e demandas.
Nós, como educadores e entidades de grande repercussão, em âmbito nacional, estadual e municipal, no campo técnico, administrativo, financeiro, político e educativo, podemos almejar da nossa juventude uma futura militância, atuação política e uma perspectiva de termos cidadãos conscientes que impactam na construção de políticas públicas e na vida de nossos jovens.
É importante ressaltar que a realidade em que vivem nossos educandos aponta as demandas regionalizadas do seu entorno, que podem contribuir para o debate nesses espaços.
A participação da Ação Social da Rede Salesiana Brasil na política, com representações das Inspetorias nos Conselhos, Fóruns e Movimentos Municipais, Estaduais e Nacional, principalmente dos Direitos da Criança e do Adolescente e de Assistência Social, nos permite avaliar que nossos planejamentos preveem, dentro de nossa identidade, essa importância e o seu reflexo na vida dos nossos educandos.
Carlos Nambu é conselheiro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e membro da Ação Social da Rede Salesiana Brasil.