Desde 2010, todos os anos o Instituto Maria Auxiliadora (IMA) de Rio do Sul, SC, realiza a Semana da Cidadania com os alunos do Ensino Médio e 9º ano do Ensino Fundamental. O que começou como uma semana de atividades, na verdade hoje é um projeto bem mais extenso, que se estende por praticamente todo um trimestre do ano letivo. “Inicialmente, na semana do feriado de Corpus Christi, realizávamos uma série de três dias de palestras ou oficinas em cima do tema da Campanha da Fraternidade (CF)”, conta Isolene Lehmkuhl, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
Os precursores foram a professora Juliana Fronza (Redação), o professor Paulo Cesar Wolf (Sociologia) e a irmã Márcia Koffermann, FMA. Mas, atualmente, ele é abraçado por professores de outras áreas, pela Pastoral do colégio e pela coordenação pedagógica. “Hoje temos uma ‘Pré-semana da Cidadania’ com participação de todos os professores da área de Humanas, para preparar as reflexões do ciclo de palestras. Os assuntos também não são apenas relacionados à CF, mas escolhidos de acordo com as necessidades dos alunos e da escola”, completa Isolene.
Temas da atualidade
Na escolha dos temas está a primeira característica que coloca a Semana da Cidadania como um projeto de Educomunicação, como afirma o coordenador de Pastoral do colégio, Robson dos Santos da Silva: “A Educomunicação também se caracteriza por trazer para a esfera da educação aquilo que está em evidência nas redes sociais e na comunicação em geral. No ano passado, tratamos da questão partidária e do conflito entre ‘direita’ e ‘esquerda’. Outro assunto debatido foi o racismo, a partir do tema ‘Vidas negras importam’. Já este ano, trouxemos a questão da saúde mental e emocional, que está muito em evidência nas mídias”.
Os temas escolhidos para o projeto em 2021 foram a superação da depressão, a superação da dependência da tecnologia e o desenvolvimento da empatia, três assuntos que ganharam destaque como problemas relacionados à pandemia da Covid-19 e ao distanciamento social. Na “Pré-semana”, a escola promoveu um Café Filosófico para que estudantes e educadores pudessem refletir sobre as temáticas e, na Semana da Cidadania propriamente, foram convidados especialistas externos para as palestras – realizadas nas modalidades presencial e on-line. Todos os palestrantes, este ano e nos anteriores, participam de forma voluntária, doando seu tempo e compartilhando os conhecimentos com a comunidade escolar.
Depois do ciclo de palestras, é feita uma ação concreta que reflita o aprendizado. Em algumas edições, os alunos do Ensino Médio promoveram oficinas sobre os temas estudados com alunos de outras séries. Em outras, foram realizadas ações de solidariedade ou mobilizações nas redes sociais. Este ano, o desafio foi uma produção artística, individual ou em grupo, para uma exposição.
Concurso de Oratória
Desde o início, o projeto conta também com uma terceira fase, que é o Concurso de Oratória. A partir dos temas das palestras, os estudantes escrevem redações, os textos são corrigidos e estudados, os jovens recebem todas as orientações de como fazer uma oratória e depois se apresentam em público. “É um grande desafio para eles, mas é visível como isso contribui para desenvolver a oralidade, a capacidade de exporem seus conhecimentos. Isso tem repercussão depois, na faculdade e na vida profissional”, ressalta Isolene.
Assim, a Semana da Cidadania trabalha com a Educomunicação em várias etapas, como observa Robson: “Acredito que, quando temos um projeto como este, em que os alunos conseguem passar suas ideias para os outros, seja pela oratória, pelas produções artísticas e textuais, pelas redes sociais etc., ele se torna um projeto de educação pela comunicação”, considera o coordenador de Pastoral.
“É um projeto que vem crescendo muito e tendo cada vez maior adesão e envolvimento dos professores e dos alunos. São diferentes linguagens e formas de comunicação que são usadas para promover a formação do sujeito crítico e a consciência cidadã dos estudantes”, conclui Isolene.
