No início de sua vida sacerdotal, Dom Bosco acompanhava o padre José Cafasso, seu diretor e confessor, nas visitas aos prisioneiros de Turim, muitos deles jovens que careciam apenas de oportunidades dignas e bons exemplos para se espelharem. Diante desta realidade e acreditando que “em todo jovem, mesmo no mais rebelde, há sempre um ponto acessível ao bem”, nasceu o Sistema Preventivo Salesiano, uma fórmula utilizada até hoje em todas as casas salesianas do mundo que baseia a educação em três pilares: razão, religião e amorevolezza (pode ser entendida como amor ou bondade).
Dando continuidade ao trabalho de Dom Bosco, a Rede Salesiana Brasil de Ação Social (RSB-Social) conta atualmente com 21 obras que acolhem jovens em medidas socioeducativas e lhes proporcionam transformação de vida através de programas de aprendizagem, inserção no mercado de trabalho e contínuo acompanhamento. Exemplo disso é Paloma Cavalcanti, 27 anos que, aos 16, passou pelo processo de medida socioeducativa por tráfico de entorpecentes e foi acolhida pelo Centro Salesiano de São Paulo, capital.
“Eu sempre fui uma adolescente com problemas familiares, digamos, um tanto revoltada com as situações que a vida me causava. Por várias vezes, mesmo sendo obrigatório cumprir a medida, eu pensava em desistir, porém tinha um detalhe que não me permitia: o acolhimento com amor. No início, tudo o que queria era cumprir logo e me livrar daquelas pessoas desconhecidas. Havia cometido um ato infracional, teria que pagar por ele, mas não queria compartilhar meus momentos naquele lugar. O tempo foi passando e, ao longo de três meses, eu já estava muito envolvida com tudo. Sim, eles conseguiram quebrar o gelo que havia em meu coração. Passei a amar o lugar, as pessoas, e tinha uma comida maravilhosa [...] foi tão magico, com pessoas alegres e que me faziam esquecer o que eu havia feito. Nenhum julgamento ou dedos apontados”.
Além do acolhimento na obra social salesiana, Paloma também aproveitou a oportunidade de capacitação que lhe foi oferecida e transformou sua vida: “Abriram vagas para um curso de manicure, e eu não perdi a oportunidade. Me formei há 10 anos, trabalho na área há 7 anos, e é dessa profissão que tiro o sustento da minha família. Hoje, com 27 anos, mãe de duas crianças lindas e gestante, consigo sustentar minha família através dessa profissão que aprendi durante o cumprimento de medida socioeducativa. Com tudo isso, nunca mais procurei formas ilegais de me sustentar e venci o vício das drogas. Acreditei na adolescência que eu não era ninguém, e que nunca seria, pois cresci sem meus pais, criada de um lar para o outro e, somente depois que conheci o Centro Salesiano, eu consegui encontrar um rumo para minha vida. Hoje, ao dizer que fui menor infratora, dizem que minto. Normal, pois minhas atitudes não condizem com meu passado e me orgulho da mulher que me tornei”.
Assim como a Paloma, através da generosidade dos doadores e doadoras do movimento União Pela Vida (UPV), a RSB-Social consegue alcançar mais de 84 mil crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade em todo o território nacional. Acesse upv.org.br e saiba como se juntar a este vasto movimento em favor da juventude.
* Com dados fornecidos pelo Serviço de Assessoria Social (SAS).