Uganda: a Covid-19 roubou dos refugiados o pouco que tinham

Quinta, 08 Outubro 2020 13:44 Escrito por  Agência Info Salesiana
“Meus filhos estão passando fome. Eles não comeram nada nos últimos três dias. E vão morrer se eu não conseguir um pouco de comida”, afirma desesperada Adol Majok, mulher de 38 anos, viúva e mãe de cinco filhos.

 

Majok vive no campo de refugiados de Palabek, onde também estão os salesianos. Chegou há três anos, depois que o marido foi morto num conflito em Pajok, no sul do Sudão.

Chegando a Palabek apenas com as roupas do corpo, por uns poucos meses Majok conseguiu sustentar sua família vendendo produtos de chá. Sua vida, porém, mudou mais uma vez quando o governo anunciou a confirmação do primeiro caso de coronavírus no país. “Meu sofrimento recomeçou; precisei fechar meu negócio e começou a faltar comida para mim e meus filhos. Agora dependo de ajuda”.

Deng Ajiing é outra refugiada acolhida em Palabek. Chegou em 2017 com seu filho pequeno: ela também vítima dos confrontos em Pajok, onde seu marido foi morto e sua filha estuprada e assassinada por soldados em sua presença. Deng conseguiu superar o trauma, mas a pandemia fez com que sua situação piorasse novamente. “As coisas estão indo muito mal. Quis morrer para me juntar a meu marido e minha filha. Agradeço às pessoas que me ofereceram comida e apoio emocional durante esta fase”, diz.

Majok e Deng estão entre os cerca de 46 mil refugiados, principalmente sudaneses do sul, acolhidos em Palabek, campo que abriga uma pequena parte dos mais de 1,4 milhões de refugiados atualmente presentes em Uganda. Pessoas que passam fome com a pandemia, devido à interrupção dos auxílios, perda de renda e aumento nos preços dos alimentos.

Os Salesianos de Palabek procuram ajudar os necessitados distribuindo alimentos, roupa e outros bens fundamentais, além de prestar apoio psicológico.

“Precisamos pensar nos refugiados: eles estão entre os grupos mais vulneráveis,  ​​e a Covid-19 roubou deles o pouco que tinham, conta o diretor da missão salesiana do acampamento, o salesiano indiano padre Lazar Arasu. Eles sofrem porque são os mais atingidos pela pandemia. As porções de alimentos precisaram ser reduzidas devido ao isolamento. Mas estamos fazendo de tudo para ajudá-los neste momento difícil”.

Os salesianos também estão distribuindo sementes certificadas, fertilizantes e apoio agrícola aos refugiados, para ajudá-los a se sustentar. “Aos poucos, estamos encontrando soluções para que os refugiados possam se tornar autossuficientes. Com este objetivo, até alugamos terras vizinhas em Uganda para eles”, diz ainda.

O catequista Peter Jok – ele também refugiado do Sudão do Sul – está comprometido com a distribuição de máscaras, sabão, desinfetantes, para prevenir contágios. “Estamos todos preocupados;,não queremos que nenhum refugiado contraia o vírus aqui: seria devastador. Procuramos incentivá-los a manter o distanciamento social e respeitar as diretrizes governamentais de combate ao vírus”, explica.

O padre Arasu observa também que as dificuldades provocadas pela pandemia podem agravar ainda mais as condições de saúde mental dos refugiados. Por isso, os salesianos também oferecem informação, aconselhamento e apoio psicossocial e espiritual aos refugiados vulneráveis ​​do acampamento. “Os refugiados precisam constantemente de nosso apoio e orações. Eles já passaram por muitas situações difíceis. Oferecemos assistência pastoral e acompanhamento psicológico para que se sintam amados”, conclui o padre Arasu.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) prevê – caso não sejam tomadas medidas urgentes para resolver a situação – uma grave deterioração na nutrição e saúde da população refugiada, especialmente das crianças.


Fonte: Agência Info Salesiana

 

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Uganda: a Covid-19 roubou dos refugiados o pouco que tinham

Quinta, 08 Outubro 2020 13:44 Escrito por  Agência Info Salesiana
“Meus filhos estão passando fome. Eles não comeram nada nos últimos três dias. E vão morrer se eu não conseguir um pouco de comida”, afirma desesperada Adol Majok, mulher de 38 anos, viúva e mãe de cinco filhos.

 

Majok vive no campo de refugiados de Palabek, onde também estão os salesianos. Chegou há três anos, depois que o marido foi morto num conflito em Pajok, no sul do Sudão.

Chegando a Palabek apenas com as roupas do corpo, por uns poucos meses Majok conseguiu sustentar sua família vendendo produtos de chá. Sua vida, porém, mudou mais uma vez quando o governo anunciou a confirmação do primeiro caso de coronavírus no país. “Meu sofrimento recomeçou; precisei fechar meu negócio e começou a faltar comida para mim e meus filhos. Agora dependo de ajuda”.

Deng Ajiing é outra refugiada acolhida em Palabek. Chegou em 2017 com seu filho pequeno: ela também vítima dos confrontos em Pajok, onde seu marido foi morto e sua filha estuprada e assassinada por soldados em sua presença. Deng conseguiu superar o trauma, mas a pandemia fez com que sua situação piorasse novamente. “As coisas estão indo muito mal. Quis morrer para me juntar a meu marido e minha filha. Agradeço às pessoas que me ofereceram comida e apoio emocional durante esta fase”, diz.

Majok e Deng estão entre os cerca de 46 mil refugiados, principalmente sudaneses do sul, acolhidos em Palabek, campo que abriga uma pequena parte dos mais de 1,4 milhões de refugiados atualmente presentes em Uganda. Pessoas que passam fome com a pandemia, devido à interrupção dos auxílios, perda de renda e aumento nos preços dos alimentos.

Os Salesianos de Palabek procuram ajudar os necessitados distribuindo alimentos, roupa e outros bens fundamentais, além de prestar apoio psicológico.

“Precisamos pensar nos refugiados: eles estão entre os grupos mais vulneráveis,  ​​e a Covid-19 roubou deles o pouco que tinham, conta o diretor da missão salesiana do acampamento, o salesiano indiano padre Lazar Arasu. Eles sofrem porque são os mais atingidos pela pandemia. As porções de alimentos precisaram ser reduzidas devido ao isolamento. Mas estamos fazendo de tudo para ajudá-los neste momento difícil”.

Os salesianos também estão distribuindo sementes certificadas, fertilizantes e apoio agrícola aos refugiados, para ajudá-los a se sustentar. “Aos poucos, estamos encontrando soluções para que os refugiados possam se tornar autossuficientes. Com este objetivo, até alugamos terras vizinhas em Uganda para eles”, diz ainda.

O catequista Peter Jok – ele também refugiado do Sudão do Sul – está comprometido com a distribuição de máscaras, sabão, desinfetantes, para prevenir contágios. “Estamos todos preocupados;,não queremos que nenhum refugiado contraia o vírus aqui: seria devastador. Procuramos incentivá-los a manter o distanciamento social e respeitar as diretrizes governamentais de combate ao vírus”, explica.

O padre Arasu observa também que as dificuldades provocadas pela pandemia podem agravar ainda mais as condições de saúde mental dos refugiados. Por isso, os salesianos também oferecem informação, aconselhamento e apoio psicossocial e espiritual aos refugiados vulneráveis ​​do acampamento. “Os refugiados precisam constantemente de nosso apoio e orações. Eles já passaram por muitas situações difíceis. Oferecemos assistência pastoral e acompanhamento psicológico para que se sintam amados”, conclui o padre Arasu.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) prevê – caso não sejam tomadas medidas urgentes para resolver a situação – uma grave deterioração na nutrição e saúde da população refugiada, especialmente das crianças.


Fonte: Agência Info Salesiana

 

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