André Luiz Mattner Neuhaus, 28 anos, concluiu os estudos teológicos no Ratisbonne Monastery, em Jerusalém, neste ano. Ele faz parte de uma nova geração de salesianos que chega à fase final do processo formativo.
A experiência de formação longe do Brasil é apontada pelo novo sacerdote como marcante para fortalecer a caminhada vocacional. “Lá foi possível conhecer um pouco mais de como a Congregação é rica, tão bem espalhada pelo mundo, tão rica de diferentes vocações e de uma diversidade muito grande, então, existem muitas maneiras de viver o estilo salesiano em muitas culturas. Na África se vive de uma maneira, na Ásia e Europa de outra e cada uma dessas culturas ajuda a crescer esse grande trabalho que a congregação tem entre os jovens de todo o mundo”, afirmou André.
Sobre a descoberta vocacional, André é um exemplo de que os valores religiosos cultivados na família são decisivos para que o jovem abrace a fé e ouça o chamado de Deus. “A minha história vocacional é extraordinariamente ordinária. Acho que não teve aquele grande momento, aquela grande conversão, mas teve um longo processo de discernimento. Coisas do dia a dia, com o auxílio de pessoas que sempre estiveram ali para me apoiar e eu acabei descobrindo essa vocação religiosa e sacerdotal”, reconhece.
O primeiro trabalho que o padre André vai assumir deve ser na Universidade Pontifícia Salesiana, em Roma. Ele fará o caminho inverso dos missionários salesianos que vieram da Itália para trabalhar na América do Sul. “Como a Congregação é muito grande, dinâmica, existem diferentes tendências na história dela. Nossa inspetoria foi fundada por missionários. Até hoje os missionários têm um empenho muito grande. Eles estabeleceram os salesianos aqui no nosso estado. Hoje, como uma inspetoria bem estabelecida, ela também está na hora de dar frutos e cooperar com a Congregação, no geral...Eu, particularmente, não me considero missionário, no sentido estrito da palavra. Eu acho que vou prestar um serviço e fico muito contente de fazer esse trabalho que pode durar muito tempo, mas, mesmo assim, é temporário. Então, eu vou contente, mas no dia que eu tiver que voltar, eu também volto muito contente porque a esta inspetoria eu pertenço e tenho por ela muito afeto e carinho”, declara.
André reconhece que viver o sacerdócio neste século é um desafio, talvez maior que me outros tempos, devido ao secularismo instalado em toda a sociedade. No entanto, aponta o chamado vocacional como um grande atrativo para viver a profundidade do cristianismo. “O sacerdócio e a vida religiosa são uma proposta muito radical. É a forma mais extrema de se viver a fé cristã. Então alguns valores que as pessoas têm na vida como conforto, estabilidade, acúmulo, seja lá do que for, não é possível vivê-lo na vida religiosa. Isso de um lado assusta, mas, ao mesmo tempo, essa radicalidade, eu diria, que é a atração dela. O que atrai à vida religiosa, ao sacerdócio, é realmente esse modo mais profundo de se viver a fé cristã e, graças a Deus, estamos recebendo ainda muitas vocações”, avalia o jovem salesiano.
Para o lema sacerdotal André escolheu um trecho do Evangelho de São João. “O meu lema sacerdotal vem de Jo 13, é um pouco longo: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. Então, esse é o começo do evangelho, no dia da instituição da Eucaristia, no dia que celebra a missão dos padres. Esse lema há muito tempo me acompanha. A questão do amor como a questão mais importante do sacerdócio e da vida religiosa. É essa a principal missão: amar os seus, amar todo mundo, os que estão no mundo, não estão fora do mundo, estão aí na nossa realidade e… a até o fim. Então, não é algo superficial, não é algo de momento, não só um “querer bem” ou só de “gostar”, é uma entrega total que, de alguma forma, o sacerdote se assemelha com o sacrifício do próprio Cristo”, explica.
A ordenação sacerdotal de um jovem como André é um momento de grande fertilidade vocacional. O exemplo é o que atrai outros jovens a seguirem o mesmo caminho. Por isso, André deixa uma mensagem. “A minha mensagem para os jovens e também para aqueles que não são tão jovens e também estão nesse belíssimo caminho é que vale a pena. Nesses quase 13 anos de formação, de caminhada vocacional, eu me sinto muito feliz, me sinto muito realizado. Acredito que é um caminho que, é claro, tem as suas dificuldades, mas as consolações divinas são muito maiores. Sigam em frente, não tenham medo de seguir esse estilo de vida que eu tenho certeza que os fará muito felizes’, finaliza.
Fonte: Missão Salesiana de Mato Grosso