Nota de falecimento: padre Bruno Sechi

Quinta, 04 Junho 2020 15:38 Escrito por  José Ivanildo de Melo – Inspetoria São Domingos Sávio
Faleceu no dia 29 de maio, aos 80 anos de idade, vítima da Covid-19, o padre Bruno Sechi.


Filho de Francesco Giuseppe Sechi e Maria Antônia Murta, padre Bruno nasceu na cidade de Santu Lussurgiu, Itália, e há 56 anos morava no Brasil.

Padre Bruno ingressou no Instituto Salesiano de Santu Lussurgiu, pertencente à Inspetoria Romana, aos 11 anos de idade, em outubro de 1950. Fez o noviciado salesiano de 1956 a 1957 em Lanúvio, Roma. Na mesma cidade emitiu a primeira profissão religiosa em agosto de 1957. Estudou Filosofia na comunidade de São Calisto nos anos seguintes. Sua profissão perpétua como salesiano de Dom Bosco realizou-se em agosto de 1963. De 1961 a 1964 foi tirocinante em Cagliari, Itália. 

Chegou ao Brasil como missionário em outubro de 1964, em plena ditadura militar. De março de 1965 à 1968 estudou Teologia no Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo. Os anos de chumbo ajudaram a formar nesse padre, sensível às causas sociais, uma nova perspectiva de preocupação com os pobres, especialmente com os jovens. Foi ordenado presbítero em junho de 1968 por dom Fernando Legal.

Após sua ordenação foi destinado à comunidade Belém-Sacramenta, no Pará, onde trabalhou de 1969 a 1970 como encarregado do oratório. Em 1970 fundou uma organização de leigos chamada República do Pequeno Vendedor, voltada às crianças e adolescentes da cidade de Belém em situação de rua, posteriormente denominado Movimento República de Emaús.

Em 1972, o processo de evolução do movimento fez surgir a campanha de Emaús, como forma de sensibilização e mobilização da população. Em 1980 criava-se a Cidade de Emaús, no bairro Bengui, PA. Em 1983 o Centro de Defesa do Menor tornava-se a quarta expressão do movimento, voltada a combater a violência contra as crianças. Em 1993 foi criada a Agência Emaús de Notícias para divulgar sistematicamente a situação das crianças e adolescentes na Amazônia.

Seu carisma pessoal e o empenho pela causa dos adolescentes e jovens lhe permitiram importantes serviços. Atuou na Pastoral do Menor, foi presidente regional da CRB, coordenador Nacional do Movimento Meninos de Rua. Participou de encontros internacionais da UNICEF, foi delegado arquidiocesano da Pastoral Carcerária e delegado do Capítulo Geral 21 dos Salesianos. Recebeu e participou de diversos serviços públicos ligados a proteção da infância.

Em 1990, iniciou o processo de desligamento da Sociedade de São Francisco de Sales (Salesianos), para incardinar-se no Clero da Arquidiocese de Belém e assim poder acompanhar o desenvolvimento da obra por ele iniciada. O processo de secularização foi concluído em maio de 1997 com decreto da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada.

Padre Bruno era muito estimado pelas autoridades públicas, pelo clero e por todo o povo de Deus, especialmente pelas milhares de crianças, adolescentes e jovens que este bom missionário, filho de Dom Bosco, ajudou a tornar “bons cristãos e honestos cidadãos”.

Em entrevista concedida ao Jornal da Inspetoria São Domingos Sávio, em junho de 1997, logo após a secularização, afirmou: “minha decisão (de ficar em Belém) foi uma opção vocacional”. Mesmo com a secularização, manteve sempre um cordial relacionamento com a presença salesiana na Amazônia.

Em sua página no facebook, Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB, escreveu um depoimento sobre o padre Bruno. Leia abaixo:

Registro brevemente aqui o meu testemunho e admiração pela história do finado padre Bruno Sechi. Italiano de nascimento, mas caboclo paraense de coração! Uma vida marcada pela inquietude do Reino de Deus expressada como luta permanente pela promoção da dignidade humana.

Trabalhamos juntos, nos finais de semanas, na República do Pequeno Vendedor nos anos ’80 quando, eu era ainda aspirante Salesiano. Duas décadas depois voltamos a nos encontrar na  causa da promoção dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, somando com os mesmos ideais no Forum DCA e no Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O padre Bruno Sechi foi um sinal e testemunho eloquente de simplicidade e sensibilidade humana! Deixou-nos um inestimável legado: o exemplo de “Igreja pés no chão”, a luta pela formação de lideranças populares, a viva convicção da dimensão social da fé, a inquietude missionária, a manutenção do ardor pastoral e da mentalidade aberta até o seu último suspiro! Que Deus lhe conceda o prêmio reservado para os BONS OPERÁRIOS do seu Reino! Descanse em Paz!

Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB


Fonte: José Ivanildo de Melo – Inspetoria São Domingos Sávio

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Última modificação em Quinta, 04 Junho 2020 15:55

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Nota de falecimento: padre Bruno Sechi

Quinta, 04 Junho 2020 15:38 Escrito por  José Ivanildo de Melo – Inspetoria São Domingos Sávio
Faleceu no dia 29 de maio, aos 80 anos de idade, vítima da Covid-19, o padre Bruno Sechi.


Filho de Francesco Giuseppe Sechi e Maria Antônia Murta, padre Bruno nasceu na cidade de Santu Lussurgiu, Itália, e há 56 anos morava no Brasil.

Padre Bruno ingressou no Instituto Salesiano de Santu Lussurgiu, pertencente à Inspetoria Romana, aos 11 anos de idade, em outubro de 1950. Fez o noviciado salesiano de 1956 a 1957 em Lanúvio, Roma. Na mesma cidade emitiu a primeira profissão religiosa em agosto de 1957. Estudou Filosofia na comunidade de São Calisto nos anos seguintes. Sua profissão perpétua como salesiano de Dom Bosco realizou-se em agosto de 1963. De 1961 a 1964 foi tirocinante em Cagliari, Itália. 

Chegou ao Brasil como missionário em outubro de 1964, em plena ditadura militar. De março de 1965 à 1968 estudou Teologia no Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo. Os anos de chumbo ajudaram a formar nesse padre, sensível às causas sociais, uma nova perspectiva de preocupação com os pobres, especialmente com os jovens. Foi ordenado presbítero em junho de 1968 por dom Fernando Legal.

Após sua ordenação foi destinado à comunidade Belém-Sacramenta, no Pará, onde trabalhou de 1969 a 1970 como encarregado do oratório. Em 1970 fundou uma organização de leigos chamada República do Pequeno Vendedor, voltada às crianças e adolescentes da cidade de Belém em situação de rua, posteriormente denominado Movimento República de Emaús.

Em 1972, o processo de evolução do movimento fez surgir a campanha de Emaús, como forma de sensibilização e mobilização da população. Em 1980 criava-se a Cidade de Emaús, no bairro Bengui, PA. Em 1983 o Centro de Defesa do Menor tornava-se a quarta expressão do movimento, voltada a combater a violência contra as crianças. Em 1993 foi criada a Agência Emaús de Notícias para divulgar sistematicamente a situação das crianças e adolescentes na Amazônia.

Seu carisma pessoal e o empenho pela causa dos adolescentes e jovens lhe permitiram importantes serviços. Atuou na Pastoral do Menor, foi presidente regional da CRB, coordenador Nacional do Movimento Meninos de Rua. Participou de encontros internacionais da UNICEF, foi delegado arquidiocesano da Pastoral Carcerária e delegado do Capítulo Geral 21 dos Salesianos. Recebeu e participou de diversos serviços públicos ligados a proteção da infância.

Em 1990, iniciou o processo de desligamento da Sociedade de São Francisco de Sales (Salesianos), para incardinar-se no Clero da Arquidiocese de Belém e assim poder acompanhar o desenvolvimento da obra por ele iniciada. O processo de secularização foi concluído em maio de 1997 com decreto da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada.

Padre Bruno era muito estimado pelas autoridades públicas, pelo clero e por todo o povo de Deus, especialmente pelas milhares de crianças, adolescentes e jovens que este bom missionário, filho de Dom Bosco, ajudou a tornar “bons cristãos e honestos cidadãos”.

Em entrevista concedida ao Jornal da Inspetoria São Domingos Sávio, em junho de 1997, logo após a secularização, afirmou: “minha decisão (de ficar em Belém) foi uma opção vocacional”. Mesmo com a secularização, manteve sempre um cordial relacionamento com a presença salesiana na Amazônia.

Em sua página no facebook, Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB, escreveu um depoimento sobre o padre Bruno. Leia abaixo:

Registro brevemente aqui o meu testemunho e admiração pela história do finado padre Bruno Sechi. Italiano de nascimento, mas caboclo paraense de coração! Uma vida marcada pela inquietude do Reino de Deus expressada como luta permanente pela promoção da dignidade humana.

Trabalhamos juntos, nos finais de semanas, na República do Pequeno Vendedor nos anos ’80 quando, eu era ainda aspirante Salesiano. Duas décadas depois voltamos a nos encontrar na  causa da promoção dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, somando com os mesmos ideais no Forum DCA e no Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O padre Bruno Sechi foi um sinal e testemunho eloquente de simplicidade e sensibilidade humana! Deixou-nos um inestimável legado: o exemplo de “Igreja pés no chão”, a luta pela formação de lideranças populares, a viva convicção da dimensão social da fé, a inquietude missionária, a manutenção do ardor pastoral e da mentalidade aberta até o seu último suspiro! Que Deus lhe conceda o prêmio reservado para os BONS OPERÁRIOS do seu Reino! Descanse em Paz!

Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB


Fonte: José Ivanildo de Melo – Inspetoria São Domingos Sávio

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