Educador como vocação

Terça, 08 Novembro 2016 10:53 Escrito por 
Educador como vocação Foto: Daniella Lima
Ele já foi engraxate, servente de pedreiro e bancário, entre outras profissões. Mas foi apenas quando começou a trabalhar como professor que Ademar Oliveira de Lima, docente do Colégio Salesiano São José de Sorocaba, SP, finalmente encontrou a sua verdadeira vocação.

Escritor, com mais de sete livros publicados, Ademar, hoje professor de Técnica de Redação, se diverte quando recorda da sua falta de habilidade com as palavras. “Se uma cigana me dissesse que um dia eu seria professor de Língua Portuguesa, certamente eu diria que ela estava equivocada nas leituras do meu futuro!”, brinca ele.

Há mais de 20 anos lecionando no Salesiano de Sorocaba, Ademar diz que foi “contaminado pelo vírus da educação” e afirma que Dom Bosco o faz acreditar que é possível “acrescentar qualquer conhecimento novo na formação de um aprendiz”. Leia a seguir a entrevista:

 

Boletim Salesiano - Por que o senhor escolheu a profissão de professor?

Ademar Oliveira de Lima- A minha história anterior é em uma salada de funções na vida. Trabalho desde os 14 anos. Fui engraxate, jornaleiro, servente de pedreiro, tapeceiro, tecelão, bancário, escriturário, inspetor de qualidade e professor. Na verdade, foi a profissão de professor quem me escolheu. Induzido por um amigo, prestei, por brincadeira, o vestibular em Letras. A ideia era frequentar esse curso apenas para não ficar sem estudar. Faria, posteriormente, o vestibular para Direito. Aos 36 anos passei a frequentar o curso para professor.

Porém, seduzido pela teoria da literatura e pelo raciocínio de construção textual nas aulas ministradas pela excelente professora Ana Maria Gurgel da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (hoje UNISO) em Sorocaba, SP, ingressei na carreira, como professor, na cidade de Jandira, SP, quando ainda era estudante.

 

BS - Desde quando o senhor leciona no Colégio Salesiano São José?

Ademar - Leciono no Colégio desde 1991, desde as salas de 7º ano do ensino fundamental até as do 3º ano do ensino médio. No início lecionei Gramática, dois anos depois Literatura, em seguida Técnicas de Redação até a data de hoje. Se uma cigana me dissesse que um dia eu seria professor de Língua Portuguesa, certamente eu diria que ela estava equivocada nas leituras do meu futuro! Se ela me dissesse que eu seria professor de Técnica de Redação, eu seria capaz de pedir uma punição a um juiz pela propaganda enganosa. A razão é que, desde criança, eu não gostava nem um pouco de redação.

No entanto, esse passado me ensinou a entender a cabeça e o comportamento daqueles que não gostam ou têm dificuldade com a produção de texto e hoje, para minha estratégia, essa aprendizagem é de grande valia.

 

BS – Em sua opinião, o que um professor jamais deve fazer em sala de aula e o que é dever de todo educador?

Ademar- Desrespeitar o aluno seria uma atitude abominável. Por mais que o aluno não tenha respeito para com o professor, temos de levar em conta que ele é um aprendiz, e como tal deve ser encarado. Depois, seria interessante que em conjunto, o professor, a coordenação e a família trabalhassem para mudar esse comportamento inadequado.

A técnica e o conteúdo aprendem-se na formação universitária e, mais ao longo da vida, pela pesquisa. Porém, em minha opinião, o dever de todo professor é se aproximar do aluno o mais possível e transformar esse ato numa relação de amizade, carinho e confiança. A aprendizagem passa pela maneira de abordagem, passa pela confiança; necessita-se desse vínculo de carinho para a efetivação da aprendizagem.

 

BS - Dom Bosco o inspira de alguma forma? Em qual sentido?

Ademar- Dom Bosco mostrou para mim que a minha entrada na carreira de professor não foi apenas um acidente de percurso. Foi para aflorar um dom escondido na minha história de vida. Foi nesta carreira de professor que me senti mais feliz, é com os alunos que gosto de ficar! Para mim é um prazer trabalhar na educação. Fui contaminado na veia pelo vírus da educação. Acredito que o que me inspira na figura de Dom Bosco é a proximidade, é o otimismo de que é possível acrescentar qualquer conhecimento novo na formação de um aprendiz. É a persistência de uma atitude de ensinar a todo instante.

 

BS - Professor, sabemos que o senhor tem livros publicados e já recebeu alguns prêmios. Quais são os que mais o marcaram?

Ademar - A minha carreira de escritor também tem uma origem acidental, no sentido de objetivo. Os textos publicados, na maioria, surgiram como ensaios para avaliar uma proposta de produção. Eu fazia em casa a proposta com vários olhares, escrevia vários textos e os arquivava. Acabei visitando os meus arquivos para limpar o HD e descobri uma quantidade enorme de textos. Relendo alguns e para não perdê-los, organizei e publiquei, de maneira independente.

Para a publicação, eu não quis usar o meu nome e veio a ideia do uso de pseudônimos. Adotei Santiago Derin para a prosa e Sartório Wilen para a poesia (sonetos). Depois de muitos blogs e de postagens de meus trabalhos em vários sites, chegou de surpresa: o primeiro prêmio, ganho na Ilha da Madeira, em Portugal.

Depois vieram outros: Medalha Luís Vaz de Camões 2014, Portugal; Prêmio Cultura e Entretenimento 2014, RJ; Prêmio Comenda Excelência e Qualidade Brasil 2015; Prêmio Carlos Drummond de Andrade 2015, MG; entre outros. Hoje faço parte, como membro correspondente, das academias Luminescência Brasileira, SP; de Letras e Artes de Valparaíso, Chile; e de Letras, Música e Artes de Salvador, BA.

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Última modificação em Terça, 08 Novembro 2016 13:26

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Educador como vocação

Terça, 08 Novembro 2016 10:53 Escrito por 
Educador como vocação Foto: Daniella Lima
Ele já foi engraxate, servente de pedreiro e bancário, entre outras profissões. Mas foi apenas quando começou a trabalhar como professor que Ademar Oliveira de Lima, docente do Colégio Salesiano São José de Sorocaba, SP, finalmente encontrou a sua verdadeira vocação.

Escritor, com mais de sete livros publicados, Ademar, hoje professor de Técnica de Redação, se diverte quando recorda da sua falta de habilidade com as palavras. “Se uma cigana me dissesse que um dia eu seria professor de Língua Portuguesa, certamente eu diria que ela estava equivocada nas leituras do meu futuro!”, brinca ele.

Há mais de 20 anos lecionando no Salesiano de Sorocaba, Ademar diz que foi “contaminado pelo vírus da educação” e afirma que Dom Bosco o faz acreditar que é possível “acrescentar qualquer conhecimento novo na formação de um aprendiz”. Leia a seguir a entrevista:

 

Boletim Salesiano - Por que o senhor escolheu a profissão de professor?

Ademar Oliveira de Lima- A minha história anterior é em uma salada de funções na vida. Trabalho desde os 14 anos. Fui engraxate, jornaleiro, servente de pedreiro, tapeceiro, tecelão, bancário, escriturário, inspetor de qualidade e professor. Na verdade, foi a profissão de professor quem me escolheu. Induzido por um amigo, prestei, por brincadeira, o vestibular em Letras. A ideia era frequentar esse curso apenas para não ficar sem estudar. Faria, posteriormente, o vestibular para Direito. Aos 36 anos passei a frequentar o curso para professor.

Porém, seduzido pela teoria da literatura e pelo raciocínio de construção textual nas aulas ministradas pela excelente professora Ana Maria Gurgel da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (hoje UNISO) em Sorocaba, SP, ingressei na carreira, como professor, na cidade de Jandira, SP, quando ainda era estudante.

 

BS - Desde quando o senhor leciona no Colégio Salesiano São José?

Ademar - Leciono no Colégio desde 1991, desde as salas de 7º ano do ensino fundamental até as do 3º ano do ensino médio. No início lecionei Gramática, dois anos depois Literatura, em seguida Técnicas de Redação até a data de hoje. Se uma cigana me dissesse que um dia eu seria professor de Língua Portuguesa, certamente eu diria que ela estava equivocada nas leituras do meu futuro! Se ela me dissesse que eu seria professor de Técnica de Redação, eu seria capaz de pedir uma punição a um juiz pela propaganda enganosa. A razão é que, desde criança, eu não gostava nem um pouco de redação.

No entanto, esse passado me ensinou a entender a cabeça e o comportamento daqueles que não gostam ou têm dificuldade com a produção de texto e hoje, para minha estratégia, essa aprendizagem é de grande valia.

 

BS – Em sua opinião, o que um professor jamais deve fazer em sala de aula e o que é dever de todo educador?

Ademar- Desrespeitar o aluno seria uma atitude abominável. Por mais que o aluno não tenha respeito para com o professor, temos de levar em conta que ele é um aprendiz, e como tal deve ser encarado. Depois, seria interessante que em conjunto, o professor, a coordenação e a família trabalhassem para mudar esse comportamento inadequado.

A técnica e o conteúdo aprendem-se na formação universitária e, mais ao longo da vida, pela pesquisa. Porém, em minha opinião, o dever de todo professor é se aproximar do aluno o mais possível e transformar esse ato numa relação de amizade, carinho e confiança. A aprendizagem passa pela maneira de abordagem, passa pela confiança; necessita-se desse vínculo de carinho para a efetivação da aprendizagem.

 

BS - Dom Bosco o inspira de alguma forma? Em qual sentido?

Ademar- Dom Bosco mostrou para mim que a minha entrada na carreira de professor não foi apenas um acidente de percurso. Foi para aflorar um dom escondido na minha história de vida. Foi nesta carreira de professor que me senti mais feliz, é com os alunos que gosto de ficar! Para mim é um prazer trabalhar na educação. Fui contaminado na veia pelo vírus da educação. Acredito que o que me inspira na figura de Dom Bosco é a proximidade, é o otimismo de que é possível acrescentar qualquer conhecimento novo na formação de um aprendiz. É a persistência de uma atitude de ensinar a todo instante.

 

BS - Professor, sabemos que o senhor tem livros publicados e já recebeu alguns prêmios. Quais são os que mais o marcaram?

Ademar - A minha carreira de escritor também tem uma origem acidental, no sentido de objetivo. Os textos publicados, na maioria, surgiram como ensaios para avaliar uma proposta de produção. Eu fazia em casa a proposta com vários olhares, escrevia vários textos e os arquivava. Acabei visitando os meus arquivos para limpar o HD e descobri uma quantidade enorme de textos. Relendo alguns e para não perdê-los, organizei e publiquei, de maneira independente.

Para a publicação, eu não quis usar o meu nome e veio a ideia do uso de pseudônimos. Adotei Santiago Derin para a prosa e Sartório Wilen para a poesia (sonetos). Depois de muitos blogs e de postagens de meus trabalhos em vários sites, chegou de surpresa: o primeiro prêmio, ganho na Ilha da Madeira, em Portugal.

Depois vieram outros: Medalha Luís Vaz de Camões 2014, Portugal; Prêmio Cultura e Entretenimento 2014, RJ; Prêmio Comenda Excelência e Qualidade Brasil 2015; Prêmio Carlos Drummond de Andrade 2015, MG; entre outros. Hoje faço parte, como membro correspondente, das academias Luminescência Brasileira, SP; de Letras e Artes de Valparaíso, Chile; e de Letras, Música e Artes de Salvador, BA.

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Última modificação em Terça, 08 Novembro 2016 13:26

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