Neste ano, o Papa Francisco nos convocou a assumir extraordinariamente o mês de outubro com iniciativas missionárias, recordando o centenário de uma solene convocação que um de seus antecessores, o Papa Bento XV, em 1919, fez à Igreja tendo em vista um apostolado de evangelização e de missão.
Porém, mais do que acentuar a alegria das tantas comunidades que fizeram um caminho de preparação para realizar visitas aos lares e levar uma palavra de amizade aos distantes das nossas comunidades, esse mês de outubro merece uma atenção singular pelo fato de que, no dia 13, foi elevada aos altares a Irmã Dulce dos Pobres.
Essa ocasião deve revestir de júbilo a Igreja no Brasil, visto que uma de suas filhas, Maria Rita Lopes Pontes, baiana, nascida em 26 de maio de 1914, carinhosamente conhecida como Irmã Dulce dos Pobres, passa a nos representar no meio da Jerusalém festiva e jubilosa, e lá resplandecerá como membro glorificado da Igreja por suas virtudes e seus méritos. É bonito reconhecer a intervenção carinhosa de Deus que – em tempos tão adversos como os nossos, nos quais o Seu nome é por vezes invocado para promover divisões e acentuar conflitos – nos oferece sinais evidentes que a sua ótica é a do amor (Cf. Sl.117,2).
O Deus dos pobres, daqueles que lutam para a felicidade e paz do seu próximo, fez surgir admiravelmente no Nordeste brasileiro, numa capital marcada historicamente pela escravidão e sofrimento de muitos, uma de suas filhas de pequena estatura e de grandeza de alma. Fez surgir alguém que uniu fé e obras, e que não se intimidou perante os desafios (Cf. Tg.2,17).
Irmã Dulce, inconformada com o cenário da sua época e portando a bandeira da fé e do Evangelho de Cristo, teve a capacidade de se colocar à disposição para aliviar o sofrimento do irmão enfermo e de trazer alegria ao rosto de uma criança, não obstante sua frágil saúde.
Em tempos tão desafiadores como os nossos, o Deus da vida e Senhor da história apresenta a todos os consagrados que o que de fato importa é a capacidade de amar e que não é preciso holofotes e aplausos para validar nossa missão de cristãos. Precisamos apenas reconhecer que podemos ir longe, como filhos e batizados, membros de um único corpo na Igreja de Cristo, e que todos contamos com o carinho e a bondade de Deus (Cf. Rm. 12,4).
Reconhecer a santidade de Irmã Dulce é ofertar o primeiro lugar ao fraco, ao simples, ao sofredor; é atualizar o cântico de Maria que, no seu “Sim”, rebaixa os poderosos e se associa a Cristo que se fez homem, pobre, marginalizado e excluído para nos enriquecer (Cf. 2Cor 2,9); é reconhecer que a missão da Igreja se faz pondo-se a caminho, em busca das ovelhas que estão perdidas.
Agradecemos ao Deus da vida por ser tão carinhoso com os seus filhos, de modo especial com os indefesos! Agradecemos a Jesus Cristo, que continua a ornar essa terra com santos e belos testemunhos de que o seu Evangelho é um dom para os dias de hoje. Agradecemos ao Espírito Santo que anima e guia o seu povo, que movimenta a sua Igreja, e faz com que o Brasil realize a sua vocação de ser terra de Santa Cruz.