O salesiano padre Jurandyr Araújo foi nomeado pela segunda vez pelo Vaticano consultor do Pontifico Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Ele assumiu a função pela primeira vez em 2009 e agora foi indicado para mais um quinquênio. Padre Jurandyr atualmente também é assessor da Pastoral Afro-Brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A equipe de Comunicação da Inspetoria São João Bosco (ISJB) conversou com o padre. Ele falou, entre outras coisas, sobre a história do Pontifício Conselho e do trabalho que é realizado. Leia a entrevista na íntegra:
ISJB: Qual a função e importância deste Pontifício Conselho?
Padre Jurandyr: O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso (Pontificium Consilium pro Dialogo Inter Religiones) é um dicastério da Cúria Romana. No domingo da solenidade litúrgica de Pentecoste de 1964, o Papa Paulo VI instituiu um dicastério especial na Cúria Romana para relação com pessoas de outras religiões. Conhecido inicialmente com o nome de Secretariado para os não cristãos. Em 1988, ele teve seu nome mudado e elevado a categoria de Pontifício Conselho.
O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso tem como finalidade a promoção do diálogo com outras religiões, em adesão ao espírito do Concílio Vaticano II, em particular na declaração Nostra Aetate.
A partir desta declaração que está no cerne deste Pontifício Conselho, foram colocadas as seguintes diretrizes: promover a mútua compreensão, o respeito e a colaboração entre os católicos e os seguidores das outras tradições religiosas; encorajar o estudo das religiões; e promover a formação de pessoas dedicadas ao diálogo.
ISJB: Quais são suas funções como membro consultivo?
Padre Jurandyr: Participo como consultor da reunião do Conselho: bispos e consultores de vários países convidados pelo Papa e indicados pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Recebo também documentos ou demandas sobre o assunto do Diálogo Inter-religioso.
ISJB: O que o senhor enxerga como principal desafio do Conselho para os próximos anos?
Padre Jurandyr: É difícil prever quais serão os desafios, porque, acontecem dentro do processo de entendimento mútuo entre as diferentes tradições religiosas. Ficamos a espera das demandas e dos documentos que o Vaticano deseja publicar como orientação ao Diálogo Inter-religioso.
ISJB: Em sua opinião, qual a importância para a Igreja Católica brasileira ter representantes em importantes órgãos ligados ao Vaticano como esse?
Padre Jurandyr: A importância é a de ajudar as pessoas para que tenham disposições para uma compreensão mútua, dissipando os preconceitos e promovendo um conhecimento das religiões; compromisso de testemunhar e promover valores humanos e espirituais, respeito à vida, dignidade, igualdade, justiça, liberdade religiosa. Promover as diversas formas de diálogo: da vida, da ação social, do teológico. Ajudar as pessoas a não ser ingênuas, mas críticas e acolhedoras; ter sinceridade no diálogo inter-religioso; abertura à verdade, mantendo a sua identidade.
Como está escrito no texto do Concílio Vaticano II: “A Igreja Católica nada rejeita do que há de verdadeiro e santo nestas religiões. Exorta, por isso, seus filhos/as a que, com prudência e amor, por meio do diálogo e da colaboração com os seguidores de outras religiões, testemunhando sempre a fé e a vida cristãs, reconheçam, mantenham e desenvolvam os bens espirituais e morais, como também os valores socioculturais que entre eles se encontram”.
Nestes últimos 4 anos tenho dedicado ao Diálogo Trilateral, a pedido do Vaticano: catolicismo, candomblé e umbanda. Coordeno três grupos: Salvador, São Paulo e Belo Horizonte.
Inspetoria São João Bosco