Crescimento numa família rica de amor e de fé
"A família é o espelho onde Deus se observa e admira os dois milagres mais belos que fez: dar a vida e dar o amor!" (São João Paulo II). Maria Romero teve a graça de ter uma família rica de fé, onde a vida é um dom, fruto do amor e onde se aprende a confiar em Deus e na Virgem Maria.
A menina é para todos um presente de ano novo, de facto nasce a 13 de janeiro de 1902 em Granada (Nicarágua). Os pais, Félix Romero e Ana Meneses, ambos de origem espanhola, batizaram-na no mesmo ano e, dois anos depois, em 1904, como era costume, recebe o Crisma.
Nascida na casa abastada da sua avó materna, Maria permanece com ela nos primeiros anos da sua vida. Naquele ambiente goza do afeto de sua mãe, das histórias de sua avó e da instrução recebida das suas sete tias maternas que, tendo ficado solteiras, dirigem uma escola particular para meninas de um nível social elevado. Elas asseguram, sobretudo, a riqueza mais importante para a vida de Maria: uma boa formação cristã, baseada não em ameaças, mas na razão, não no medo, mas no amor, e onde Deus é o dono da casa.
A experiência da família será fundamental na personalidade de Maria e também no seu apostolado, ela procurava sempre oferecer aos mais pobres a alegria de se saberem amados por um Deus que é, acima de tudo, Pai misericordioso, que cria família através do acolhimento, da bondade, da escuta, do dom. Tudo isso coloca desde a infância raízes fundas no seu coração. Ela é consciente de ter sido abençoada por Deus e gostaria que os outros desfrutassem também dessa alegria e bênção.
Um encontro de amizade com Jesus
Aos sete anos, Maria está preparada para receber a sua primeira Comunhão juntamente com 200 crianças na Paróquia de La Merced, em Granada (Nicarágua). Recordando aquele dia abençoado, Maria escreve: «A primeira comunhão deixou marcas profundas na minha alma. Esse dia foi um dia de céu e de imensa alegria». Desde então, a certeza do amor gratuito de Deus não cessou de crescer e a sua relação de amizade com Jesus torna-se cada vez mais profunda. Ela mesma o confirma com estas palavras: «Para mim, o que enche a minha alma, a única coisa que eu repito sem cessar e sem me cansar: "Meu amor, meu amor, meu Rei!" E isto também durante as noites de insónia».
O amor por Jesus Eucaristia cresce tanto em Maria que, quando as dificuldades parecem insuperáveis, ela diz: «Rezemos, rezemos, tudo se obtém graças à oração!" "Como é belo viver na presença de Deus!»
Nos pobres encontra Jesus
Na sua família abastada, era costume ajudar os pobres e as pessoas necessitadas. Desde criança, Maria é uma digna herdeira desse espírito de solidariedade. A mãe recorda que, às vezes, via alguma desordem junto ao presépio da sua casa e ninguém sabia o porquê daquilo. Um dia descobriram que era a pequena Maria que deixava aquele lixo perto do presépio. Já de adulta, a Ir. Maria contava o facto e acrescentava: «A minha mãe dizia isso, mas eu vejo na minha atitude o prelúdio da minha missão: Jesus quer que eu lhe leve aquilo a que o mundo considera lixo: os pobres e os pecadores».
Às vezes, a mãe diz-lhe carinhosamente para não dar sempre aos pobres as roupas mais lindas e Maria responde-lhe com simplicidade: «Mas mãe, aos pobres não devemos dar o pior; eles gostam de receber coisas boas».
Mais tarde, já FMA, a Irmã Maria diz à Irmã Ana Maria Cavallini: «Ah! Se eu pudesse realizar tudo o que eu quero para ajudar os pobres, não sei onde chegaria ... Eu sou apaixonada pelos pobres e Deus deu-me a alegria de viver entre eles. Quando criança, eu era feliz em ajudar os pobres. Sinto uma grande tristeza quando vejo que se falta ao voto de pobreza entre nós, sabendo que há tantas necessidades entre os pobres .... Enquanto permanecermos pobres, tudo andará bem».
Um caminho na companhia da Virgem Maria
Aos 12 anos Maria foi matriculada na Escola "Maria Auxiliadora", em Granada, onde também estudavam as suas irmãs. É uma menina dotada de talento e de vontade. Além do programa oficial, frequentava cursos de desenho, pintura, piano e violino. Naquele ambiente, ela encontrou acompanhantes válidas. Conheceu a Irmã Teresa Gedda, uma das primeiras missionárias das FMA que partiram para o Uruguai em 1877.
Cada 24 de maio, em Granada, há celebrações solenes em honra de Maria Auxiliadora. Na véspera da festa, a imagem de Nossa Senhora da capela salesiana era transferida para a catedral; depois, no dia 24 regressava novamente ao ponto de partida em procissão entre os sons dos sinos, músicas, cantos, fogo de artifício. É a festa mais linda para Maria Romero! «Eu sei - diz ela - que a Virgem cuida de mim e eu não tenho medo de a seguir mesmo de olhos fechados». Com imensa confiança ela segue-a durante toda a vida e tem a certeza de que Maria a precede sempre e em tudo!
Outra festa que a enche de felicidade é a da Imaculada Conceição. Em Nicarágua é celebrada com grande entusiasmo. Ela prepara-se para a festa confessando-se, para oferecer a Maria um coração limpo e puro, digno de uma filha que ama muito a sua mãe. Quando adoece com febres reumatoides graves, Maria Romero não duvida que Nossa Senhora a pode curar e, de facto, curou inesperadamente.
Um “sim” como resposta de Amor
Na escola, Maria é uma estudante dócil, gentil e diligente nas aulas. As FMA chegaram recentemente a Nicarágua e Maria é atraída pelo carisma salesiano.
Em 1915, ela faz parte do grupo das Filhas de Maria e decide consagrar a Jesus a sua castidade, impulsionada por um grande amor por Ele: «Eu estava determinada a entregar-me ao meu Senhor e meu Rei para sempre. A vocação enraizava-se na minha alma cada dia mais fortemente». Neste caminho de discernimento vocacional, o acompanhamento do diretor espiritual, o missionário salesiano P. Emilio Bottari, foi decisivo. Ela considera-o um santo e entrega-se totalmente à sua sábia orientação.
Em 1918, Maria, aos 16 anos, manifesta à mãe o desejo de se tornar religiosa no Instituto FMA. A mãe diz-lhe que espere, porque ainda é muito jovem. Dois anos mais tarde, Maria volta à sua decisão e, graças à ajuda da sua irmã, consegue convencer o pai e obter a tão suspirada permissão.
Antes de entrar no Aspirantado aos 18 anos, ela fala ainda com o confessor, que, com voz profética, lhe diz: «Mesmo que um dia te martirizem, nunca dês um passo atrás! Haverá momentos difíceis, mas permanece sempre fiel e firme na tua vocação» E assim foi com a Irmã Maria, fiel até ao fim, semeando por toda a parte, a esperança, o amor, a consolação.
Salesiana 100%
Maria vive o postulantado e o noviciado em San Salvador e, em 1921, inicia o noviciado. Reza insistentemente: «Oh Jesus, ensina-me a falar, a trabalhar e a viver só no teu amor e pelo teu amor». Recorda com gratidão a sua Mestra, uma FMA de grande profundidade humana e espiritual, uma verdadeira acompanhante. Aqui fica o seu testemunho:«Quão feliz eu era no noviciado! Eu via todas as irmãs santas, especialmente a minha "Irmã Mestra", a Irmã Maria Zanatta. Parecia-me ver a Virgem Maria nela. Quanto eu lhe devo! Que alma pura, tão observante da pobreza, tão delicada e compreensiva! Quando penso na sua atitude, penso na sua santidade; o seu modo de ser recolhido, digno, refletia a sua união com Deus. As suas palavras e conselhos correspondiam ao que ela praticava. Fiquei impressionada com o seu modo de falar, do domínio sobre si mesma, da sua bondade. Estava sempre sorridente e gentil, mesmo que não deixasse passar nada sem nos corrigir. O seu exemplo foi uma ótima escola para mim».
Do noviciado, a Ir. Maria recorda uma experiência "mística" que a marca profundamente. A sua Mestra havia dito às noviças que perguntassem a Jesus: "Senhor, quem sou eu para Ti?". E a Irmã Maria conta: «Na visita que eu fiz muito perto ao tabernáculo, perguntei:" Senhor, quem sou eu para ti? " E ouvi uma voz clara que me respondeu: "Tu és a predileta da minha Mãe e a mimada do meu Pai". Fui imediatamente ver se havia alguém na capela, mas não havia ninguém. Ele tinha-me respondido. Partilhei com a Mestra o que me tinha acontecido, mas ela não me disse nada, apenas sorriu».
No noviciado, a Irmã Maria distingue-se pelo seu amor profundo a Nossa Senhora, que a enche de bondade na relação com os outros. Com o seu carater alegre, ativo, empreendedor e simples, muito obediente e caridosa, torna feliz a comunidade. Tem sempre algo de engraçado e divertido para alegrar as Irmãs e busca em todas o seu lado bom. A Irmã Maria Romero emite os votos religiosos em 1923 e é designada para Granada como professora de música e de canto.
Deixou escrito assim: «Eu vivo dizendo ao Senhor: "Que mais poderias ter feito por mim? Tudo me deste com amor infinito, desde a minha infância, quantas alegrias e satisfações!».
A Irmã Maria viveu toda a sua vida com a mão na mão de Maria, anunciando a quantos encontrava no seu caminho, especialmente aos pobres, como é bom o Senhor e como é materna a presença de Maria que em tudo coloca a sua mão antes da nossa.