Zeferino Namuncurá – em algumas publicações seu nome aparece como “Ceferino” – nasceu em Chimpay, na Argentina, em 26 de agosto de 1886. Filho do último grande cacique Mapuche, Manuel Namuncurá, ele estudou no Colégio Salesiano Pio IX, na capital Buenos Aires, e ali viveu dois episódios que transformariam sua vida. O primeiro foi a leitura da biografia de São Domingos Sávio, escrita por Dom Bosco, que lhe trouxe um modelo da vida que gostaria de seguir. Outro acontecimento foi a sua primeira comunhão, em 1898, na qual selou “um pacto de absoluta fidelidade com seu grande amigo Jesus”.
Compromisso
Em uma das frases mais conhecidas de Zeferino, ele afirma: “Quero estudar para ser útil ao meu povo”. E não era qualquer estudo: ele desejava ser salesiano sacerdote. De fato, Zeferino conseguiu integrar a sabedoria herdada de seus antepassados com a vivência cristã. Longe de negar sua origem indígena, dela tirava sua certeza vocacional.
Em novembro do ano passado, ao celebrar os 10 anos da beatificação de Zeferino Namuncurá, o Papa Francisco escreveu uma carta na qual recorda esse compromisso assumido pelo jovem Mapuche: “Agrada-me pensar no desejo que Zeferino tinha de ser sacerdote para servir ao seu povo. Deve ser assim: o sacerdote sempre identificado com o seu povo de tal maneira que o seu tempo, a sua vida, a sua pessoa, sejam para seus irmãos”, escreveu o Papa.
O Santo Padre, que é de origem argentina, assistiu à festa realizada pelo povo no dia de sua beatificação e afirma: “Ficou-me gravada aquela multidão de pessoas, aqueles rostos cheios de alegria pela beatificação de alguém dos seus, que nunca esqueceu suas raízes, seu povo, sua cultura”.
Santidade juvenil
Zeferino Namuncurá também é um exemplo no caminho de santidade indicado por Dom Bosco a seus alunos e seguidores. Durante os cinco anos em que ficou no colégio salesiano, manteve-se fiel ao ideal inspirado na vida de São Domingos Sávio. Empenhava-se na piedade e na caridade, fazia com dedicação seus deveres, cumpria seus compromissos de estudo e oração, buscava manter a paz e a fraternidade entre os alunos. Tudo isso com a alegria salesiana, o que foi testemunhado por colegas e professores.
“A santidade de Zeferino é expressão e fruto da espiritualidade juvenil salesiana, essa espiritualidade feita de alegria, amizade com Jesus e Maria, cumprimento dos próprios deveres, dedicação aos outros. Zeferino representa a prova convincente da fidelidade com que os primeiros missionários mandados por Dom Bosco conseguiram repetir quanto ele fizera no Oratório de Valdocco: formar jovens santos”, resumiu o padre Pascual Chávez Villanueva, Reitor-mor dos Salesianos em 2007.
O jovem Zeferino foi um adolescente capaz de viver a santidade em seu cotidiano. Passados mais de 130 anos de seu nascimento, seu exemplo de vida é ainda muito atual e corresponde com exatidão ao tema que foi escolhido pelo Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime, para a Estreia 2019: ‘“Para que a minha alegria esteja em vós’ (Jo 15,11) - A santidade é também para você”.
Na Itália
Em 1903, aos 16 anos, Zeferino foi aceito por Dom Cagliero como membro do grupo de aspirantes salesianos e seguiu para a Itália, onde poderia continuar os estudos de maneira mais aprofundada. Encontrou com o Papa Pio X, que o abençoou, e com o padre Miguel Rua, primeiro sucessor de Dom Bosco, que o incentivou a perseverar na formação para se tornar Salesiano.
Entretanto, Zeferino foi acometido pela tuberculose, doença que, na época, era fatal. Foi levado em 28 de março ao hospital Fatebenefratelli da Ilha Tiberina, em Roma, onde permaneceu internado até sua morte, em 11 de maio do mesmo ano.
Desde 1924, seus restos mortais repousam no santuário de Fortín Mercedes, na Argentina, aonde multidões de peregrinos acorrem para venerá-lo. A fama de santidade espalhou-se pela América do Sul, em especial entre os povos indígenas e a gente simples do campo, antes mesmo de Zeferino Namuncurá ser declarado venerável pelo Papa Paulo VI, em 1972, e depois beatificado pelo Papa Bento XVI, em 2007.