As pessoas o chamavam de “o padre santo”

Terça, 31 Julho 2018 21:50 Escrito por  Teresio Bosco
No artigo a seguir, publicado no Bollettino Salesianoda Itália, Teresio Bosco conta a história do venerável padre Rodolfo Komorek, que viveu grande parte de sua vida no Brasil.    

Lavrinhas é uma pequena cidade do Estado de São Paulo. Em 1939, abriga uma casa para aspirantes salesianos e uma escola para jovens estudantes de filosofia. Padre Ladislau Paz, o diretor, se tornaria o bispo de Corumbá. Um dia, padre Paz está acompanhando à estação ferroviária um salesiano e avista um manto negro de sacerdote coberto por um objeto estranho e brilhante. Acelera o passo. Ele mesmo nos conta: “Qual não foi minha surpresa quando vi padre Rodolfo com uma lata cheia de água na cabeça. Essas latas serviam aos pobres como baldes. Ao lado de padre Rodolfo caminhava uma pobre mulher, jovem, que tinha vindo não se sabe de onde para alcançar água. Padre Rodolfo, para aliviá-la daquele grande peso, o levou à própria cabeça. Fiz de conta que não percebi nada, mas, voltando, o chamei: ‘Padre Rodolfo, o senhor não conhece aquela senhora, não sabe quem é. Quem sabe o que as pessoas pensaram ao passarem ao seu lado. Não faça mais assim’. Imediatamente ele respondeu: ‘Muito obrigado, diretor. Não farei mais isso’”.

 

Ele não trouxe mais o balde de mulheres desconhecidas, mas o diretor apressa-se em acrescentar: “Havia pedreiros em nossa casa, até meninos, que traziam tijolos e cansavam-se muito empurrando os carrinhos de mão. E ele, quando passava próximo, tomava das mãos deles o carrinho, a pilha de tijolos, o balde de cal e os levava ele mesmo”.

 

As lembranças de Wanda

Rodolfo Komorek nasceu em 11 de agosto de 1890 em Bielsko, que então fazia parte da Áustria. Foi o terceiro dos sete filhos de Giovanni e Agnese Goch. Aos 19 anos (enquanto seu irmão Roberto se torna engenheiro, sua irmã Wanda, professora, e Giovanni, musicista), Rodolfo entra no seminário arquidiocesano de Weidenau. A irmã Wanda escreve: “Na família era o que colocava a paz entre nós quando, como em toda família, se discutia um pouco. Na escola ele tinha ótimas notas. No seminário, por sua bondade, todos o queriam bem, e desde então o chamavam de São Luís”.

 

22 de julho de 1913 - Rodolfo Komorek é ordenado sacerdote pelo cardeal Kopp. Ele tem 23 anos. E no horizonte do mundo está surgindo a Primeira Guerra Mundial.

 

Em torno de Bielsko existem pequenas aglomerações urbanas onde, por um ano, padre Rodolfo é um sacerdote entre aqueles camponeses benevolentes. Mas, em 28 de julho de 1914, as tropas austríacas invadiram a Sérvia, e quatro dias depois a Alemanha estava em guerra com a Rússia e a França. Padre Rodolfo vê seus jovens camponeses partirem como soldados e pede para segui-los como padre.

 

Na linha de frente

Ele é capelão nos hospitais militares da Cracóvia. Ali vê chegar ondas de feridos das batalhas de Tannenberg, dos lagos Masuri, de Leopoli, os dilacerados pelas granadas na fortaleza austríaca de Przemysl. O irmão Roberto escreve: “Eu o visitei uma vez no hospital durante minha licença do front. Os doentes o amavam muito. Ele estava sempre entre eles, tentando aliviar-lhes o sofrimento”.

 

Mas ele pede para ser enviado como capelão para a linha de frente. Alcança as tropas do Tirol, onde recebe a medalha de mérito da Cruz Vermelha. Na motivação lê-se: “Um exemplo raro de padre que se dedica com idealismo aos compromissos de sua própria vocação”.

 

Enquanto vê tantos jovens morrendo, em seu coração cresce o desejo de consagrar-se mais ao Senhor e a seus irmãos: ele irá para as missões, onde muitos poloneses sobreviventes da guerra emigram para encontrar uma vida menos difícil. Ele ingressará nos Salesianos, que têm missões em todo o mundo.

 

No final de 1919, padre Rodolfo é nomeado pároco em Frystak. De lá, escreve ao cardeal Bertran pedindo permissão para ingressar nos Salesianos. A resposta é humilde e séria: “O Cardeal concede-lhe a permissão com sincera mágoa. No entanto, pede que permaneça na diocese, tendo em vista a grande falta de padres”.

 

Ele permanece até 1922, trabalhando e fazendo penitência por seus paroquianos. “Ele dormia num banco duro, coberto por um simples cobertor. Um dia, trazendo a Eucaristia a um homem doente, notou que ele era tão pobre que não tinha nada para se cobrir. Voltou para casa, pegou seu único cobertor e levou-o para aquele doente. Ele se cobria à noite com o casaco. Andando na rua todos os transeuntes, católicos ou não, e até mesmo os judeus, saudavam-no, dizendo que era um homem santo. Seu confessionário sempre estava lotado, era gentil com as pessoas e amava muito as crianças”.

 

18 de janeiro de 1922 - É o dia mais doloroso para padre Rodolfo. Sua querida mãe Agnese morre. Agora ele não tem mais nada para detê-lo. Em outubro, aos 32 anos dos quais nove como sacerdote, inicia o noviciado salesiano e apresenta a solicitação para partir nas missões. Chega do Brasil o pedido para que alguns padres venham cuidar dos imigrantes poloneses e padre Rodolfo é aceito. Chega a Turim, onde recebe o crucifixo dos missionários das mãos do beato padre Rinaldi.

 

Entre os imigrantes poloneses

27 de novembro de 1924 - Padre Rodolfo chega ao Brasil e é enviado para trabalhar nas escolas e na capela da comunidade polonesa de São Feliciano, RS. “Para os colonos, ele foi um anjo consolador. Preparava para a Primeira Comunhão os filhos de uma dezena de escolas que abrimos nos vários centros da colônia. Várias vezes por semana ele ia a cavalo para ajudar os doentes nos centros, ministrando-lhes o Viático. À noite, reunia as pessoas junto à igreja para a pregação e para recitar o rosário. Ele fazia muitas penitências”.

 

É nessa época que os cristãos entre os quais trabalha começam a chamá-lo de “o padre santo”. Quando as pessoas simples o chamam assim, ele se torna muito sério e responde: “Eu sou o padre Rodolfo, um grande pecador”.

 

Junho de 1936 - Padre Rodolfo tem 46 anos e sua saúde começa a enfraquecer. Em Lavrinhas, SP, falta o confessor aos jovens estudantes salesianos. O inspetor pensa em padre Rodolfo: ninguém melhor do que ele para educar aqueles jovens para uma vida sacrificada e santa.

 

O inspetor escreve ao padre Ladislau Paz: “Tenho a convicção de lhes enviar um santo”. Padre Ladislau logo percebe que isso não é um exagero. Ele escreve: “Antes e depois das confissões, ele orava por muito tempo. Seu confessionário estava sempre cercado por pessoas que o procuravam para receber a absolvição e os conselhos apropriados que dava, curtos, firmes e práticos”.

 

“Quando aparecia alguém procurando um padre para ajudar um doente - recorda padre Paz - ele era o primeiro a se oferecer. Corria para a sacristia para levar o Santíssimo no cibório, pegava o cavalo pelas rédeas e partia. Ao longo do caminho, recitava o rosário. Às vezes, tinha que chegar a casebres distantes, em altas colinas e sem estradas. Mas ele ia, chovesse ou fizesse sol, desenrolando seu rosário negro, já muito usado e gasto, que nunca quis trocar por outro”.

 

Janeiro de 1941 - A saúde do padre Rodolfo está seriamente comprometida. Uma teimosa tosse o consome dia e noite. Ele é enviado para a residência salesiana de São José dos Campos, SP, uma casa de saúde. Um exame completo elimina qualquer dúvida: seus pulmões estão gravemente afetados pela tuberculose. Ele deve permanecer em São José porque só o cuidado extremo pode prolongar sua vida.

 

No limiar do céu

Em dezembro de 1942, chega à mesma casa de saúde Giovanni Marchesi, um jovem padre que se tornará bispo. Ele se lembra de padre Rodolfo dessa maneira: “Eu fiquei muito contente de viver ao lado de um santo. Embora doente, ele trabalhava o dia inteiro no ministério sacerdotal. A Santa Casa (retiro dos idosos), da qual ele era capelão, e o sanatório Vicentina Aranha eram o campo do seu apostolado. Quantos tuberculosos assistiu! Alguns, primeiro indiferentes, acabaram recebendo os sacramentos do ‘santo padre’, como o chamavam. Sua pobreza nos impressionava. Dormia sobre três mesas de madeira, com um cobertor muito velho e alguns sobretudos gastos para se cobrir. Sua humildade era imensa: sempre o último de todos”.

 

Irmã Maria Faleiros, que estava ao lado dele nas últimas horas, testemunhou: “Ele queria que seus remédios, agora inúteis, dizia ele, fossem dados aos pobres que não conseguiam obtê-los. Nunca teve um momento de impaciência. Nas últimas horas ele me disse, preocupado: “Irmã, é difícil morrer. Eu não sabia que era assim’. Na véspera de sua morte, pediu ao seu superior os sacramentos em particular. Depois da Unção dos Enfermos, estava sereno, calmo. Pediu que o deixássemos orar. Morreu poucas horas depois, em 11 de dezembro de 1949”. A Igreja reconheceu suas virtudes heroicas cristãs e o declarou “venerável” em 1995.

Publicado originalmente em Il Bollettino Salesiano – Itália, março de 2018. Tradução: Elaine Tozetto.

 

Capela, museu e relicário

Padre Rodolfo Komorek foi enterrado no cemitério do centro de São José – que recebeu seu nome em 2003. Entretanto, no local existe apenas uma referência pois, desde 1983, seus restos mortais estão na Capela Menino Jesus de Praga, localiza dentro do espaço físico da Paróquia Sagrada Família. O local recebe todos os anos grande número de visitantes e peregrinos provenientes de todas as partes do Brasil.

Anexo à capela fica o museu e relicário do Padre Rodolfo, que tem em seu acervo materiais utilizados por ele, objetos de uso pessoal e litúrgicos e alguns itens curiosos, como o genuflexório que Padre Rodolfo adaptou para se tornar um confessionário e que ele carregava consigo.

Segundo a organização da paróquia, há registros de 12 mil graças atribuídas à intercessão de padre Rodolfo Komorek.

Conheça mais sobre a Capela Menino Jesus de Praga e o relicário do Padre Rodolfo:

http://sagradafamiliaonline.org.br/capela-menino-jesus-de-praga/

 

Oração para pedir a Deus a glorificação do

Venerável Padre Rodolfo Komorek

Ó Jesus, no Venerável Padre Rodolfo nos destes um comovente exemplo de amor aos pobres e aos doentes, de paciente dedicação ao ministério das Confissões. Sua vida de caridade e penitência constitui um contínuo apelo ao seguimento do Evangelho. Concedei-nos, por sua intercessão, a graça que vos pedimos (pedir a graça desejada), e a sua glorificação entre os santos da vossa Igreja, que ele honrou com uma vida de grandes virtudes. Amém. (Com aprovação eclesiástica)

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Última modificação em Quarta, 08 Agosto 2018 13:12

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As pessoas o chamavam de “o padre santo”

Terça, 31 Julho 2018 21:50 Escrito por  Teresio Bosco
No artigo a seguir, publicado no Bollettino Salesianoda Itália, Teresio Bosco conta a história do venerável padre Rodolfo Komorek, que viveu grande parte de sua vida no Brasil.    

Lavrinhas é uma pequena cidade do Estado de São Paulo. Em 1939, abriga uma casa para aspirantes salesianos e uma escola para jovens estudantes de filosofia. Padre Ladislau Paz, o diretor, se tornaria o bispo de Corumbá. Um dia, padre Paz está acompanhando à estação ferroviária um salesiano e avista um manto negro de sacerdote coberto por um objeto estranho e brilhante. Acelera o passo. Ele mesmo nos conta: “Qual não foi minha surpresa quando vi padre Rodolfo com uma lata cheia de água na cabeça. Essas latas serviam aos pobres como baldes. Ao lado de padre Rodolfo caminhava uma pobre mulher, jovem, que tinha vindo não se sabe de onde para alcançar água. Padre Rodolfo, para aliviá-la daquele grande peso, o levou à própria cabeça. Fiz de conta que não percebi nada, mas, voltando, o chamei: ‘Padre Rodolfo, o senhor não conhece aquela senhora, não sabe quem é. Quem sabe o que as pessoas pensaram ao passarem ao seu lado. Não faça mais assim’. Imediatamente ele respondeu: ‘Muito obrigado, diretor. Não farei mais isso’”.

 

Ele não trouxe mais o balde de mulheres desconhecidas, mas o diretor apressa-se em acrescentar: “Havia pedreiros em nossa casa, até meninos, que traziam tijolos e cansavam-se muito empurrando os carrinhos de mão. E ele, quando passava próximo, tomava das mãos deles o carrinho, a pilha de tijolos, o balde de cal e os levava ele mesmo”.

 

As lembranças de Wanda

Rodolfo Komorek nasceu em 11 de agosto de 1890 em Bielsko, que então fazia parte da Áustria. Foi o terceiro dos sete filhos de Giovanni e Agnese Goch. Aos 19 anos (enquanto seu irmão Roberto se torna engenheiro, sua irmã Wanda, professora, e Giovanni, musicista), Rodolfo entra no seminário arquidiocesano de Weidenau. A irmã Wanda escreve: “Na família era o que colocava a paz entre nós quando, como em toda família, se discutia um pouco. Na escola ele tinha ótimas notas. No seminário, por sua bondade, todos o queriam bem, e desde então o chamavam de São Luís”.

 

22 de julho de 1913 - Rodolfo Komorek é ordenado sacerdote pelo cardeal Kopp. Ele tem 23 anos. E no horizonte do mundo está surgindo a Primeira Guerra Mundial.

 

Em torno de Bielsko existem pequenas aglomerações urbanas onde, por um ano, padre Rodolfo é um sacerdote entre aqueles camponeses benevolentes. Mas, em 28 de julho de 1914, as tropas austríacas invadiram a Sérvia, e quatro dias depois a Alemanha estava em guerra com a Rússia e a França. Padre Rodolfo vê seus jovens camponeses partirem como soldados e pede para segui-los como padre.

 

Na linha de frente

Ele é capelão nos hospitais militares da Cracóvia. Ali vê chegar ondas de feridos das batalhas de Tannenberg, dos lagos Masuri, de Leopoli, os dilacerados pelas granadas na fortaleza austríaca de Przemysl. O irmão Roberto escreve: “Eu o visitei uma vez no hospital durante minha licença do front. Os doentes o amavam muito. Ele estava sempre entre eles, tentando aliviar-lhes o sofrimento”.

 

Mas ele pede para ser enviado como capelão para a linha de frente. Alcança as tropas do Tirol, onde recebe a medalha de mérito da Cruz Vermelha. Na motivação lê-se: “Um exemplo raro de padre que se dedica com idealismo aos compromissos de sua própria vocação”.

 

Enquanto vê tantos jovens morrendo, em seu coração cresce o desejo de consagrar-se mais ao Senhor e a seus irmãos: ele irá para as missões, onde muitos poloneses sobreviventes da guerra emigram para encontrar uma vida menos difícil. Ele ingressará nos Salesianos, que têm missões em todo o mundo.

 

No final de 1919, padre Rodolfo é nomeado pároco em Frystak. De lá, escreve ao cardeal Bertran pedindo permissão para ingressar nos Salesianos. A resposta é humilde e séria: “O Cardeal concede-lhe a permissão com sincera mágoa. No entanto, pede que permaneça na diocese, tendo em vista a grande falta de padres”.

 

Ele permanece até 1922, trabalhando e fazendo penitência por seus paroquianos. “Ele dormia num banco duro, coberto por um simples cobertor. Um dia, trazendo a Eucaristia a um homem doente, notou que ele era tão pobre que não tinha nada para se cobrir. Voltou para casa, pegou seu único cobertor e levou-o para aquele doente. Ele se cobria à noite com o casaco. Andando na rua todos os transeuntes, católicos ou não, e até mesmo os judeus, saudavam-no, dizendo que era um homem santo. Seu confessionário sempre estava lotado, era gentil com as pessoas e amava muito as crianças”.

 

18 de janeiro de 1922 - É o dia mais doloroso para padre Rodolfo. Sua querida mãe Agnese morre. Agora ele não tem mais nada para detê-lo. Em outubro, aos 32 anos dos quais nove como sacerdote, inicia o noviciado salesiano e apresenta a solicitação para partir nas missões. Chega do Brasil o pedido para que alguns padres venham cuidar dos imigrantes poloneses e padre Rodolfo é aceito. Chega a Turim, onde recebe o crucifixo dos missionários das mãos do beato padre Rinaldi.

 

Entre os imigrantes poloneses

27 de novembro de 1924 - Padre Rodolfo chega ao Brasil e é enviado para trabalhar nas escolas e na capela da comunidade polonesa de São Feliciano, RS. “Para os colonos, ele foi um anjo consolador. Preparava para a Primeira Comunhão os filhos de uma dezena de escolas que abrimos nos vários centros da colônia. Várias vezes por semana ele ia a cavalo para ajudar os doentes nos centros, ministrando-lhes o Viático. À noite, reunia as pessoas junto à igreja para a pregação e para recitar o rosário. Ele fazia muitas penitências”.

 

É nessa época que os cristãos entre os quais trabalha começam a chamá-lo de “o padre santo”. Quando as pessoas simples o chamam assim, ele se torna muito sério e responde: “Eu sou o padre Rodolfo, um grande pecador”.

 

Junho de 1936 - Padre Rodolfo tem 46 anos e sua saúde começa a enfraquecer. Em Lavrinhas, SP, falta o confessor aos jovens estudantes salesianos. O inspetor pensa em padre Rodolfo: ninguém melhor do que ele para educar aqueles jovens para uma vida sacrificada e santa.

 

O inspetor escreve ao padre Ladislau Paz: “Tenho a convicção de lhes enviar um santo”. Padre Ladislau logo percebe que isso não é um exagero. Ele escreve: “Antes e depois das confissões, ele orava por muito tempo. Seu confessionário estava sempre cercado por pessoas que o procuravam para receber a absolvição e os conselhos apropriados que dava, curtos, firmes e práticos”.

 

“Quando aparecia alguém procurando um padre para ajudar um doente - recorda padre Paz - ele era o primeiro a se oferecer. Corria para a sacristia para levar o Santíssimo no cibório, pegava o cavalo pelas rédeas e partia. Ao longo do caminho, recitava o rosário. Às vezes, tinha que chegar a casebres distantes, em altas colinas e sem estradas. Mas ele ia, chovesse ou fizesse sol, desenrolando seu rosário negro, já muito usado e gasto, que nunca quis trocar por outro”.

 

Janeiro de 1941 - A saúde do padre Rodolfo está seriamente comprometida. Uma teimosa tosse o consome dia e noite. Ele é enviado para a residência salesiana de São José dos Campos, SP, uma casa de saúde. Um exame completo elimina qualquer dúvida: seus pulmões estão gravemente afetados pela tuberculose. Ele deve permanecer em São José porque só o cuidado extremo pode prolongar sua vida.

 

No limiar do céu

Em dezembro de 1942, chega à mesma casa de saúde Giovanni Marchesi, um jovem padre que se tornará bispo. Ele se lembra de padre Rodolfo dessa maneira: “Eu fiquei muito contente de viver ao lado de um santo. Embora doente, ele trabalhava o dia inteiro no ministério sacerdotal. A Santa Casa (retiro dos idosos), da qual ele era capelão, e o sanatório Vicentina Aranha eram o campo do seu apostolado. Quantos tuberculosos assistiu! Alguns, primeiro indiferentes, acabaram recebendo os sacramentos do ‘santo padre’, como o chamavam. Sua pobreza nos impressionava. Dormia sobre três mesas de madeira, com um cobertor muito velho e alguns sobretudos gastos para se cobrir. Sua humildade era imensa: sempre o último de todos”.

 

Irmã Maria Faleiros, que estava ao lado dele nas últimas horas, testemunhou: “Ele queria que seus remédios, agora inúteis, dizia ele, fossem dados aos pobres que não conseguiam obtê-los. Nunca teve um momento de impaciência. Nas últimas horas ele me disse, preocupado: “Irmã, é difícil morrer. Eu não sabia que era assim’. Na véspera de sua morte, pediu ao seu superior os sacramentos em particular. Depois da Unção dos Enfermos, estava sereno, calmo. Pediu que o deixássemos orar. Morreu poucas horas depois, em 11 de dezembro de 1949”. A Igreja reconheceu suas virtudes heroicas cristãs e o declarou “venerável” em 1995.

Publicado originalmente em Il Bollettino Salesiano – Itália, março de 2018. Tradução: Elaine Tozetto.

 

Capela, museu e relicário

Padre Rodolfo Komorek foi enterrado no cemitério do centro de São José – que recebeu seu nome em 2003. Entretanto, no local existe apenas uma referência pois, desde 1983, seus restos mortais estão na Capela Menino Jesus de Praga, localiza dentro do espaço físico da Paróquia Sagrada Família. O local recebe todos os anos grande número de visitantes e peregrinos provenientes de todas as partes do Brasil.

Anexo à capela fica o museu e relicário do Padre Rodolfo, que tem em seu acervo materiais utilizados por ele, objetos de uso pessoal e litúrgicos e alguns itens curiosos, como o genuflexório que Padre Rodolfo adaptou para se tornar um confessionário e que ele carregava consigo.

Segundo a organização da paróquia, há registros de 12 mil graças atribuídas à intercessão de padre Rodolfo Komorek.

Conheça mais sobre a Capela Menino Jesus de Praga e o relicário do Padre Rodolfo:

http://sagradafamiliaonline.org.br/capela-menino-jesus-de-praga/

 

Oração para pedir a Deus a glorificação do

Venerável Padre Rodolfo Komorek

Ó Jesus, no Venerável Padre Rodolfo nos destes um comovente exemplo de amor aos pobres e aos doentes, de paciente dedicação ao ministério das Confissões. Sua vida de caridade e penitência constitui um contínuo apelo ao seguimento do Evangelho. Concedei-nos, por sua intercessão, a graça que vos pedimos (pedir a graça desejada), e a sua glorificação entre os santos da vossa Igreja, que ele honrou com uma vida de grandes virtudes. Amém. (Com aprovação eclesiástica)

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