Dom Bosco e o teatro

Quarta, 04 Abril 2018 10:55 Escrito por  ANS - Argentina
Dom Bosco e o teatro Foto: ANS
Um espaço de comunhão e difusão de arte e cultura definem a ideia de teatro. Porém, para a Família Salesiana, o teatro é muito mais: é um importante pilar da educação, especialmente durante o “tempo livre”.  

A primeira peça da qual temos registro no ambiente do oratório salesiano data de 29 de junho de 1847, segundo as Memórias biográficas de Dom Bosco. O Pai e Mestre da Juventude fundara o oratório para ensinar profissões aos jovens e para mantê-los longe das atividades criminosas, da pobreza e do desânimo. Quando começou a oferecer cursos regulares em disciplinas como Línguas ou Matemática, houve uma migração dos oratórios para as escolas, que foram então transformadas em internatos.

 

Foi naquele contexto de tempo e espaço que Dom Bosco considerou adequado introduzir o teatro como uma ferramenta educacional, com o intuito de transmitir bons valores e garantir que as crianças se mantivessem ativas durante o tempo livre, após terminarem seus estudos diários.

 

Posteriormente, o fundador do oratório escreveu as Regras para o pequeno teatro, uma compilação de 19 normas que ainda hoje servem de referência. Para compreender o seu conteúdo, basta observar as metas que Dom Bosco quis atingir usando o teatro (que deve ter um “caráter didático”) como instrumento: “alegrar, educar, instruir, especialmente do ponto de vista moral, os jovens”. Nestas 19 regras, Dom Bosco soube reunir recomendações de natureza religiosa e educacional a observações puramente teatrais.

 

Regras para o pequeno teatro

1. O objetivo do pequeno teatro é alegrar, educar, instruir, especialmente do ponto de vista moral, os jovens.

2. Que seja nomeado um diretor do pequeno teatro, o qual deve manter o diretor da casa sobre o que será representado e o dia estabelecido; o diretor do pequeno teatro deve também entrar em acordo com o diretor da casa quanto à eleição dos jovens que devem subir ao palco.

3. Que, entre os jovens destinados a representar, sejam preferido os melhores em comportamento, os quais de vez em quando, e para servir de estímulo, serão substituídos por outros colegas.

4. Que aqueles que já estão ocupados com a música ou o som tentem permanecer fora das representações. No entanto, durante os intervalos, eles podem declamar um trecho de poesia ou qualquer outra coisa.

5. Tanto quanto possível, os diretores de arte estão livres de representar.

6. Procure-se cuidar para que as composições sejam agradáveis e direcionadas para a recrear e divertir, mas que sejam sempre instrutivas, morais e breves. As peças muito extensas, além de prolongar os ensaios, geralmente cansam o auditório, fazem com que se perca o valor da representação e provocam o tédio, por mais que o assunto seja interessante.

7. Evitem-se as composições que representam atos atrozes. Será tolerado para uma cena um pouco séria, mas as expressões pouco-cristãs e aquelas palavras que, dita em outro lugar, seriam julgadas rudes ou muito vulgares, devem ser removidas.

8. Que o diretor esteja sempre presente nos ensaios, e quando eles se realizem à noite, não devem ser estendidos além das dez horas. Uma vez terminados, o diretor deve observar que todos se dirijam imediatamente e em silêncio para os dormitórios, sem se entreter em conversas que são prejudiciais e causam desconforto para aqueles que já estão descansando.

9. Que o diretor cuide bem de preparar o palco e o cenário no dia anterior, para que não se trabalhe no dia da apresentação.

10. Que seja rigoroso na aquisição de vestuários decentes e de pouco custo.

11. Que para cada entretenimento haja acordo com os responsáveis de som e canto sobre os trechos de música que serão tocados.

12. Que não se permita, a quem quer que seja e sem um motivo justo, entrar no palco e menos ainda nos vestiários dos atores. Também se vigie que, durante a performance, não se mantenham conversas privadas e que se preserve a maior decência possível.

13. Que se providencie para que o teatro não incomode o horário habitual e, tendo a necessidade de mudá-lo, deve-se falar primeiro com o diretor da casa.

14. Que ninguém vá jantar separadamente; que não sejam dados prêmios, sinais de estima ou louvor àqueles que são favorecidos por Deus com maiores aptidões para representar, cantar ou tocar. Eles já são recompensados com o maior tempo livre e com as lições que são dadas em seu benefício.

15. Evite-se, tanto quanto possível, as pausas na preparação e desmonte do palco e a deterioração dos trajes e adereços do pequeno teatro.

16. Que se conserve com cuidado na pequena biblioteca teatral os dramas e as representações reduzidas e adaptadas para o uso de nossas escolas.

17. Não podendo o diretor sozinho realizar tudo conforme prescrito neste regulamento, será estabelecido um assistente que é o chamado “traspunte”.

18. Recomende-se aos atores entonação de voz natural, com uma pronúncia clara e postura relaxada e segura. Isso será facilmente obtido se cada um estudar bem as suas falas.

19. Considere-se que o charme e a especialidade de nossos pequenos teatros consistem em abreviar os intervalos entre um e outro ato com a recitação de composições preparadas e coletadas de bons autores.

 

Fonte: Don Bosco Nord - Argentina

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Última modificação em Segunda, 25 Junho 2018 16:27

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Dom Bosco e o teatro

Quarta, 04 Abril 2018 10:55 Escrito por  ANS - Argentina
Dom Bosco e o teatro Foto: ANS
Um espaço de comunhão e difusão de arte e cultura definem a ideia de teatro. Porém, para a Família Salesiana, o teatro é muito mais: é um importante pilar da educação, especialmente durante o “tempo livre”.  

A primeira peça da qual temos registro no ambiente do oratório salesiano data de 29 de junho de 1847, segundo as Memórias biográficas de Dom Bosco. O Pai e Mestre da Juventude fundara o oratório para ensinar profissões aos jovens e para mantê-los longe das atividades criminosas, da pobreza e do desânimo. Quando começou a oferecer cursos regulares em disciplinas como Línguas ou Matemática, houve uma migração dos oratórios para as escolas, que foram então transformadas em internatos.

 

Foi naquele contexto de tempo e espaço que Dom Bosco considerou adequado introduzir o teatro como uma ferramenta educacional, com o intuito de transmitir bons valores e garantir que as crianças se mantivessem ativas durante o tempo livre, após terminarem seus estudos diários.

 

Posteriormente, o fundador do oratório escreveu as Regras para o pequeno teatro, uma compilação de 19 normas que ainda hoje servem de referência. Para compreender o seu conteúdo, basta observar as metas que Dom Bosco quis atingir usando o teatro (que deve ter um “caráter didático”) como instrumento: “alegrar, educar, instruir, especialmente do ponto de vista moral, os jovens”. Nestas 19 regras, Dom Bosco soube reunir recomendações de natureza religiosa e educacional a observações puramente teatrais.

 

Regras para o pequeno teatro

1. O objetivo do pequeno teatro é alegrar, educar, instruir, especialmente do ponto de vista moral, os jovens.

2. Que seja nomeado um diretor do pequeno teatro, o qual deve manter o diretor da casa sobre o que será representado e o dia estabelecido; o diretor do pequeno teatro deve também entrar em acordo com o diretor da casa quanto à eleição dos jovens que devem subir ao palco.

3. Que, entre os jovens destinados a representar, sejam preferido os melhores em comportamento, os quais de vez em quando, e para servir de estímulo, serão substituídos por outros colegas.

4. Que aqueles que já estão ocupados com a música ou o som tentem permanecer fora das representações. No entanto, durante os intervalos, eles podem declamar um trecho de poesia ou qualquer outra coisa.

5. Tanto quanto possível, os diretores de arte estão livres de representar.

6. Procure-se cuidar para que as composições sejam agradáveis e direcionadas para a recrear e divertir, mas que sejam sempre instrutivas, morais e breves. As peças muito extensas, além de prolongar os ensaios, geralmente cansam o auditório, fazem com que se perca o valor da representação e provocam o tédio, por mais que o assunto seja interessante.

7. Evitem-se as composições que representam atos atrozes. Será tolerado para uma cena um pouco séria, mas as expressões pouco-cristãs e aquelas palavras que, dita em outro lugar, seriam julgadas rudes ou muito vulgares, devem ser removidas.

8. Que o diretor esteja sempre presente nos ensaios, e quando eles se realizem à noite, não devem ser estendidos além das dez horas. Uma vez terminados, o diretor deve observar que todos se dirijam imediatamente e em silêncio para os dormitórios, sem se entreter em conversas que são prejudiciais e causam desconforto para aqueles que já estão descansando.

9. Que o diretor cuide bem de preparar o palco e o cenário no dia anterior, para que não se trabalhe no dia da apresentação.

10. Que seja rigoroso na aquisição de vestuários decentes e de pouco custo.

11. Que para cada entretenimento haja acordo com os responsáveis de som e canto sobre os trechos de música que serão tocados.

12. Que não se permita, a quem quer que seja e sem um motivo justo, entrar no palco e menos ainda nos vestiários dos atores. Também se vigie que, durante a performance, não se mantenham conversas privadas e que se preserve a maior decência possível.

13. Que se providencie para que o teatro não incomode o horário habitual e, tendo a necessidade de mudá-lo, deve-se falar primeiro com o diretor da casa.

14. Que ninguém vá jantar separadamente; que não sejam dados prêmios, sinais de estima ou louvor àqueles que são favorecidos por Deus com maiores aptidões para representar, cantar ou tocar. Eles já são recompensados com o maior tempo livre e com as lições que são dadas em seu benefício.

15. Evite-se, tanto quanto possível, as pausas na preparação e desmonte do palco e a deterioração dos trajes e adereços do pequeno teatro.

16. Que se conserve com cuidado na pequena biblioteca teatral os dramas e as representações reduzidas e adaptadas para o uso de nossas escolas.

17. Não podendo o diretor sozinho realizar tudo conforme prescrito neste regulamento, será estabelecido um assistente que é o chamado “traspunte”.

18. Recomende-se aos atores entonação de voz natural, com uma pronúncia clara e postura relaxada e segura. Isso será facilmente obtido se cada um estudar bem as suas falas.

19. Considere-se que o charme e a especialidade de nossos pequenos teatros consistem em abreviar os intervalos entre um e outro ato com a recitação de composições preparadas e coletadas de bons autores.

 

Fonte: Don Bosco Nord - Argentina

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