Papa: A busca da verdade é o mais radical antídoto à falsidade

Quarta, 24 Janeiro 2018 13:23 Escrito por  Alessandro Gisotti – Silvonei José – Cidade do Vaticano
Nesta quarta-feira, 24 de janeiro, memória de São Francisco de Sales, padroeiro da imprensa católica, foi divulgada por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais a mensagem do Papa Francisco aos comunicadores de todo o mundo. O tema é: "A verdade vos tornará livres (Jo 8,32). Fake News e jornalismo de paz". Numa mensagem articulada em 4 pontos, o Papa Francisco pede aos comunicadores que voltem à sua “missão”: “ser guardiões das notícias”.  

O tema da mensagem é de grande atualidade, no entanto, o Papa recorda que já em 1972 o seu predecessor Paulo VI escolhera para o Dia das Comunicações Sociais o tema da informação “a serviço da verdade”. Precisamos de um jornalismo que “não queime as notícias”, mas busque sempre a verdade e seja sempre “comprometido a indicar soluções alternativas às “escalation” do clamor e da violência verbal”.

 

A desinformação fomenta conflitos

Na primeira parte da Mensagem, o Papa analisa o fenômeno das “fake news”. As falsas notícias, observa, visam “enganar e até mesmo manipular o destinatário”. Observa que às vezes sua difusão visa “influenciar as escolhas políticas e favorecer os lucros econômicos”. Hoje em dia, sua difusão “pode contar com um uso manipulador das redes sociais” que tornam “virais” as notícias falsas.

 

O drama da desinformação, adverte Francisco, é “o descrédito do outro, a sua representação como inimigo” que pode até mesmo “fomentar conflitos”. Francisco destaca que muitas vezes afunda suas raízes “na sede de poder” que “se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração”.

 

A “lógica da serpente”

Todos, exorta a Mensagem, somos chamados a contrastar essas falsidades e chamar a atenção para as “iniciativas educativas” que ajudam a “não ser divulgadores inconscientes de desinformação, mas atores do seu desvendamento”. E aqui o Papa, voltando ao Livro do Gênesis, observa que, na base das notícias falsas, há a “lógica da serpente” que, de alguma forma, tornou-se “artífice da primeira fake news”.

 

O tentador, lê-se na Mensagem, “assume uma aparência credível” e concentra-se "na sedução que abre caminho no coração do homem com argumentos falsos e sedutores”. Precisamente como as notícias falsas. Este episódio bíblico mostra que “nenhuma desinformação é inofensiva; pelo contrário, fiar-se daquilo que é falso produz consequências nefastas”, já que também “uma distorção da verdade aparentemente leve pode ter efeitos perigosos”.

 

A busca da verdade

“Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras – escreve Francisco citando Dostoevskij, autor que muito aprecia - chega ao ponto de já não poder distinguir a verdade”. E precisamente a verdade, sublinha a Mensagem, é o antídoto mais radical ao “vírus da falsidade”.

 

Portanto, ampliando o horizonte, o Papa enfatiza que a “libertação da falsidade e a busca do relacionamento” são os “dois ingredientes que não podem faltar, para que as nossas palavras e os nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e fiáveis”.

 

O “guardião das notícias”

As pessoas e não as estratégias, sublinha o Papa, são o melhor “antídoto contra falsidades”. As pessoas, acrescenta, que “livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade”. Evidencia assim a responsabilidade dos jornalistas ao informar.

 

O jornalista, observa a Mensagem, é o “guardião das notícias” e tem a tarefa, “no frenesi das notícias e na voragem dos “scoop”, de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audiência, mas as pessoas”.

 

Um jornalismo de paz que cria comunhão

A Mensagem de Francisco termina com um forte apelo para um “jornalismo da paz”. Não se trata, adverte, de um "jornalismo ‘bonzinho’, que negue a existência de problemas graves”, mas de um jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a “slogans” sensacionalistas e a declarações bombásticas. Serve, escreve o Papa, um jornalismo “feito por pessoas para as pessoas, um jornalismo como ‘serviço’, que dê voz a quem não tem voz”.

 

O documento conclui com uma oração inspirada em São Francisco. Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão, é a invocação do Papa, “onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade; e onde houver falsidade, fazei que levemos verdade”.

Leia AQUI a mensagem na íntegra

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Última modificação em Quarta, 03 Julho 2024 18:33

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Papa: A busca da verdade é o mais radical antídoto à falsidade

Quarta, 24 Janeiro 2018 13:23 Escrito por  Alessandro Gisotti – Silvonei José – Cidade do Vaticano
Nesta quarta-feira, 24 de janeiro, memória de São Francisco de Sales, padroeiro da imprensa católica, foi divulgada por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais a mensagem do Papa Francisco aos comunicadores de todo o mundo. O tema é: "A verdade vos tornará livres (Jo 8,32). Fake News e jornalismo de paz". Numa mensagem articulada em 4 pontos, o Papa Francisco pede aos comunicadores que voltem à sua “missão”: “ser guardiões das notícias”.  

O tema da mensagem é de grande atualidade, no entanto, o Papa recorda que já em 1972 o seu predecessor Paulo VI escolhera para o Dia das Comunicações Sociais o tema da informação “a serviço da verdade”. Precisamos de um jornalismo que “não queime as notícias”, mas busque sempre a verdade e seja sempre “comprometido a indicar soluções alternativas às “escalation” do clamor e da violência verbal”.

 

A desinformação fomenta conflitos

Na primeira parte da Mensagem, o Papa analisa o fenômeno das “fake news”. As falsas notícias, observa, visam “enganar e até mesmo manipular o destinatário”. Observa que às vezes sua difusão visa “influenciar as escolhas políticas e favorecer os lucros econômicos”. Hoje em dia, sua difusão “pode contar com um uso manipulador das redes sociais” que tornam “virais” as notícias falsas.

 

O drama da desinformação, adverte Francisco, é “o descrédito do outro, a sua representação como inimigo” que pode até mesmo “fomentar conflitos”. Francisco destaca que muitas vezes afunda suas raízes “na sede de poder” que “se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração”.

 

A “lógica da serpente”

Todos, exorta a Mensagem, somos chamados a contrastar essas falsidades e chamar a atenção para as “iniciativas educativas” que ajudam a “não ser divulgadores inconscientes de desinformação, mas atores do seu desvendamento”. E aqui o Papa, voltando ao Livro do Gênesis, observa que, na base das notícias falsas, há a “lógica da serpente” que, de alguma forma, tornou-se “artífice da primeira fake news”.

 

O tentador, lê-se na Mensagem, “assume uma aparência credível” e concentra-se "na sedução que abre caminho no coração do homem com argumentos falsos e sedutores”. Precisamente como as notícias falsas. Este episódio bíblico mostra que “nenhuma desinformação é inofensiva; pelo contrário, fiar-se daquilo que é falso produz consequências nefastas”, já que também “uma distorção da verdade aparentemente leve pode ter efeitos perigosos”.

 

A busca da verdade

“Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras – escreve Francisco citando Dostoevskij, autor que muito aprecia - chega ao ponto de já não poder distinguir a verdade”. E precisamente a verdade, sublinha a Mensagem, é o antídoto mais radical ao “vírus da falsidade”.

 

Portanto, ampliando o horizonte, o Papa enfatiza que a “libertação da falsidade e a busca do relacionamento” são os “dois ingredientes que não podem faltar, para que as nossas palavras e os nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e fiáveis”.

 

O “guardião das notícias”

As pessoas e não as estratégias, sublinha o Papa, são o melhor “antídoto contra falsidades”. As pessoas, acrescenta, que “livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade”. Evidencia assim a responsabilidade dos jornalistas ao informar.

 

O jornalista, observa a Mensagem, é o “guardião das notícias” e tem a tarefa, “no frenesi das notícias e na voragem dos “scoop”, de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audiência, mas as pessoas”.

 

Um jornalismo de paz que cria comunhão

A Mensagem de Francisco termina com um forte apelo para um “jornalismo da paz”. Não se trata, adverte, de um "jornalismo ‘bonzinho’, que negue a existência de problemas graves”, mas de um jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a “slogans” sensacionalistas e a declarações bombásticas. Serve, escreve o Papa, um jornalismo “feito por pessoas para as pessoas, um jornalismo como ‘serviço’, que dê voz a quem não tem voz”.

 

O documento conclui com uma oração inspirada em São Francisco. Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão, é a invocação do Papa, “onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade; e onde houver falsidade, fazei que levemos verdade”.

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