O Boletim Salesiano: “uma arma poderosa”!

Sexta, 26 Mai 2017 09:52 Escrito por 
Este ano, o Boletim Salesiano comemora os 140 anos da sua fundação. Ele foi iniciado em agosto de 1877, pelo próprio Dom Bosco, e hoje é publicado no mundo todo, em 30 línguas e 55 edições diferentes, assumindo em cada uma o rosto regional.

Dom Bosco, comunicador nato, estava no auge da sua vida como fundador, com fama de santo, conhecido em vários países e tendo grande sucesso editorial através das suas publicações, principalmente as Leituras Católicas. Foi nesse contexto que, em 1875, lançou um folheto chamado “Bibliófilo Católico”, com o objetivo de fomentar as boas leituras, fazer publicidade dos livros salesianos e oferecer ideias religiosas e morais. Em agosto de 1877, Dom Bosco transformou o folheto em uma publicação oficial, com o nome de Bibliófilo Católico ou Boletim Salesiano Mensal. Ele mesmo escreveu este primeiro número.

Em 1879, passou a denominar-se Boletim Salesiano. Neste mesmo ano o Boletim começou a ser publicado em francês e depois, em 1886, em espanhol. Os quatro primeiros Capítulos Gerais da Sociedade de São Francisco de Sales registram deliberações tomadas a respeito desse veículo de comunicação salesiana. É interessante notar que essas deliberações estão sempre unidas à Associação dos Cooperadores. Dom Bosco concebia o BS como um elemento da “fundação” dos cooperadores. Por isso, nas deliberações do 1º Capítulo Geral, em 1877, lemos que o BS “proporciona o vínculo de unidade com e entre os cooperadores”.

 

Gratuidade

Dom Bosco desejava que o BS fosse editado e publicado de forma centralizada. Isso foi discutido no 2º Capítulo Geral, em 1880. Ao mesmo tempo, o Boletim era distribuído de forma gratuita, o que ocasionou discussões. Dom Bosco sempre defendeu a gratuidade, afirmando que os cooperadores “nos devolvem nosso dinheiro e muito mais”. E para que se evitassem problemas econômicos em relação ao BS, dizia ser necessário “colocar alguém para cuidar dele, com tempo integral”. Dom Bosco considerava que poderia ter escolhido algo menos exigente. Mas, “o melhor que fiz a estes (meus) colaboradores foi encontrar os meios para que todos pudessem estar unidos ao seu líder, e o líder possa relacionar-se com todos eles e compartilhar suas ideias. Atualmente não podemos nem sequer imaginar a amplitude que esta obra alcançará e a influência moral que exercerá quando for estabelecida em todos os lugares”.

Em 1883, nas deliberações do 3º Capítulo Geral, Dom Bosco voltou ao tema para dizer que o BS “é um meio de fazer com que a obra salesiana seja conhecida e de unir em espírito os bons cristãos como uma (entidade) e com um objetivo”.

 

Internacional

A Congregação estava se espalhando para outras nações fora da Itália e, na sessão de 17 de setembro de 1885 do Capítulo Superior, Dom Bosco detalhou três questões principais a respeito do BS: não deve ser um folheto local, mas o órgão oficial da obra salesiana no mundo; seu conteúdo deve ser o mesmo, sem levar em conta o idioma; deve estar no controle direto do Reitor-mor. Sobre isso ele afirmou que o Boletim Salesiano é “uma arma tão poderosa” que não deve “ser tirada das mãos do Reitor-mor”.

Percebendo a necessidade de consolidar o Boletim, Dom Bosco propôs a criação de um conselho de redação, tendo editores que se preocupassem com as missões e as correspondências. Defendia também que o BS “não se desvie da finalidade para a qual eu o criei”. E por isso os assuntos relevantes da revista deveriam ser a história do Oratório e as cartas dos missionários. “A maior parte do Boletim deve ser feito com este material.”

 

Órgão oficial

Já em 1886, no 4º Capítulo Geral, tratou-se do objetivo do BS, que é o de “incentivar um vivo espírito de caridade entre os cooperadores... para ajudá-los a ajudar a Congregação em seu trabalho”. Foi reafirmado que o BS deve ser o “órgão oficial da Congregação em seu conjunto”. Para isso, o CG estabeleceu normas: ele deveria ser editado e supervisionado pelo Capítulo Superior, traduzido em vários idiomas e com um editor-chefe; informaria as notícias das casas de cada país sem que o texto principal fosse alterado nas várias edições; na América se usariam outros meios de comunicação para comunicados urgentes; o Inspetor, em cada inspetoria, deveria designar alguém para “fazer um relatório resumido dos acontecimentos de interesse jornalístico”; as ofertas para o Boletim Salesiano seriam depositadas em uma conta especial e enviadas ao Reitor-mor.

A palavra Boletim foi escolhida por Dom Bosco porque, de acordo com o dicionário, significa publicação periódica destinada à divulgação de atos oficiais e governamentais, ou de entidades de classe, ou de instituições privadas. A palavra tem uma origem nobre, pois deriva de “bula”, selo ou sinete que se prendia a um documento ou acompanhava uma carta, atestando-lhe a autenticidade. Assim eram as bulas papais. Hoje se fala de boletim médico, boletim policial, boletim de guerra... É uma maneira prática, diminuta, sem formalismos, para se comunicar. Isso agradou a Dom Bosco.

 

Inovação e atualidade

Hoje o Boletim Salesiano continua na sua missão original de divulgar o bem que a Família Salesiana realiza. É editado em 30 línguas, em 55 edições e com tiragem anual de mais de 10 milhões de exemplares no total. Além do BS impresso, nos vários países existe a preocupação de divulgá-lo nas plataformas digitais, e assim ele pode ser visualizado por um universo mais amplo de pessoas.

Na reunião dos diretores do BS, realizada em maio de 2016, o conselheiro geral para a Comunicação Social, padre Filiberto Gonzáles Plasencia, afirmou que “o Boletim Salesiano não se imprime ou se baixa na rede por tradição, mas por ser atual e servir à instituição e à missão para torná-las visíveis a seus membros e para posicionar a marca salesiana na sociedade hiperconectada e hiperinformada, porém, nem sempre bem comunicada”.

O Boletim Salesiano conserva a vitalidade 140 anos depois da sua fundação. Queremos reafirmar, usando as palavras de Dom Bosco, que ele “é uma arma poderosa”! Ele torna presente e difunde o carisma salesiano, porque a salesianidade é um dom do Espírito Santo para toda a Igreja.

 

 

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Sexta, 26 Mai 2017 17:54

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.


O Boletim Salesiano: “uma arma poderosa”!

Sexta, 26 Mai 2017 09:52 Escrito por 
Este ano, o Boletim Salesiano comemora os 140 anos da sua fundação. Ele foi iniciado em agosto de 1877, pelo próprio Dom Bosco, e hoje é publicado no mundo todo, em 30 línguas e 55 edições diferentes, assumindo em cada uma o rosto regional.

Dom Bosco, comunicador nato, estava no auge da sua vida como fundador, com fama de santo, conhecido em vários países e tendo grande sucesso editorial através das suas publicações, principalmente as Leituras Católicas. Foi nesse contexto que, em 1875, lançou um folheto chamado “Bibliófilo Católico”, com o objetivo de fomentar as boas leituras, fazer publicidade dos livros salesianos e oferecer ideias religiosas e morais. Em agosto de 1877, Dom Bosco transformou o folheto em uma publicação oficial, com o nome de Bibliófilo Católico ou Boletim Salesiano Mensal. Ele mesmo escreveu este primeiro número.

Em 1879, passou a denominar-se Boletim Salesiano. Neste mesmo ano o Boletim começou a ser publicado em francês e depois, em 1886, em espanhol. Os quatro primeiros Capítulos Gerais da Sociedade de São Francisco de Sales registram deliberações tomadas a respeito desse veículo de comunicação salesiana. É interessante notar que essas deliberações estão sempre unidas à Associação dos Cooperadores. Dom Bosco concebia o BS como um elemento da “fundação” dos cooperadores. Por isso, nas deliberações do 1º Capítulo Geral, em 1877, lemos que o BS “proporciona o vínculo de unidade com e entre os cooperadores”.

 

Gratuidade

Dom Bosco desejava que o BS fosse editado e publicado de forma centralizada. Isso foi discutido no 2º Capítulo Geral, em 1880. Ao mesmo tempo, o Boletim era distribuído de forma gratuita, o que ocasionou discussões. Dom Bosco sempre defendeu a gratuidade, afirmando que os cooperadores “nos devolvem nosso dinheiro e muito mais”. E para que se evitassem problemas econômicos em relação ao BS, dizia ser necessário “colocar alguém para cuidar dele, com tempo integral”. Dom Bosco considerava que poderia ter escolhido algo menos exigente. Mas, “o melhor que fiz a estes (meus) colaboradores foi encontrar os meios para que todos pudessem estar unidos ao seu líder, e o líder possa relacionar-se com todos eles e compartilhar suas ideias. Atualmente não podemos nem sequer imaginar a amplitude que esta obra alcançará e a influência moral que exercerá quando for estabelecida em todos os lugares”.

Em 1883, nas deliberações do 3º Capítulo Geral, Dom Bosco voltou ao tema para dizer que o BS “é um meio de fazer com que a obra salesiana seja conhecida e de unir em espírito os bons cristãos como uma (entidade) e com um objetivo”.

 

Internacional

A Congregação estava se espalhando para outras nações fora da Itália e, na sessão de 17 de setembro de 1885 do Capítulo Superior, Dom Bosco detalhou três questões principais a respeito do BS: não deve ser um folheto local, mas o órgão oficial da obra salesiana no mundo; seu conteúdo deve ser o mesmo, sem levar em conta o idioma; deve estar no controle direto do Reitor-mor. Sobre isso ele afirmou que o Boletim Salesiano é “uma arma tão poderosa” que não deve “ser tirada das mãos do Reitor-mor”.

Percebendo a necessidade de consolidar o Boletim, Dom Bosco propôs a criação de um conselho de redação, tendo editores que se preocupassem com as missões e as correspondências. Defendia também que o BS “não se desvie da finalidade para a qual eu o criei”. E por isso os assuntos relevantes da revista deveriam ser a história do Oratório e as cartas dos missionários. “A maior parte do Boletim deve ser feito com este material.”

 

Órgão oficial

Já em 1886, no 4º Capítulo Geral, tratou-se do objetivo do BS, que é o de “incentivar um vivo espírito de caridade entre os cooperadores... para ajudá-los a ajudar a Congregação em seu trabalho”. Foi reafirmado que o BS deve ser o “órgão oficial da Congregação em seu conjunto”. Para isso, o CG estabeleceu normas: ele deveria ser editado e supervisionado pelo Capítulo Superior, traduzido em vários idiomas e com um editor-chefe; informaria as notícias das casas de cada país sem que o texto principal fosse alterado nas várias edições; na América se usariam outros meios de comunicação para comunicados urgentes; o Inspetor, em cada inspetoria, deveria designar alguém para “fazer um relatório resumido dos acontecimentos de interesse jornalístico”; as ofertas para o Boletim Salesiano seriam depositadas em uma conta especial e enviadas ao Reitor-mor.

A palavra Boletim foi escolhida por Dom Bosco porque, de acordo com o dicionário, significa publicação periódica destinada à divulgação de atos oficiais e governamentais, ou de entidades de classe, ou de instituições privadas. A palavra tem uma origem nobre, pois deriva de “bula”, selo ou sinete que se prendia a um documento ou acompanhava uma carta, atestando-lhe a autenticidade. Assim eram as bulas papais. Hoje se fala de boletim médico, boletim policial, boletim de guerra... É uma maneira prática, diminuta, sem formalismos, para se comunicar. Isso agradou a Dom Bosco.

 

Inovação e atualidade

Hoje o Boletim Salesiano continua na sua missão original de divulgar o bem que a Família Salesiana realiza. É editado em 30 línguas, em 55 edições e com tiragem anual de mais de 10 milhões de exemplares no total. Além do BS impresso, nos vários países existe a preocupação de divulgá-lo nas plataformas digitais, e assim ele pode ser visualizado por um universo mais amplo de pessoas.

Na reunião dos diretores do BS, realizada em maio de 2016, o conselheiro geral para a Comunicação Social, padre Filiberto Gonzáles Plasencia, afirmou que “o Boletim Salesiano não se imprime ou se baixa na rede por tradição, mas por ser atual e servir à instituição e à missão para torná-las visíveis a seus membros e para posicionar a marca salesiana na sociedade hiperconectada e hiperinformada, porém, nem sempre bem comunicada”.

O Boletim Salesiano conserva a vitalidade 140 anos depois da sua fundação. Queremos reafirmar, usando as palavras de Dom Bosco, que ele “é uma arma poderosa”! Ele torna presente e difunde o carisma salesiano, porque a salesianidade é um dom do Espírito Santo para toda a Igreja.

 

 

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Sexta, 26 Mai 2017 17:54

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.