Com o tema “Despertai o mundo”, foi realizado em Roma, de 15 a 19 de setembro, no âmbito da celebração do Ano da Vida Consagrada, o Encontro Mundial dos Jovens Consagrados. “Evangelho-profecia-esperança” foram os três núcleos em torno dos quais girou o encontro, promovido pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
O objetivo do evento foi viver uma experiência de formação, por meio de um aprofundamento bíblico, teológico-carismático e eclesiológico dos elementos fundamentais da vida consagrada. O encontro contou com alguns momentos comunitários, que foram realizados durante as manhãs. Na parte da tarde e à noite, os participantes foram divididos segundo os diferentes grupos linguísticos: italiano, francês, inglês, espanhol e português. A programação do evento incluiu celebrações, momentos de aprofundamento, escuta de testemunhos e diálogo com e entre os jovens.
Abertura
A abertura do encontro foi uma vigília de oração na Praça São Pedro, no Vaticano. O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, deu as boas vindas aos milhares de participantes, recordando que foi o Papa Francisco quem os convidou de todas as partes do mundo.
“Nós os aguardávamos com grande alegria e por isso nos preparamos para viver este encontro à luz do Evangelho, em escuta ao chamado de Jesus, no coração da fraternidade, em meio às esperanças e às angústias do mundo, na Igreja comunhão”.
Um salesiano na audiência com o Papa
O encontro de 5.000 jovens com o Papa se deu na manhã de 17 de setembro. Ele respondeu a perguntas feitas por três jovens consagrados: uma indiana, uma espanhola e o sacerdote salesiano recém-ordenado, padre Pierre Jabloyan, de Aleppo, Síria.
Padre Jabloyan pediu ao Papa que falasse sobre sua própria vocação. O Papa, porém, surpreendeu a todos respondendo com outra pergunta: “De onde você é?” Uma forte emoção tomou conta da sala quando o salesiano relatou ser sírio. O Papa, então, começou seu discurso assinalando essa presença e mencionando os mártires de nosso tempo. “Gostaria de começar lembrando nossos mártires do Iraque e da Síria, nossos mártires hoje. Talvez vocês conheçam alguns deles... Há poucos dias, na praça, um sacerdote iraquiano aproximou-se e me entregou uma pequena cruz: era a cruz do sacerdote que foi decapitado por não negar Jesus Cristo. Esta cruz, eu a trago aqui comigo...”, disse o Papa, indicando seu coração com a mão.
Profecia, proximidade, memória
Em seguida, o Pontífice mencionou três palavras-chaves: profecia, proximidade e memória. “A profecia e a capacidade de sonhar representam o oposto da rigidez. A formação precisa incentivar a capacidade de sonhar. A rigidez é uma forma de egoísmo e Jesus tem palavras duras (Mt 23) para as pessoas rígidas de seu tempo, que se consideravam mais justas do que outras”.
Ao falar sobre a proximidade, o Papa agradeceu às religiosas por seu testemunho e definiu-se como “um pouco feminista”, comentando que as religiosas são os ícones da maternidade da Igreja e dizendo que elas nunca devem negligenciar a sua maternidade, uma ótima maneira de levar Cristo e a Igreja às pessoas. Sobre a memória, o Papa observou que os primeiros discípulos nunca esqueceram de seus encontros com Jesus. E recordou que, em 1953, entrou em uma igreja, fez sua confissão e saiu mudado. O que o fascinava em Jesus? A sua proximidade: Jesus nunca o deixou sozinho, nem mesmo em seu pecado. Para concluir, o Papa comentou mais dois temas: o narcisismo e a adoração, definindo um como o oposto do outro. “Os consagrados devem aprender a adorar, e não apenas a orar”, disse ele.
A íntegra do discurso do Papa está disponível no link: https://goo.gl/uih7d3
Um encontro inesquecível
O salesiano irmão Manoel Messias, brasileiro, participou do Encontro Mundial dos Jovens Consagrados e escreveu o quanto foi emocionante estar com o Papa Francisco. Veja a seguir alguns trechos do relato enviado à Inspetoria Salesiana do Nordeste.
“Em Roma, foi muito gratificante a participação no Encontro. Estando ali, realizamos profundas reflexões em torno da nossa fraternidade religiosa. A respeito do amor que segue brotando das entranhas de nossas comunidades, e o quanto é importante seguir testemunhando com a própria vida para que esse amor siga crescendo e dando seus frutos. Foi realmente um sopro do Espírito Santo, todos queríamos nos entender nas diversas línguas presentes.
Para as atividades, éramos mais de 5.000 jovens religiosos e religiosas, de toda parte do mundo, com um fervor espetacular. Entre os palestrantes posso destacar a presidente da CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) e o cardeal dom João, que com sua simpatia e testemunho de fé conseguiram reter a atenção de todos. Emocionante foi o encontro com o Sumo Pontífice. No início, com sua voz cansada demonstrava o peso do grande fardo que está levando, mas ao longo do momento em que esteve conosco, deixou bem claro que o fardo, mesmo parecendo ser pesado, é o mais leve, pois em verdade não está carregando sozinho, mas tem Alguém que está carregando com ele. Com um grande sorriso, deixou claro que Cristo é a única meta de sua vida”.