“Antes do meu voluntariado na Índia, na região rural de Salem, Tamil Nadu, devo admitir que eu era muito ignorante acerca do que é realmente a AIDS e de como se transmite o vírus. Mas era também muito curiosa para saber mais e descobrir como vivem as pessoas que convivem com essa situação. Sempre e só sabia do estigma negativo e dos estereótipos associados à AIDS como, por exemplo, que as únicas pessoas que poderiam contraí-la eram aquelas dos países em desenvolvimento e os homossexuais, ideias que aprendi das notícias advindas da mídia.
A comunidade de Salem é incrivelmente linda, agrícola e tranquila. Os salesianos são muito atentos, alegres e gentis. E a finalidade é infundir positividade, esperança e coragem àqueles que convivem com o HIV/AIDS e ajudá-los a construir uma vida fora da casa de acolhimento: achando um emprego, conseguindo um diploma ou uma casa. As atividades vão de dias de esporte à competições de dança e de declamação, de laboratórios criativos para empenhar-se no trabalho agrícola a uma grande variedade de jogos.
O que aprendi a mais sobre o HIV/AIDS no meu tempo na comunidade de Salem foi não tanto sobre os aspectos físicos, mas, sobretudo, emotivos e mentais. Aprendi o quanto uma atitude positiva pode mudar a percepção da vida das pessoas e o seu modo de viver. Transmitir uma atitude positiva é de vital importância para a criança que convive com AIDS, porque é obrigada a enfrentar uma série de consultas no hospital, as complicações da doença e também o estigma que a acompanha. As mesmas famílias se sentem atingidas: não querem as crianças por perto, por medo que “acabem suas vítimas”, uma ideia que deriva da falta de conhecimento e compreensão da doença e que depois acarreta no abandono e na negligência para com as crianças - que se sentem vulneráveis, confusas e com baixa autoestima. Por isso, atitudes e palavras de encorajamento e de esperança são vitais para essas crianças. Em nível mental, emotivo e físico.
Quanto aprendi na casa de assistência salesiana abriu-me os olhos. Agora sei o que é a AIDS e como pode abalar as crianças e as famílias. Mais: o estigma negativo, para mim já não existe. Sinto, entretanto, que a coisa que podemos fazer para ajudar a enfrentar os problemas, seria eliminar o estigma negativo e sensibilizar e educar as pessoas sobre os efeitos que a AIDS possa ter”.