Carolina Quirino, aluna do 3o ano do Instituto São José de Resende, RJ, foi uma das cinco pessoas escolhidas no Brasil para fazer parte da coordenação jovem da “Rio+20”. A conferência, prevista para o mês de junho, no Rio de Janeiro, é promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reunirá líderes de todo o mundo para discutir meios de transformar o planeta em um lugar melhor para se viver.
A aluna salesiana se inscreveu no site das Nações Unidas. Lá ela manifestou o interesse em se envolver com a sustentabilidade e escreveu sobre a sua experiência com trabalhos voluntários, que realiza desde os 14 anos por intermédio da escola salesiana. Carolina sempre participa de atividades solidárias, como distribuição de alimentos e monitoramento escolar. Em 2011, criou o projeto “Jovem Amigo”, que incentiva os estudantes a realizar trabalhos voluntários em abrigos, asilos e comunidades carentes. Na inscrição, ela citou também o seu trabalho de redatora para a Revista Viração, uma publicação nacional voltada para os jovens. As informações foram suficientes para a seleção de Carolina. “Era madrugada quando o e-mail chegou, nem acreditei quando li a mensagem, que veio em inglês”, contou a estudante, que é aluna da RSE desde a Educação Infantil. O mérito por integrar a coordenação jovem de um evento desse porte é, claro, de Carolina. É o reconhecimento por um trabalho sério, dedicado e comprometido realizado por ela. Mas o fato vai além: a escolha foi comemorada em toda a Rede Salesiana de Escolas, porque é também um reconhecimento de que a proposta educativa da RSE está de fato contribuindo para formar jovens protagonistas, cidadãos atuantes e comprometidos, pessoas que se preocupam com a sociedade em que vivem e que agem de fato para melhorá-la.
Voluntariado
Uma prática presente na ampla maioria das escolas da RSE e que contribui para a formação integral dos alunos é o incentivo ao voluntariado social. Ou seja: o convite a que alunos do Ensino Médio e anos finais do Ensino Fundamental participem de atividades voluntárias regulares em entidades sociais e ONGs. Em cada unidade da Rede, o projeto de voluntariado assume características próprias. Porém, alguns elementos estão sempre presentes, como o caráter educativo do projeto; o acompanhamento constante e a formação humana e espiritual pela qual todos os candidatos a voluntário passam no processo.
O voluntariado é uma experiência de encontro com o diferente, com uma realidade muito diversa da minha. Conheci pessoas que, mesmo com condições menos favoráveis, encontram motivos para ser felizes. Aprendi muito. Acho que aprendi mais do que ensinei.
João Paulo Godoy Rigobello — Instituto São José, São José dos Campos, SP
Um exemplo é o Colégio Dom Bosco de Piracicaba, SP, onde o projeto de voluntariado engloba alunos do 6o ano do Ensino Fundamental ao 3o ano do Ensino Médio nas duas unidades da escola: Cidade Alta e Assunção. No início do ano, a Equipe de Pastoral comemorava as mais de trezentas autorizações recebidas dos pais e responsáveis para que os alunos que se interessaram pelo projeto pudessem participar das atividades de formação de voluntários. O projeto existe no colégio há mais de 15 anos e já recebeu o Selo Escola Solidária (outorgado pelo Instituto Brasil Solidário a cada dois anos), o reconhecimento do Rotary Internacional e foi objeto de diversas reportagens na mídia.
“A experiência de voluntariado carrega consigo os benefícios da socialização e da doação ao próximo, além de permitir ao jovem voluntário uma visão mais crítica e acertada da realidade vivida pelos irmãos mais necessitados”, avalia o padre salesiano Ivan Tomasetto, responsável pela Equipe de Pastoral do colégio.
Compromisso
Outra característica dos projetos de voluntariado nas escolas da Rede é o compromisso sério e responsável assumido pelos colégios e seus alunos junto às entidades que recebem os voluntários. O Projeto Voluntariado Social do Colégio Salesiano de Itajaí, SC, por exemplo, teve como primeiro momento uma visita, realizada no final do ano passado, a quatro instituições sociais da cidade com focos e públicos distintos: APAE, que atende pessoas portadoras de necessidades especiais; Asilo Dom Bosco, que recebe idosos; CREDQ que é voltada ao atendimento a adolescente e jovens dependentes químicos; e Parque Dom Bosco, que oferece atividades de contraturno escolar para crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social. Clemar Antonio Bianchi, do Serviço de Orientação Pastoral do colégio, explica que “o jovem depois de conhecer as diversas realidades, poderá optar por uma e fazer um processo mais direcionado e intenso por um determinado período. Nesse segundo momento é que o jovem passa a realizar regularmente o voluntariado, assinando termo de compromisso e responsabilizando-se especificamente junto a uma instituição, com dia, hora e função previamente determinadas”. O Voluntariado realizado pelo Instituto São José, em São José dos Campos, SP, também inclui o compromisso regular por parte dos alunos. Semanalmente, cada voluntário dedica duas horas de seu tempo a uma das instituições atendidas no projeto. “Eu participei da semana missionária e percebi que poderia doar mais tempo, com maior regularidade, para o trabalho voluntário. Por isso me inscrevi no projeto”, afirma o aluno João Paulo Godoy Rigobello. Ele e um grupo de alunos realizaram, durante todo o ano passado, atividades no contraturno escolar com crianças de uma escola pública da região. “É uma experiência de encontro com o diferente, com uma realidade muito diversa da minha. Conheci pessoas que, mesmo com condições menos favoráveis, encontram motivos para ser felizes. Aprendi muito. Acho que aprendi mais do que ensinei”, considera ele.
Alegria
Por fim, mas não menos importante, são características dos projetos salesianos de voluntariado a alegria, a criatividade e a iniciativa que parte dos próprios jovens envolvidos. E aqui, o exemplo que trazemos é comovente: desde 2008, um grupo de alunos do Ensino Médio do Colégio Dom Bosco, em Araxá, MG, realiza o projeto Salesianos Voluntários (Salvo), cujo principal objetivo é levar a alegria, o amor e a esperança a idosos, crianças e enfermos.
O projeto conta com quatro frentes de trabalho: a “Patch Adams” se inspira no médico estadunidense, de mesmo nome, famoso por cuidar dos enfermos com métodos que lhes trazem conforto e ânimo, como brincadeiras, leituras e números circenses. Inspirados no trabalho do médico, os alunos salesianos se caracterizam de palhaços e levam aos pacientes de hospitais momentos de alegria e descontração.
No “Era uma vez”, como o título indica, os jovens levam aos atendidos a narração de histórias. A ação “Sou mais” tem foco no ambiente escolar: os integrantes do Salvo trabalham os bons valores com os alunos, estimulando--os à cultura da solidariedade. No Tindolelê, os voluntários visitam crianças atendidas por hospitais e entidades assistencialistas e levam brincadeiras, cantigas de roda, danças, entre outras atividades.
Carol Linhares, uma das voluntárias do projeto, afirma a importância, especialmente para as pessoas que vivem a situação difícil de uma enfermidade, de “uma ajuda não física, mas espiritual”. Para a jovem, as ações do grupo Salvo são sempre recíprocas: “Tudo o que é transmitido (o amor, o sorriso, o carinho e a esperança) volta numa proporção muito maior, como recompensa”.
“A experiência de voluntariado carrega consigo os benefícios da socialização e da doação ao próximo, além de permitir ao jovem voluntário uma visão mais crítica e acertada da realidade vivida pelos irmãos mais necessitados”
Padre Ivan Tomasetto – Colégio Dom Bosco, Piracicaba, SP
Texto produzido a partir de informações de: RSEInforma, Diego Gavazzi (Instituto São José, Resende), Marcos Vanceto (Colégio Dom Bosco, Piracicaba), Guilherme Barbosa (Inspetoria São João Bosco – ISJB), Carlota Medeiros (Parque Dom Bosco, Itajaí), e Voluntariado Vocacional Salesiano (http://voluntariadosale.blogspot.com.br).