Reconhecer e acolher a própria vulnerabilidade, para saber devotar-se às dos outros. Essa é a mensagem que o Papa Francisco enviou, em 5 de maio, às superioras gerais reunidas em Roma para a XII Assembleia Plenária da União Internacional das Superioras Gerais (UISG).
O Santo Padre exemplificou a mensagem pessoalmente no encontro – onde chegou em cadeiras de rodas em virtude de uma dor no joelho.
"Também a vida religiosa de hoje reconhece a sua vulnerabilidade, embora algumas vezes a aceite com dificuldade. Estávamos habituados a ser significativos pelos nossos números e nossas obras; a ser relevantes e socialmente considerados”.
De acordo com o Papa: “a crise que estamos atravessando fez-nos sentir a nossa fragilidade e convida-nos a assumir a nossa minoria. Tudo isto nos convida a recuperar a atitude que o Filho de Deus tem para com o seu Pai Celeste e para com a humanidade: a de 'fazer-se servo'".
O pontífice explicou a mensagem com duas figuras evangélicas:
A primeira é a de Pedro, que na última ceia teve de aceitar que Jesus o servisse, lavando-lhe os pés. "Tal como Pedro e com Pedro, somos agora chamados, após reconhecer que somos vulneráveis, a perguntar-nos: quais são as novas vulnerabilidades a que nós, como pessoas consagradas, hoje devemos curvar-nos? À luz dos sinais dos tempos, que ministérios está a nos pedir o Espírito? Que mudanças nos exige o Espírito no modo de viver o serviço da autoridade?", sublinhou o pontífice.
A segunda figura é a da Maria Madalena, mulher que passou de uma vida desordenada e frágil para uma vida centrada em Jesus. Essa transformação, sublinhada pelos evangelistas, é para o Papa um sinal do poder do Senhor e um testemunho de que todos podem ser chamados a colocar a sua fragilidade a serviço do anúncio.
Caminho sinodal
Depois de falar das fragilidades, Papa Francisco concentrou seu olhar no tema da sinodalidade. "Se o sínodo é sobretudo um momento importante de escuta e discernimento, a contribuição mais importante que podeis dar é participar da reflexão e do discernimento, ouvindo o Espírito e abaixando-vos, como Jesus, para ir ao encontro do irmão em suas necessidades", acrescentou o pontífice.
O convite para viver o caminho sinodal é considerado pelo Papa em todas as suas dimensões e no respeito aos muitos carismas: nas paróquias, nas dioceses, mas em primeiro lugar nas comunidades e institutos.
"Aposto em vós, caríssimas irmãs, para acompanhar o povo santo de Deus neste processo sinodal, como especialistas em construir comunhão, na promoção da escuta e do discernimento", concluiu o Papa, antes de fazer um último convite às religiosas: de cuidarem da fraternidade e de manterem sempre a confiança em Deus, mesmo perante os muitos desafios lançados à vida religiosa por nosso tempo.
A assembleia
A XII Assembleia UISG reuniu mais de 700 superioras gerais, de mais de 70 diferentes países, entre os dias 2 a 6 de maio. Participaram presencialmente 514 religiosas no Hotel Ergife em Roma, enquanto 181 participaram on-line.
O lema da 12ª Assembleia da UISG foi: "A caminho pelo rumo do Caminho Sinodal: a partir da nossa vulnerabilidade".
Em 2022, o foco de trabalho foi inspirado na consciência da vulnerabilidade vivida nos últimos dois anos, marcada tanto pelo coronavírus assim como pelo drama da guerra.
A semana de trabalho se articulou nas apresentações feitas por 10 relatores, sobre cinco temas-chave: vulnerabilidade, processo sinodal, vida religiosa e sinodalidade, periferias, chamado à transformação.
Fundada canonicamente em 1965, sob a inspiração do Concílio Vaticano II, a UISG promove a colaboração entre as congregações femininas de Vida Religiosa Apostólica. É atualmente constituída por 1856 superioras gerais organizadas em 36 constelações regionais.
Fonte: Agência Info Salesiana e Vatican News