Os 100 anos de Paulo Freire

Sexta, 24 Setembro 2021 15:59 Escrito por  Padre João Carlos Ribeiro
Em seu artigo, padre João Carlos Ribeiro, SDB, lembra os 100 anos de nascimento do educador Paulo Freire.


Todo mundo já ouviu falar de Paulo Freire. Paulo Freire é o grande educador Pernambucano, hoje patrono da educação brasileira. Ele nasceu no Recife, no dia 19 de setembro de 1921. Faleceu em 1997. São 100 anos, então, do seu nascimento. Nesses dias, o seu nome tem sido lembrado em muitos ambientes, com muita razão.

Paulo Freire distinguiu-se como educador e filósofo. Pensou e trabalhou por uma educação que ajudasse as pessoas excluídas a encontrar o seu lugar na sociedade, como cidadãos e cidadãs. Claro, aqui está a razão pela qual foi perseguido e exilado. Ele percebeu: a educação é uma grande força de mudança. Claro, uma educação que emancipe, que liberte a pessoa, que a ponha em condições de dizer sua palavra, de participar.

Ele partiu de uma observação simples: todo mundo já tem algum conhecimento. O próprio adulto analfabeto é uma pessoa que aprendeu muito com a vida, com a família, com a própria experiência. E ele não precisa só aprender a ler e escrever, ele precisa tornar-se uma pessoa participante, valorizada, capaz de aprender sempre.

Paulo Freire fez uma experiência no município de Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1963. Em 45 dias, ele e um grupo de estudantes universitários, alfabetizaram mais de 300 agricultores e moradores da periferia. E eles não aprenderam só a ler algumas placas e escrever seu nome e fazer umas continhas básicas… Muito mais do que isso, eles desenvolveram uma capacidade de dialogar sobre diversos assuntos, de se sentirem, como hoje se diz “empoderados”. Fizeram uma experiência de serem valorizados, ouvidos. E isso despertou neles vontade de aprender e aprendiam rápido, vendo a utilidade do que estavam fazendo.

E qual foi o segredo dessa alfabetização de tanto sucesso? Simples. Não partiu de uma cartilha com palavras e frases feitas em outro lugar do planeta. Partiu das palavras mais utilizadas no ambiente daquele grupo de adultos, no seu dia a dia. Isso exigiu mais dos professores: eles precisaram conhecer o universo dos seus alunos, pesquisar o seu vocabulário. E também: serem capazes de dialogar com eles sobre aquelas palavras, isto é, sobre sua vida, onde aquelas palavras eram importantes. Isso fez toda a diferença.

O método Paulo Freire espalhou-se, indo além da alfabetização. Vale como um princípio para a educação, para a pastoral. Educação que leva em conta a vida. Conhecimento que tem conexão com a vida. Professor que não sabe tudo, que aprende muito com os seus alunos. Sala de aula que vira uma roda de conversa, onde se cresce em entendimento, respeito e amizade. Escola que constrói o futuro, porque forma cidadãos participantes e comprometidos com o bem de todos.


Fonte: padre João Carlos Ribeiro

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Os 100 anos de Paulo Freire

Sexta, 24 Setembro 2021 15:59 Escrito por  Padre João Carlos Ribeiro
Em seu artigo, padre João Carlos Ribeiro, SDB, lembra os 100 anos de nascimento do educador Paulo Freire.


Todo mundo já ouviu falar de Paulo Freire. Paulo Freire é o grande educador Pernambucano, hoje patrono da educação brasileira. Ele nasceu no Recife, no dia 19 de setembro de 1921. Faleceu em 1997. São 100 anos, então, do seu nascimento. Nesses dias, o seu nome tem sido lembrado em muitos ambientes, com muita razão.

Paulo Freire distinguiu-se como educador e filósofo. Pensou e trabalhou por uma educação que ajudasse as pessoas excluídas a encontrar o seu lugar na sociedade, como cidadãos e cidadãs. Claro, aqui está a razão pela qual foi perseguido e exilado. Ele percebeu: a educação é uma grande força de mudança. Claro, uma educação que emancipe, que liberte a pessoa, que a ponha em condições de dizer sua palavra, de participar.

Ele partiu de uma observação simples: todo mundo já tem algum conhecimento. O próprio adulto analfabeto é uma pessoa que aprendeu muito com a vida, com a família, com a própria experiência. E ele não precisa só aprender a ler e escrever, ele precisa tornar-se uma pessoa participante, valorizada, capaz de aprender sempre.

Paulo Freire fez uma experiência no município de Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1963. Em 45 dias, ele e um grupo de estudantes universitários, alfabetizaram mais de 300 agricultores e moradores da periferia. E eles não aprenderam só a ler algumas placas e escrever seu nome e fazer umas continhas básicas… Muito mais do que isso, eles desenvolveram uma capacidade de dialogar sobre diversos assuntos, de se sentirem, como hoje se diz “empoderados”. Fizeram uma experiência de serem valorizados, ouvidos. E isso despertou neles vontade de aprender e aprendiam rápido, vendo a utilidade do que estavam fazendo.

E qual foi o segredo dessa alfabetização de tanto sucesso? Simples. Não partiu de uma cartilha com palavras e frases feitas em outro lugar do planeta. Partiu das palavras mais utilizadas no ambiente daquele grupo de adultos, no seu dia a dia. Isso exigiu mais dos professores: eles precisaram conhecer o universo dos seus alunos, pesquisar o seu vocabulário. E também: serem capazes de dialogar com eles sobre aquelas palavras, isto é, sobre sua vida, onde aquelas palavras eram importantes. Isso fez toda a diferença.

O método Paulo Freire espalhou-se, indo além da alfabetização. Vale como um princípio para a educação, para a pastoral. Educação que leva em conta a vida. Conhecimento que tem conexão com a vida. Professor que não sabe tudo, que aprende muito com os seus alunos. Sala de aula que vira uma roda de conversa, onde se cresce em entendimento, respeito e amizade. Escola que constrói o futuro, porque forma cidadãos participantes e comprometidos com o bem de todos.


Fonte: padre João Carlos Ribeiro

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