A nossa Nação é chamada “rainbow nation” (nação arco-íris) precisamente pela diversidade de culturas presentes. O povo sul-africano vive hoje uma situação muito complexa e enfrenta grandes desafios. Em primeiro lugar o desafio cultural: mesmo após o fim do apartheid, há 20 anos, o país continua a ter diversos problemas, tanto em âmbito econômico como na convivência entre brancos e negros. Por isso, estão em andamento, em âmbito nacional, processos de diálogo, de paz, de reconciliação para que o povo sul-africano possa reapropriar-se de sua identidade e de valores autênticos para uma convivência serena e harmoniosa. O caminho é trabalhoso e requer paciência e coragem.
Outro desafio é a migração: uma multidão de refugiados e migrantes que provêm dos países próximos e distantes em busca de asilo político ou de melhores condições de vida, também para as próprias famílias. Muitos dos imigrantes chegam sem documentos legais e trabalham no mercado negro. Essa situação não lhes permite ter acesso aos serviços sociais, e assim vivem em uma grande miséria e, em muitos casos, sujeitos à xenofobia.
Há ainda o grande desafio da economia. Apesar de a África do Sul ser um país “em vias de desenvolvimento”, a pobreza é muito difundida e as taxas de desemprego são altas. Vale a lógica da distribuição injusta de riquezas, pela qual os ricos se tornam sempre mais ricos e os pobres, por outro lado, sempre mais pobres e sem oportunidades de trabalho. O último desafio é a própria Instituição, com a falta de credibilidade do governo, por causa da corrupção e do enriquecimento pessoal dos “líderes”, o que gera desespero e descontentamento em geral.
Nesse contexto, a Inspetoria é chamada a uma missão clara: os pobres. As FMA têm muita coragem e são sensíveis às necessidades dos mais desfavorecidos. O empenho é de continuar a procurar, juntas, caminhos e estratégias para ajudar e acompanhar os mais necessitados, nas situações mais complicadas.
Compartilho, em síntese, alguns passos concretos que a comunidade inspetorial tem posto em prática.
Um é a inserção de uma FMA nos organismos da Conferência Episcopal para a catequese, em nível nacional. A ela é confiada a formação dos catequistas e a animação pastoral. Para a evangelização do povo todo, ativou-se uma rádio católica que, semanalmente, transmite a mensagem do Evangelho, alcançando toda a gente e todos os lugares.
As FMA administram as escolas que se localizam nas periferias e acolhem os meninos que vivem em situações de grave desconforto. Aqui, além de ocupar-se da formação e da promoção dos valores, as irmãs encarregam-se de suprir a necessidade alimentar, oferecendo cotidianamente as refeições. Esses centros estão abertos a todos e são pontos de referência para o povo.
Um outro cuidado é com a situação de precariedade em que vivem os refugiados, em particular as mulheres às quais se oferece ajuda moral e espiritual. Diante da crise econômica e do aumento do desemprego, as FMA procuram estratégias e caminhos para encontrar oportunidades de trabalho. A presença educativa e serena das nossas irmãs preenche de esperança a vida dessas mulheres.