Valorizar a importância da cultura negra e indígena na formação da identidade do Brasil, educar para a igualdade étnico-racial e o respeito ao próximo, fluir os valores salesianos no ambiente escolar, incentivar o gosto pela leitura e o protagonismo dos jovens. Esses são alguns dos objetivos do projeto Somos da Cor, criado pela Inspetoria São João Bosco para as escolas de sua abrangência e desenvolvido no Colégio Dom Bosco de Araxá, MG, por meio de inúmeras atividades pedagógicas.
O projeto teve início na escola em março de 2013, envolvendo todas as disciplinas e alunos do ensino fundamental II e ensino médio. Neste ano, começa a se estender também às turmas do ensino fundamental I. Nos trabalhos realizados até agora, nota-se a riqueza e a diversidade das ações: produção de revistas, apresentações de capoeira, congado, maculelê, peças teatrais inspiradas na obra de artistas negros, narração de histórias, seminários, entre outras.
Para o educador Adilson de Paula, um dos coordenadores do projeto no Dom Bosco, o Somos da Cor foi um divisor de águas na escola. Adilson esclarece que um dos objetivos era implementar a lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira no Brasil. " O Somos da Cor fez isso de maneira prazerosa e dinâmica. O diferencial desse projeto é a sua elasticidade e abrangência. Os assuntos tratados estão alinhados aos conteúdos escolares e acrescentados, a rigor do educador, à atualidade", destaca.
Outro ponto essencial para o projeto é o trabalho em conjunto dos professores, em cada disciplina, que nunca perde de vista o todo. "Para desenvolver um projeto com essa envergadura, a Equipe Pedagógica tem de estar alinhada à proposta, pois não se trata de uma ação isolada e hermética, ela fundamenta-se numa proposta muito superior, que é a valorização e o fomento às práticas inclusivas", explica.
Conscientização e protagonismo
Mais do que uma campanha ou um programa isolado de conscientização, o "Somos da Cor" ajuda a fortalecer a escola como uma instituição que educa para a igualdade e a cidadania.
A proposta, como lembra a diretora Maria Leonete Rosa, é contribuir para combater preconceitos que estão nas raízes da História do Brasil. "Acredito que, ao trabalharmos a valorização da pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos de outros povos e nações, estamos construindo estratégias pedagógicas para a valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade étnico-racial arraigada na história de nosso país e até mesmo no mundo", ressalta.
A professora Joana Darc Vaz, da Equipe de Coordenação, destaca que o projeto estimula também o protagonismo dos jovens. Em reuniões de pesquisa e planejamento, os alunos definem ações, ajudam na escolha dos temas e das atividades. Quando é necessário captar recursos em algum trabalho, os jovens fazem eventos na comunidade escolar.
O protagonismo também está presente na vivência dos valores aprendidos e no zelo pelo respeito no ambiente escolar. "Quando um aluno tece comentário preconceituoso em sala de aula, há uma repulsa dos demais que têm argumentos para rebatê-lo. Ao lerem sobre o assunto, os jovens levam questões para a sala de aula, perguntam e principalmente se posicionam diante de atitudes injustas", afirma Joana.
Segundo a diretora da escola, Maria Leonete, a visão crítica dos alunos e o interesse pela cultura brasileira podem ser considerados um reflexo positivo do que o projeto vem agregando nos últimos anos: "Percebo que tanto educadores como os educandos passaram a valorizar ainda mais as diversas culturas que formam nossa sociedade, contribuindo assim para desenvolvimento do senso crítico, da criatividade, do raciocínio e do respeito ao outro, princípios estes tão valorizados na Pedagogia Salesiana".
Reconhecimento além da escola
Pela segunda edição consecutiva, o projeto Somos da Cor recebeu o prêmio Construindo a Nação, oferecido pelo Instituto Cidadania Brasil. Neste ano, o Colégio Dom Bosco conquistou o 1o lugar nas categorias Ensino Fundamental e Ensino Médio. Foram premiadas a mostra cultural e a peça Carolina em Preto e Branco, inspirada na obra Quarto de Despejo, da escritora Carolina Maria de Jesus.
O prêmio tem o objetivo de estimular, reconhecer e difundir ações em que os alunos sejam os agentes da mudança, na melhoria ou resolução de problemas das comunidades onde se inserem as instituições. Em 2014, concorreram ao prêmio 7795 escolas públicas e privadas de todo o Brasil.
Para a equipe do Colégio Dom Bosco, a notícia foi motivo de muita alegria e confirma que a escola salesiana está no caminho certo.
Perspectivas
No ano de 2015, o Colégio Dom Bosco pretende aprimorar ainda mais o projeto e seguir incentivando atividades em consonância com o Somos da Cor e o Projeto Educativo Pastoral da RSE. A orientação, como afirma a diretora Maria Leonete, é continuar a usar o Sistema Preventivo como "mola propulsora das ações educativas".
São muitas as ideias que começam aflorar na Equipe, uma delas: aproximar os alunos dos exemplos salesianos, como o do Santo da Juventude. "As perspectivas são as melhores possíveis. Pretendo trazer a história de Dom Bosco para a sala de aula como um modelo de valorização do outro como cidadão e de formas concretas de ação que fizeram a diferença", adianta a professora Joana Darc.