Assinada por Nicola Gori, postulador da causa de canonização, a biografia recém-publicada pela Edições CNBB – Da informática ao Céu – apresenta a história de Carlo Acutis (1991-2006), um jovem comum, mas reconhecido mundialmente como modelo de santidade na era digital. Seu testemunho indica o essencial na resposta à vocação: “o chamado pela busca da felicidade pela íntima união com Deus”.
Eucaristia, estudo, Rosário… E internet… Palavras aparentemente “desconexas” entre si. Porém, se bem observarmos a figura de Carlo Acutis, beatificado em 2020 pelo Papa Francisco, descobrimos um garoto que desvendou, praticamente sozinho, os segredos dos computadores para, a partir deles, anunciar o amor de Deus a todos.
Hino à vida
Foram só 15 anos de vida, mas suficientes para interpelar a fé de muitos adultos. A santidade foi o refrão do seu hino à vida, a razão que o fazia ser “diferente” na escola, nos passeios ou no futebol com os amigos. Carlo Acutis falava abertamente do seu “kit de santidade”: missa diária, comunhão e Rosário, contato com a Sagrada Escritura, adoração eucarística e a disponibilidade para fazer renúncias pelos outros.
Sobre o beato, o Papa Francisco afirmou em 11 de outubro de 2020: “Ele não se acomodou em uma imobilidade confortável, mas compreendeu as necessidades do seu tempo, porque viu o rosto de Cristo nos mais frágeis. O seu testemunho mostra aos jovens de hoje que a verdadeira felicidade se encontra colocando Deus em primeiro lugar e servindo-o nos irmãos, especialmente nos últimos”.
Acolhendo o dom de ser consciente da vida de Deus recebida no batismo, ele foi capaz de compreender a fé não como a conquista de algo inatingível, mas sim como participação no amor de Deus. Isso explica por que sua caridade para com os pobres e a boa relação com os amigos e colegas não eram apenas boas ações, mas sim ocasiões de manifestar – por meio de sua humanidade – a amizade que cultivava com Jesus.
Uma missão de amor nos espaços digitais
Também o modo de lidar com as redes virtuais se tornou, para Carlo, ocasião de anúncio do que considerava essencial: a Palavra de Deus e o Pão da Vida, sua “estrada para o céu”. Ele compreendeu que, para alcançar as pessoas hoje, era necessário entrar nos imensos ambientes digitais, sempre ao lado de Jesus.
Nesse sentido, o Papa Francisco, na Carta Encíclica Christus Vivit, escreve que Carlo “sabia muito bem que os mecanismos da comunicação, da publicidade e das redes sociais podem ser utilizados para nos tornar sujeitos adormecidos e dependentes do consumo”, mas que o jovem beato “soube usar as novas técnicas da comunicação para transmitir o Evangelho e comunicar valores e beleza” (ChV, n. 105-106). Essa é uma de suas heranças: o convite para um uso ético e equilibrado das redes.
A beatificação
Com a beatificação, Carlo tem muito a dizer ao mundo de hoje: em essência, a busca pela primazia de Deus na própria vida e a capacidade de compreender que existe uma realidade que vai além do mundo terreno e que se projeta na eternidade. Também tem o mérito de ter redescoberto, em nossa sociedade secularizada e enraizada no presente, que há outra dimensão a ser olhada. Desse modo, a Igreja oferece, ao mundo inteiro, o exemplo de Carlo como testemunha de Cristo. Essencialmente, a sua existência ensina que a santidade não tem idade e que é possível a todos, seja em qualquer cultura, raça ou língua.
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