Quais deveriam ser os objetivos do Sínodo dos Bispos?
Um dos objetivos é identificar novos caminhos para a evangelização das populações indígenas. Há já em todas as regiões da Pan-Amazônia experiências boas, inovadoras, exitosas. Mas trata-se de experiências locais para pequenos grupos. Espero que os que estarão diretamente envolvidos na preparação do Sínodo as valorizem, porque podem ser uma boa contribuição aos estudos sinodais.
As populações indígenas estão a par da realização desse Sínodo?
Este é um problema que nos preocupa: julgo que muitos deles nada sabem a respeito porque estão distantes dos centros urbanos e não têm acesso à informação. Os sacerdotes e missionários deverão tornar-se informadores e promotores dessa novidade.
O que representa essa decisão do Papa?
Para nós, indígenas, as nossas vidas, de seres humanos, estão em estreita relação com a fauna e a natureza. Nós defendemos essas formas de vida. Respeitamos sem as destruir, usando só quanto seja necessário, de modo equilibrado. Por isso, creio que o Sínodo será uma ocasião para importantes debates nos diversos países que formam a Região.
Quais assuntos deveriam obrigatoriamente ser incluídos?
Não deveria faltar o estudo, o aprofundamento, a criação de instrumentos pelos quais se reconheçam e oficializem as celebrações litúrgicas nas línguas indígenas. Isso implica a aprendizagem das línguas e das culturas locais; não poderiam faltar as temáticas dos ministros ordenados, do diaconato e do sacerdócio das pessoas casadas. São variadas as opiniões a respeito: julgo, entretanto, que é importante enfrentar o assunto.
O que espera do evento?
Espero que represente um momento novo para a Igreja na Região amazônica. Que ajude a compreender o mundo amazônico. Que contribua para criar um novo modo de ver o mundo e influa nas políticas públicas da Região. Eu trabalho para que seja um momento ‘especial’ para nós, indígenas.
Fonte: Agência Fides