De acordo com o relatório anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), no final de 2021 havia 89,3 milhões de pessoas fugindo da guerra, violência, perseguição e violações dos direitos humanos - mais do dobro do número calculado dez anos antes, e que ainda não inclui os aproximadamente 12 milhões de ucranianos forçados a fugir por causa da guerra. Hoje, pode-se dizer, que o número de pessoas forçadas a fugir de suas casas em todo o mundo atingiu a alarmante casa dos mais de 100 milhões.
Atualmente, há pessoas em fuga em todos os continentes: depois da Ucrânia, vem a Síria, com 6,8 milhões de pessoas em fuga; a Venezuela com 4,6 milhões; o Afeganistão com 2,7 milhões; o Sudão do Sul, com 2,4 milhões; Mianmar com 1,2 milhões...
Segundo os dados do relatório da ACNUR, surgem outras informações desanimadoras: mais de 30 milhões de pessoas se encontram em fuga devido às muitas guerras atualmente em curso; destas, cerca de 35 milhões são menores de idade e, mais de 1 milhão de pessoas, já nasceu em fuga.
A guerra na Ucrânia
O conflito na Ucrânia apontou os holofotes de volta à situação dos refugiados (pessoas que fugiram ao exterior) e dos deslocados internos (pessoas que fugiram do local onde viviam, mas permaneceram em seu próprio país). Imagens de milhares de mulheres e crianças arrastando pequenas malas através das fronteiras europeias têm despertado emoção e empatia ao redor do mundo.
Infelizmente, a guerra na Ucrânia também contribuiu para formar uma nova e enorme leva de pessoas necessitadas, com repercussões devastadoras em outras regiões do mundo: foi recente declarado que o Programa de Alimentação Mundial da ONU precisou reduzir as rações alimentares para os refugiados na África Oriental e Ocidental, uma vez que o preço dos produtos básicos, especialmente do trigo, disparou por causa da guerra na Europa. "Fomos forçados a tomar a decisão desoladora de cortar as rações alimentares para os refugiados que dependem de nós para sobreviver", declarou o diretor executivo do PMA, David Beasley.
O dia 20 de junho serve, portanto, para aumentar a consciência de uma realidade que afeta um grande número de pessoas ao redor do mundo e que obriga todos a abraçar os quatro verbos do Papa Francisco para os refugiados: "Acolher, proteger, promover e integrar".
A ação dos filhos de Dom Bosco
Os salesianos, herdeiros de Dom Bosco, fazem isso a 360°: ajudando em lugares de conflito, como a Síria e a Ucrânia; nas fronteiras de países como o México e os Estados Unidos; ou de forma generalizada em países próximos àqueles em crise, como podem testemunhar os muitos venezuelanos recebidos em nome de Dom Bosco em toda a América Latina.
Outros casos notáveis podem ser encontrados, por exemplo, em Kakuma, Quênia, onde os salesianos que vivem no campo de refugiados, o segundo maior campo em todo o continente, desenvolveram uma série de programas e serviços para refugiados, como o "Savio Club", que por si só educa e anima mais de 10 mil menores.
Ou no Paquistão, onde a comunidade salesiana de Quetta oferece abrigo e bens de primeira necessidade aos refugiados afegãos, que desde agosto de 2021 fogem do país, entregando barracas, cobertores, alimentos e remédios.
Ou em Uganda, no campo de Palabek, onde os salesianos - também residentes no campo - promoveram muitas atividades, incluindo um centro de formação profissional com cursos de mecânica, costura, construção, agricultura, cabeleireiro, energia solar, o que permite aos jovens e adultos ali assentados, a esperança de um futuro melhor.
Ou, para concluir esta breve revisão, no Egito, onde, graças ao "Projeto Sunrise, dedicado aos refugiados urbanos e anfitriões vulneráveis no Cairo", os salesianos oferecem formação para quem quer ajudar essas pessoas carentes por meio do ensino das habilidades necessárias para o emprego ou o trabalho autônomo. Até hoje, o projeto melhorou as oportunidades de subsistência e a qualidade de vida de mais de 3 mil refugiados egípcios subsaarianos, iemenitas e sírios, bem como do povo egípcio vulnerável.
O projeto oferece formação técnica e profissional e também fornece subsídios para o início de operações de microempresas e apoio contínuo para o desenvolvimento de projetos empresariais.
Além de toda a ajuda que podem dar em suas respectivas circunstâncias – do alojamento à alimentação, do acompanhamento espiritual à assistência psicológica e burocrática, da educação das crianças à formação profissional – os salesianos compartilham o sonho de todos os refugiados e deslocados de ver a paz e a prosperidade em seus países, para que possam voltar para casa. Mas, enquanto esperam por esse dia, continuarão a estar ao seu lado.