Partilha: Diz Aí, Amazônida

Quinta, 12 Novembro 2015 17:48 Escrito por  Pe. José Benedito Castro, SDB
Partilha: Diz Aí, Amazônida reprodução
Uma reflexão sobre o documentário Diz Aí, Amazônida, que reúne depoimentos de 40 jovens paraenses e amazonenses.

Vez por outra, acontece em algumas regiões do Norte um fenômeno natural: o sol está brilhando e chicoteando com seu calor, mas, ao mesmo tempo, está caindo uma chuvinha. Ainda garoto, eu costumava dizer, como diziam os adultos: “é o casamento do sol com a lua”. Esta realidade física pode ter outro aspecto no campo cultural. Há vivências culturais que acontecem em Manaus, mas não nas outras capitais do Norte, assim que como há outras que acontecem em capitais do Sul e em nenhuma cidade do Norte. Isto vale também para teatro, cinema, shows, feiras, exposições, congressos.

Falo disto para poder partilhar com vocês alguma coisa que aconteceu em Belém, mas não sei se aconteceu ou acontecerá em outras capitais. No dia 18 de outubro deste 2015, foi lançado o documentário “Diz Aí, Amazônida”. Ele reúne depoimentos de 40 jovens paraenses e amazonenses que dizem, em filme, como é ser jovem na Amazônia. O lançamento pela TV foi no Canal Futura (veja no final deste artigo o link para acessar o documentário em episódios). Documentário dirigido pelo paraense Segtowick, com produção de Clarté e Marabu. Estive presente quando lançado no Cinema Olympia, em Belém.

O filme fala de jovens que nasceram ou vivem na Amazônia, que vivem entre o asfalto e o rio, entre a confusão de uma grande cidade e a tranqüilidade da vida ribeirinha. Um cotidiano na região, mas que o restante do Brasil possivelmente desconheça. O documentário reúne depoimentos de 20 jovens do Belém e 20 de Manaus de diferentes origens, como movimentos sociais, indígenas, estudantes; eles mesmos fizeram o primeiro esboço do futuro documentário agora lançado. É parte de um projeto que não se encerra com o lançamento da série na TV. “O Diz, aí” vai se desdobrar em diversas ações de mobilização social e cultural do Canal Futura.

O documentário tem cinco episódios que abordam aspectos diversos das culturas juvenis da nossa região. O primeiro, com duração de dez minutos, debate a identidade dos jovens por vertentes como religião, sexualidade, questões de gênero e a moda. O segundo episódio aborda a questão da mobilidade juvenil.

 

Partilho porque...

Partilho este evento porque todos sabemos o quanto um salesiano educador deve a cada dia conhecer mais e melhor a vida e as diversas situações juvenis de nossa missão.

... porque nem sempre os jovens são os protagonistas na apresentação de suas vidas;

... porque, mesmo havendo muitos livros e pesquisas sobre as juventudes, esses estudos vivem especial forma de esquecimento em bibliotecas ou arquivos de universidades; pesquisas limitadas à leitura para poucos ‘entendidos’, ‘especialistas’ mas sem qualquer iluminação aos desafios da missão educativo-pastoral;

... porque, mesmo limitado a jovens das duas capitais mais populosas do  Norte, o documentário pode nos ajudar a compreender quanto os centros urbanos influenciam as juventudes das cidades pequenas, as interioranas;

... porque a fala é de jovens amazônidas, o documentário deve atingir o coração dos interesses culturais e pastorais de cada salesiano ou de cada membro dos grupos da Família Salesiana, é um espaço onde eles nos educam;

... porque o documentário pode reafirmar ou contradizer a vasta experiência que cada salesiano tem das juventudes, a partir de sua longa ou breve experiência educativo-pastoral. Mas um educador em contexto de “mudança de tempos” deve se sentir bem vivendo como “eterno aprendiz” (Gonzaguinha);

... porque para realidades complexas, como é a das culturas juvenis, importa trabalhar com várias leituras, de diversos ângulos, cotejar correntes diversas. O “Diz Aí, Amazônia” é um ponto de vista, uma visão que pode completar um pouco mais nossa acolhida de uma realidade que ultrapassa a visão sempre limitada de um grupo, de uma pessoa, de uma instituição. [...]

 

Os jovens falam e esperam ser escutados

O documentário pede a reação da interatividade. Passam-me, pela mente, espaços propícios de reflexão e debates: reuniões de grupos de jovens nas paróquias e obras sociais, encontros de alunos do ensino médio e do ensino universitário, momentos formativos com educadores leigos, encontros com lideranças leigas das pastorais, equipes de Animação Vocacional, comunidades formativas, momentos de formação de lideranças estudantis; reuniões de grupos da Articulação da Juventude Salesiana (AJS). Bem pode ser provocação para os salesianos no seu ‘Dia da Comunidade’, mesmo porque os episódios são de breve duração, abertos ao debate e à celebração.

Olho vivo! Os jovens falam e esperam ser escutados pelos missionários dos jovens, seus educadores e pastores. Os jovens mostram a sua cara e esperam que a contemplemos como em um “êxtase” educativo.

Mas, se por acaso, este documentário foi lançado em outras capitais da nossa Amazônia ou você o acolheu na mesma televisão, já não aconteceu a chuva com sol (assinalada no inicio). Então delete esta minha inquietação intelectual. E não ficarei frustrado, pois o simples fato de, com vocês, partilhar as coisas que me ardem no coração já vale a pena o ter rabiscado estas linhas.

 

Toque aqui para ver os episódios do documentário

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Última modificação em Domingo, 15 Novembro 2015 00:43

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Quinta, 12 Novembro 2015 17:48 Escrito por  Pe. José Benedito Castro, SDB
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Uma reflexão sobre o documentário Diz Aí, Amazônida, que reúne depoimentos de 40 jovens paraenses e amazonenses.

Vez por outra, acontece em algumas regiões do Norte um fenômeno natural: o sol está brilhando e chicoteando com seu calor, mas, ao mesmo tempo, está caindo uma chuvinha. Ainda garoto, eu costumava dizer, como diziam os adultos: “é o casamento do sol com a lua”. Esta realidade física pode ter outro aspecto no campo cultural. Há vivências culturais que acontecem em Manaus, mas não nas outras capitais do Norte, assim que como há outras que acontecem em capitais do Sul e em nenhuma cidade do Norte. Isto vale também para teatro, cinema, shows, feiras, exposições, congressos.

Falo disto para poder partilhar com vocês alguma coisa que aconteceu em Belém, mas não sei se aconteceu ou acontecerá em outras capitais. No dia 18 de outubro deste 2015, foi lançado o documentário “Diz Aí, Amazônida”. Ele reúne depoimentos de 40 jovens paraenses e amazonenses que dizem, em filme, como é ser jovem na Amazônia. O lançamento pela TV foi no Canal Futura (veja no final deste artigo o link para acessar o documentário em episódios). Documentário dirigido pelo paraense Segtowick, com produção de Clarté e Marabu. Estive presente quando lançado no Cinema Olympia, em Belém.

O filme fala de jovens que nasceram ou vivem na Amazônia, que vivem entre o asfalto e o rio, entre a confusão de uma grande cidade e a tranqüilidade da vida ribeirinha. Um cotidiano na região, mas que o restante do Brasil possivelmente desconheça. O documentário reúne depoimentos de 20 jovens do Belém e 20 de Manaus de diferentes origens, como movimentos sociais, indígenas, estudantes; eles mesmos fizeram o primeiro esboço do futuro documentário agora lançado. É parte de um projeto que não se encerra com o lançamento da série na TV. “O Diz, aí” vai se desdobrar em diversas ações de mobilização social e cultural do Canal Futura.

O documentário tem cinco episódios que abordam aspectos diversos das culturas juvenis da nossa região. O primeiro, com duração de dez minutos, debate a identidade dos jovens por vertentes como religião, sexualidade, questões de gênero e a moda. O segundo episódio aborda a questão da mobilidade juvenil.

 

Partilho porque...

Partilho este evento porque todos sabemos o quanto um salesiano educador deve a cada dia conhecer mais e melhor a vida e as diversas situações juvenis de nossa missão.

... porque nem sempre os jovens são os protagonistas na apresentação de suas vidas;

... porque, mesmo havendo muitos livros e pesquisas sobre as juventudes, esses estudos vivem especial forma de esquecimento em bibliotecas ou arquivos de universidades; pesquisas limitadas à leitura para poucos ‘entendidos’, ‘especialistas’ mas sem qualquer iluminação aos desafios da missão educativo-pastoral;

... porque, mesmo limitado a jovens das duas capitais mais populosas do  Norte, o documentário pode nos ajudar a compreender quanto os centros urbanos influenciam as juventudes das cidades pequenas, as interioranas;

... porque a fala é de jovens amazônidas, o documentário deve atingir o coração dos interesses culturais e pastorais de cada salesiano ou de cada membro dos grupos da Família Salesiana, é um espaço onde eles nos educam;

... porque o documentário pode reafirmar ou contradizer a vasta experiência que cada salesiano tem das juventudes, a partir de sua longa ou breve experiência educativo-pastoral. Mas um educador em contexto de “mudança de tempos” deve se sentir bem vivendo como “eterno aprendiz” (Gonzaguinha);

... porque para realidades complexas, como é a das culturas juvenis, importa trabalhar com várias leituras, de diversos ângulos, cotejar correntes diversas. O “Diz Aí, Amazônia” é um ponto de vista, uma visão que pode completar um pouco mais nossa acolhida de uma realidade que ultrapassa a visão sempre limitada de um grupo, de uma pessoa, de uma instituição. [...]

 

Os jovens falam e esperam ser escutados

O documentário pede a reação da interatividade. Passam-me, pela mente, espaços propícios de reflexão e debates: reuniões de grupos de jovens nas paróquias e obras sociais, encontros de alunos do ensino médio e do ensino universitário, momentos formativos com educadores leigos, encontros com lideranças leigas das pastorais, equipes de Animação Vocacional, comunidades formativas, momentos de formação de lideranças estudantis; reuniões de grupos da Articulação da Juventude Salesiana (AJS). Bem pode ser provocação para os salesianos no seu ‘Dia da Comunidade’, mesmo porque os episódios são de breve duração, abertos ao debate e à celebração.

Olho vivo! Os jovens falam e esperam ser escutados pelos missionários dos jovens, seus educadores e pastores. Os jovens mostram a sua cara e esperam que a contemplemos como em um “êxtase” educativo.

Mas, se por acaso, este documentário foi lançado em outras capitais da nossa Amazônia ou você o acolheu na mesma televisão, já não aconteceu a chuva com sol (assinalada no inicio). Então delete esta minha inquietação intelectual. E não ficarei frustrado, pois o simples fato de, com vocês, partilhar as coisas que me ardem no coração já vale a pena o ter rabiscado estas linhas.

 

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