O encontro tem como objetivo identificar alguns eixos comuns que nos próximos anos possam inspirar, como rede de escolas, a missão educativa salesiana no continente americano; articular pontos de encontro onde os agentes educativos possam imaginar e construir estratégias educativo-pastorais inovadoras, bem como compartilhar as boas práticas e oferecer espaços compartilhados de integração, formação e reflexão que iluminem a contribuição educativa para a sociedade atual e o compromisso com os jovens.
Na abertura do evento o padre Jairo Gomez, inspetor da Inspetoria Salesiana de Medellin, ao dar as boas vindas aos participantes esclareceu a justificativa do congresso: “Em tempos de profundas incertezas e crises, em meio a tantos desafios juvenis, a educação salesiana se apresenta como séria alternativa e proposta de desenvolvimento humano alicerçada em sólidos valores. Para manter a nossa significatividade na educação queremos renovar esse compromisso, juntos, como Família Salesiana”.
E concluiu afirmando que os salesianos têm a pedagogia no coração: “São educadores-pastores da juventude e, como Dom Bosco, acreditam no grande potencial da ‘pedagogia do coração’ como capaz de transformar a vida dos jovens, uma vez que a pedagogia salesiana privilegia a experiência da escuta, da amizade, da convivência, do diálogo. É assim que educamos para o futuro”, disse.
Contexto sociocultural
A primeira Conferência desse evento teve como tema: “O contexto no qual a Escola Salesiana educa” e foi ministrada pelo sociólogo Dr. Cristian Cox, da Universidade Diego Portales, no Chile. Ao longo da sua palestra ele apresentou e refletiu com os congressistas sobre alguns dos grandes fenômenos da contemporaneidade e seus desafios para a educação.
“Vivemos atualmente num contexto muito diferente daquele do passado; estamos na era da globalização, da tecnologia, da mudança radical de modelos, parâmetros, critérios e estruturas; vivemos numa nova relação de espaço e tempo (era da virtualidade) e com isso a escola e a universidade tomaram alcance planetário; estamos na era das incertezas, da insegurança, da liquidez; estamos na sociedade da informação, do conhecimento, todavia sente-se carência de sentido para a vida e para as relações interpessoais” disse Dr. Cristian Cox.
Mapa em mudança
Para reforçar a apresentação do quadro das grandes mudanças no continente americano, o conferencista mostrou aos participantes diversas planilhas estatísticas sobre o processo de mudanças sociodemográficas e culturais nos países latino-americanos.
Dr. Cristian acenou a dados sobre a pobreza: “Temos menos pobreza do que há 20 anos, menos indigências; há hoje mais investimentos públicos na área da educação; mais empreendedorismo público e privado com novas iniciativas na educação; constata-se que hoje há mais influência dos organismos internacionais sobre as instituições de ensino estatal e privado; na esfera governamental há novas ferramentas sendo usadas na gestão da educação como definição de padrões, sistema de avaliação (desempenho) e prestação de contas; houve maior expansão da cobertura da educação, mais expansão dos níveis de educação, entre outros”, disse o sociólogo.
Em resposta aos desafios
Foi apresentado que, apesar das conquistas, ainda persiste a desigualdade social e cultural nos diversos países latino-americanos e os desafios culturais pedem do gestor da escola visão e sensibilidade para educar.
Um olhar especial para a área da inclusão foi solicitado aos representantes das inspetorias. “É preciso rever os conteúdos, as relações sociais dentro da escola, avaliar os métodos usados, repensar a linguagem [as formas de comunicação com o público – aluno, família, colaboradores, sociedade]; se a escola não for capaz de avaliar poderá não ser ‘escola esperança’ e ‘escola ponte’ para o futuro”, explicou doutor Cristian Cox, que finalizou falando sobre as competências dos educadores.
“Na área das competências, não basta privilegiar a informação, é necessário dar atenção ao conhecimento e à promoção de habilidades [a comunicação, a capacidade de trabalhar em equipe, a disciplina pessoal, adaptabilidade, resiliência]; os educadores precisam adquirir pensamento crítico capaz de diálogo e discernimento; é necessário educar para a promoção de síntese entre o tradicional e o moderno”, considerou o palestrante.