Esporte para aplicar a pedagogia de Dom Bosco
No ambiente salesiano não apenas a prática do futebol, mas principalmente as atividades esportivas, independente da modalidade, são continuamente incentivadas entre os alunos. E é sobre esse incentivo que fala a irmã Stella Matutina, FMA, que há mais de 50 anos trabalha em meio à juventude.
Boletim Salesiano - A senhora dedicou a sua vida ao esporte nas casas salesianas. Nos conte um pouco sobre a sua atuação.
Irmã Stella Matutina - Há mais de 50 anos estou em meio à juventude e é aí que me realizo sem nunca experimentar cansaço ou desânimo. É prazeroso e muito gratificante. Se tivesse que começar tudo de novo, estaria pronta para dizer “sim”. Sempre me senti acolhida pelos jovens e o interessante é que apesar de não ser mais jovem, nada mudou, sou acolhida da mesma forma. Sou uma agraciada pela vida salesiana que me dá esta oportunidade! Minha convivência com a juventude preenche meu ser!
BS – Como a senhora acredita que o esporte pode ajudar a passar o carisma de Dom Bosco e de Madre Mazzarello aos alunos?
Ir. Stella – A prática do esporte traz importantes benefícios para os jovens e as crianças. Dom Bosco era um homem aberto ao diálogo. Não tenho dúvida de que o pátio e a quadra de esportes são os melhores espaços para se relacionar com o jovem, e é aí que, em ambiente descontraído, se coloca a oportunidade de aplicar a pedagogia de Dom Bosco. “Que os jovens não só sejam amados, mas se sintam amados”. Na sua simplicidade, Madre Mazzarello, após algum tempo, juntamente com a amiga Petronilla, reunia, após a missa, as jovens na praça da Igreja e assim já manifestava também sua pedagogia na educação servindo-se do esporte.
BS – Na opinião da senhora, de que modo o esporte pode contribuir com a integração social?
Ir. Stella- Na filosofia e pedagogia salesianas, o esporte sempre teve e terá seu lugar privilegiado. Ele contribui para uma ampla formação do aluno,colaborando na socialização, compromisso e protagonismo. Falo sempre para os profissionais do esporte: se o esporte não tiver como principal objetivo “educar”, nenhuma vitória é vitória.Temos de colocar aí os valores e prioridades do sistema preventivo: a pedagogia do amor. O esporte é uma forma de prevenção da marginalização e de melhoria da sociedade como outras obras de promoção social.
BS – Ao longo desses anos, a senhora presenciou algum fato/ história de aluno, que demonstre a importância do esporte na vida das pessoas?
Ir. Stella – Nunca imaginei que, nesta função em que mergulhei, fossem surgir tantos frutos. Hoje afirmo e provo que o esporte é uma importante arma social, instrumento de precisão, para melhor desenvolvimento, visando aproximar os jovens e fazer com que eles exercitem não somente o corpo, mas também a mente, para que possam obter resultados mais expressivos na vida. É gratificante, enche a alma da gente, visualizar o sucesso de muitos que ainda se voltam e, prazerosos, relembram o tempo em que passaram na escola salesiana.
Cito aqui um exemplo: na década de 1990, a ex-jogadora de vôlei, Leila Gomes de Barros, em uma entrevista, fez referências a mim. E aí fui eu chamada para também falar sobre ela. O que eu desejo salientar aqui é que ela, no auge da fama, jogadora de vôlei da Seleção Brasileira, fez referência a uma pessoa que, na sua formação, deu um pouco de si em prol dela. Nas Olimpíadas, em Sydney, ao receber a medalha, dedicou-a à sua mãe e a mim. Assim como a Leila, há outros por aí e por tudo isso sou imensamente grata a Deus pela sua ternura, confiando-me esta missão.
Camila Santos
Educação Física para desenvolver valores
O ex-jogador de futebol Raimundo Nonato Magalhães Barreto, mais conhecido como Dino Furacão, começou sua carreira ainda criança nos times de divisão de base do Bahia. Passou pelo Santos Futebol Clube e fez carreira internacional, jogando nos Emirados Árabes Unidos e em Portugal. Em 1998, Dino ingressou no Colégio Salesiano do Salvador (Nazaré), BA, onde é professor de Educação Física e comanda as equipes de futsal infantil e mirim. Poucos dias antes do início da Copa do Mundo, Dino reservou um tempinho para conversar com o Boletim Salesiano sobre o Mundial de Futebol, sua trajetória profissional e a relação da Educação Física com a pedagogia salesiana.
Boletim Salesiano - Qual é a sua ligação com o esporte, especialmente com o futebol?
Dino Furacão - Minha ligação com o esporte começou muito cedo, no seio familiar. O meu pai, Florisvaldo Barreto, jogou no Esporte Clube Bahia, entre os anos 1954 a 1966, e eu sempre o acompanhava nos treinos e jogos. Ainda criança, comecei a jogar nos times de divisão de base e, mais tarde, joguei como profissional nos Emirados Árabes Unidos, no time Sharjah Sport Club. Continuei minha carreira como jogador de futebol ao retornar para a Bahia e, posteriormente, fui jogar em São Paulo. Anos depois, viajei para Portugal, passando um período de nove anos lá, onde joguei no time Nacional da Ilha Madeira por três anos, mesmo time em que Cristiano Ronaldo começou sua carreira. Ao voltar para o Brasil continuei jogando por um bom período ainda.
BS - Conte-nos um pouco sobre sua história com a instituição salesiana.
Dino Furacão - A minha relação com os salesianos começou em 1998, quando ingressei como professor de Educação Física e técnico da equipe de futsal mirim e infantil. Em 1999, atuava também como colaborador nos Jogos Internos. Trabalhei ainda no Espaço Cultural Dom Bosco, onde tinha uma escolinha de futebol. Atualmente continuo trabalhando no Liceu Salesiano do Salvador, BA, como educador físico e técnico das equipes de futsal.
BS – Em sua opinião, qual é a importância do esporte na educação salesiana?
Dino Furacão- A importância é muito grande. Por meio do esporte é possível trabalhar vários valores com os alunos, como regras, disciplina e sociabilidade. É uma atividade que está ligada diretamente à saúde e ao bem estar, por isso procuramos sempre trabalhar com temas que fazem parte da vida: obesidade, alimentação saudável, anabolizantes, dopping no esporte, entre outros. Percebemos a relação da Educação Física com a pedagogia salesiana quando lembramos que Dom Bosco sempre utilizava o esporte e as brincadeiras; e por meio do lúdico conseguia trabalhar muitas questões com as crianças e jovens. Nós, como educadores salesianos, buscamos seguir esse exemplo.
BS - Qual é a importância desta Copa do Mundo ser realizada no Brasil, do ponto de vista pedagógico? O Salesiano do Salvador realizou algum projeto especial relacionado ao Mundial?
Dino Furacão - Com a chegada da Copa do Mundo, que este ano será realizada aqui no Brasil, propomos um projeto multidisciplinar, no qual o aluno pode trabalhar o mesmo tema, sob o ponto de vista de várias disciplinas. É possível trabalhar com a história dos países participantes, com a geografia, economia, estatística, cultura e muito mais. Na disciplina de Educação Física, estamos participando deste projeto e, junto com os alunos, construindo uma apresentação cultural de dança.
Gigliola Sena e Elisane Alves
Incentivo ao esporte
“O esporte é uma ferramenta que agrega os jovens, motiva a prática saudável e disciplina os hábitos”, afirma Elizabeth Siqueira, atual vice-diretora dos Institutos Superiores de Ensino (ISECENSA) e coordenadora de esportes do Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora (CENSA), de Campos dos Goytacazes, RJ. Há 33 anos trabalhando no CENSA, Elizabeth conta ao Boletim Salesiano de que forma a escola motiva os alunos a se envolverem com o esporte e acredita que através dele é possível trabalhar também o sentido de pertença, o trabalho em equipe e o respeito ao próximo.
Boletim Salesiano - Que modalidades esportivas são ensinadas no CENSA?
Elizabeth Siqueira -No CENSA trabalhamos com futsal, handebol, basquete, vôlei, natação, judô, ballet, dança moderna, ginástica olímpica e ginástica acrobática. Com a confirmação das Olimpíadas de 2016 em nosso país, houve um despertar maior ainda por parte dos jovens. Sem dúvida, nesse momento pela proximidade da Copa do Mundo, o futsal está em alta, porém todas as modalidades são muito procuradas pelos jovens e crianças.
BS – Há algum projeto para incentivar a prática esportiva?
Elizabeth -Trabalhamos desde os pequeninos por meio da psicomotricidade e das “Escolinhas de Esporte” que contemplam todas as modalidades. Temos anualmente os Jogos de Outono (entre as turmas do fundamental II), as Olimpíadas Internas (fundamental e ensino médio), além de participamos sempre dos Jogos da ANEC-RJ, Jogos Intercolegial O Globo, Jogos da Liga de Vôlei, dos campeonatos municipais e dos intercâmbios com as escolas católicas.
BS – Quais foram as principais conquistas já alcançada pela escola?
Elizabeth -Nossa maior conquista é ver os atletas se destacarem e lutarem com ética, respeito ao adversário e com espírito de equipe. Temos tido sempre excelentes resultados técnicos nos campeonatos acima citados e que são regionais, o que demonstra nosso empenho no trabalho esportivo e na formação do jovem.
BS - Nos conte um pouco sobre a sua trajetória profissional no CENSA.
Elizabeth -Trabalho aqui há 33 anos, e esta é uma casa que acolhe, que indica caminhos, que nos proporciona crescimento. Aqui vivenciamos o verdadeiro espírito de família e junto com as irmãs sentimos o real espírito de coletividade. Estudei aqui desde a segunda série primária e estou até hoje: entre tempo de estudo e de trabalho são 43 anos. O Auxiliadora, para mim, é a verdadeira ligação do humano com o divino. Aqui alicercei minha fé e minha prática cristã.
Camila Santos