“O filme dedicado a Maín respira esperança”

Terça, 17 Dezembro 2013 09:52 Escrito por  Editorial Boletim Salesiano
Irmã Caterina Cangià fala ao Boletim Salesiano sobre a produção do filme Maín, a casa da felicidade, biografia de Santa Maria Domingas Mazzarello que emocionou religiosos e leigos pela sensibilidade com que trata o carisma da co-fundadora da Família Salesiana.

Realizado para as comemorações dos 140 anos do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, o filme Maín, a casa da felicidade – uma biografia da co-fundadora da Família Salesiana, Santa Maria Domingas Mazzarello – alcançou grande sucesso de público e crítica na Itália. A esmerada e competente produção cinematográfica foi fruto do trabalho de irmã Caterina Cangià. Em entrevista ao Boletim Salesiano, ela fala sobre a importância formativa e cultural do filme, que foi distribuído a todas as casas dos Salesianos de Dom Bosco e das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil.

 

Boletim Salesiano – Qual é a atualidade de Maín, a casa da felicidade?

Ir. Caterina Cangià – A ideia do filme nasceu do Instituto Internacional das Filhas de Maria Auxiliadora com o objetivo de disseminar o conhecimento do carisma que animou Maín. A escolha do filme foi para traduzir para os dias atuais a ideia de que se constrói alguma coisa de valor quando o fazemos juntos, porque se olha a realidade do seu compromisso de consagrados que colaboram com os leigos com o mesmo olhar de Maín. A atualidade se traduz no amor pelas jovens, pelos pequenos e pelos pobres em geral; pela disposição de nunca ignorar quando pedem a nossa ação educativa. A atualidade de Maín consiste em ler cada necessidade das pessoas como um pedido de Nossa Senhora Auxiliadora, ao qual devemos responder. Os jovens e os pequenos de hoje confiam em nós e nós, como Maín, devemos responder com atenção.

 

BS – Quais são os valores transmitidos pelo filme?

Ir. Caterina Cangià – O filme dedicado a Maín respira esperança. Falar de casa e de felicidade por meio da escolha de uma jovem que se torna freira e guia suas irmãs pelos caminhos do mundo, deixa entrever um caminho interior para resistir a esses tempos de crise e para encontrar o caminho que liberta da ditadura do materialismo, fazendo reencontrar, nas malhas da afetividade e na dedicação de sua vida ao próximo, o sentido de uma vida feliz.

Mas o valor que eu quis destacar é a relação entre as pessoas. Sim, a relação. Maín foi uma mulher que construiu redes. Primeiro na sua família, depois com suas amigas, depois com as pequenas e as suas colaboradoras mais próximas, depois com as comunidades, próximas e distantes, mantidas juntas pela sua voz e pelas suas cartas. E agora todas nós, Filhas de Maria Auxiliadora, presentes nas 94 nações do mundo.

Outro valor é a feminilidade que transparece em cada cena do filme. Maín assume o cuidado dos irmãos pequenos. Consola seu pai, com doçura, depois que os ladrões levaram todas as economias da família. Acode a sua mãe adoentada. Comove-se quando o vendedor lhe traz as duas filhas órfãs. A sua feminilidade, que transparece no olhar, nas palavras e nos gestos, dialoga muito com a firmeza, a decisão, o espírito de sacrifício e autonomia. Por ser uma mulher em 1.800, Maín está também na contra corrente. Imaginemos a comunidade de Mornese com as suas reservas, preconceitos, visões muito limitadas. Maín “foge à regra”. É esta feminilidade que quis exprimir e a escolha da atriz, Gaia Insenga, muito doce no olhar e no sorriso, mas firme e decidida na voz e no movimento, dá ação a isso tudo.

Depois vamos considerar os valores artísticos, de fato o filme fala através do impacto visual da natureza, da luz, do ambiente rural que rodeava Maín.

 

BS – O filme foi exibido na televisão e nos cinemas... Quanto isso é importante?

Ir. Caterina Cangià – O filme foi gravado digitalmente e produziu cinco terabyte de dados “de santidade”. O filme teve sua estreia em Roma, Itália, em 4 de maio de 2012, na Sala Petrassi – Auditorium Parque da Música, precisamente o lugar onde se tem um festival de cinema em Roma. Foram convidadas autoridades civis, eclesiásticas, religiosas e representantes da Família Salesiana. A noite foi comovente e espetacular. Depois o filme foi exibido em salas de cinema, sobretudo em algumas regiões da Itália, e obteve uma recepção entusiasmada. Recordo que várias irmãs telefonaram, logo depois do final da exibição para as escolas e ex-alunos, para expressar sua emoção e reconhecimento.

O filme também foi exibido nos cinemas do exterior, sobretudo na América Central. Depois as televisões quiseram exibi-lo. Na Itália houve a transmissão, em cinco de agosto de 2012, no Sat2000 e depois então em outros países. No Brasil os direitos foram cedidos por poucas semanas e logo irá para a TV brasileira!

Foram gravadas muitas cópias do DVD que foram largamente difundidas em alguns países. Por exemplo, na Áustria foram adquiridas 1000 cópias! O filme foi levado a Cannes, capital internacional do cinema e quem viu o trailler foi atingido pela beleza e pela luz.

É muito importante que um filme venha medir o interesse do público por intermédio dos grandes meios de comunicação de massa como o cinema e a televisão. Devemos falar com a linguagem de hoje para as pessoas de hoje!

 

BS – Como foi a aceitação do filme na Itália e nos outros países?

Ir. Caterina Cangià – Eu penso que o trabalho maior e mais bonito foi feito no Brasil. Chegaram vários e-mails e comentários no Facebook sobre o filme. Eu mesma o projetei a dois grupos de Filhas de Maria Auxiliadora brasileiras e fiquei muito feliz com o entusiasmo e emoção despertados pelo filme. Sei que também na Itália e outros lugares foi utilizado para os caminhos vocacionais. Sei que vem sendo usado pelos grupos de formação que participam do projeto Mornese e recebi inúmeros testemunhos de pessoas, FMA e leigos que desejaram manter o anonimato, mas que comunicaram toda sua alegria e reflexões sobre o filme. Para mim são importantes os testemunhos porque me dizem que o objetivo foi atingido.

 

BS – Como foi a realização do filme? Quem esteve envolvido na sua realização?

Ir. Caterina Cangià – Fazer um filme é como dar à luz um filho. Esta experiência de “gestação” teve também momentos de dificuldade, começando pela gravidez, quando percebemos que Multidea, mesmo sendo uma produtora multimídia, não era um estúdio cinematográfico. E então, na correria, porque faltavam 10 dias para a produção do filme, para encaminhar as atividades. Do ministério chegou a resposta que poderíamos gravar o filme e que Multidea era, para todos os efeitos, um estúdio cinematográfico, dois dias antes das tomadas. E outras e outras dificuldades de todos os gêneros superadas com a ajuda da incrível equipe de trabalho e de muita “garra”. Uma equipe que demonstrou grande profissionalismo e generosa colaboração. Tenho só a agradecer a todos.

Gaia Insenga, a atriz que interpretou Madre Mazzarello jovem e adulta, destacou como o filme foi, também para ela, uma experiência importante com dimensões que não conhecia – nunca havia entrado em uma casa salesiana – e a fez estabelecer relações que depois de dois anos desde o início das tomadas, se tornaram importantes na sua vida.

A atriz contou que se preparou para interpretar Maín lendo suas cartas e as biografias dedicadas a ela, e assim, gradualmente mudou sua abordagem da personagem, compreendendo como a dimensão da vivência de Maín tem uma força que superava a sua fragilidade física, que encontrava a fonte dessa força na sua fé. “Para mim foi uma revolucionária”, disse Insenga, e destacou como algumas características de Madre Mazzarello que a atingiram profundamente: “Amar desinteressadamente, sem se preocupar em ser correspondida; lutar junto daqueles que não têm força para fazê-lo, unir-se aos outros, que é uma maneira de aumentar a própria pequena força”. Segundo a atriz, o carisma de Maín invadiu também os dias de trabalho de todos que participaram da realização do filme. “O meu tipo físico e meu caráter - disse a atriz - me fizeram pensar que é minha característica interpretar a doçura, enquanto que o personagem de Maín me fez experimentar a possibilidade de interpretar a força, mas uma força alimentada por uma fonte poderosa, que dá segurança à concretização dos objetivos que se almejam”.

O filme exigiu três anos de trabalho, 40 dias de gravações, 15 protagonistas e outros tantos coadjuvantes, mais de 200 figurantes e 600 trajes.

Eu sou uma religiosa inserida em uma realidade institucional e comunitária, isto é, a congregação religiosa e a comunidade onde vivo. A relação com esta realidade, desde a idealização até a realização da obra, foi belíssima. Todas as minhas irmãs participaram com curiosidade, interesse e auxílio, uma vez que envolveu a confecção dos figurinos e objetos. O longo estágio da idealização, eu compartilhei com o conselho geral da minha congregação. Reuniões de partilha e de troca, que me deram segurança e incentivo para continuar no trabalho e me fizeram sentir toda a confiança que foi depositada em mim. O filme foi uma oportunidade para a comunidade manifestar, em toda a sua sutileza, a palavra “compreensão”.

 

BS – Quem é o público-alvo do filme?

Ir. Caterina Cangià – O filme não tem um alvo particular, porque a história da fé de Maín é capaz de falar a todos e de mostrar, em âmbito universal, como uma experiência de vida generosa e cheia de amor por Deus e pelo próximo pode ser compreendida e apreciada por crianças e adultos, por religiosos e leigos.

A esse respeito, deve-se notar que as referências históricas no filme são mínimas, porque a obra não teve o objetivo de historiar a figura de Madre Mazzarello, mas sim de destacar o seu trajeto humano e espiritual que gerou uma família religiosa capaz de reencontrar-se, depois de 140 anos desde a fundação, em todas as grandes fronteiras do mundo, em 95 países dos cinco continentes, com mais de 13 mil freiras.

Se eu quiser, porém, ser mais precisa, a primeira audiência do filme foi feita a um público católico. O filme, no entanto, fala com todos. Por que uma camponesa semialfabetizada, impulsionada por um forte desejo de fazer o bem aos seus concidadãos mais jovens do que ela, para torná-los autônomos, capazes de ganhar a vida, é um hino ao desenvolvimento social. Uma mulher "feliz" e capaz de distribuir a felicidade ao seu redor, diz ao ateu, ao incrédulo e ao desconfiado que a felicidade nas provações e dificuldades não pode ser inventada. Nasce de algo que tem raízes e fonte no fundo do próprio ser. E vendo tudo isso, todos se questionam. Católicos ou não.

O filme tem muito a dizer também aos leigos, porque mostra-lhes que a santidade é um caminho possível, se você aceitar percorrê-lo nas pequenas coisas, porque é a partir daí que surge a chance de chegar às grandes.

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Terça, 17 Dezembro 2013 09:52 Escrito por  Editorial Boletim Salesiano
Irmã Caterina Cangià fala ao Boletim Salesiano sobre a produção do filme Maín, a casa da felicidade, biografia de Santa Maria Domingas Mazzarello que emocionou religiosos e leigos pela sensibilidade com que trata o carisma da co-fundadora da Família Salesiana.

Realizado para as comemorações dos 140 anos do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, o filme Maín, a casa da felicidade – uma biografia da co-fundadora da Família Salesiana, Santa Maria Domingas Mazzarello – alcançou grande sucesso de público e crítica na Itália. A esmerada e competente produção cinematográfica foi fruto do trabalho de irmã Caterina Cangià. Em entrevista ao Boletim Salesiano, ela fala sobre a importância formativa e cultural do filme, que foi distribuído a todas as casas dos Salesianos de Dom Bosco e das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil.

 

Boletim Salesiano – Qual é a atualidade de Maín, a casa da felicidade?

Ir. Caterina Cangià – A ideia do filme nasceu do Instituto Internacional das Filhas de Maria Auxiliadora com o objetivo de disseminar o conhecimento do carisma que animou Maín. A escolha do filme foi para traduzir para os dias atuais a ideia de que se constrói alguma coisa de valor quando o fazemos juntos, porque se olha a realidade do seu compromisso de consagrados que colaboram com os leigos com o mesmo olhar de Maín. A atualidade se traduz no amor pelas jovens, pelos pequenos e pelos pobres em geral; pela disposição de nunca ignorar quando pedem a nossa ação educativa. A atualidade de Maín consiste em ler cada necessidade das pessoas como um pedido de Nossa Senhora Auxiliadora, ao qual devemos responder. Os jovens e os pequenos de hoje confiam em nós e nós, como Maín, devemos responder com atenção.

 

BS – Quais são os valores transmitidos pelo filme?

Ir. Caterina Cangià – O filme dedicado a Maín respira esperança. Falar de casa e de felicidade por meio da escolha de uma jovem que se torna freira e guia suas irmãs pelos caminhos do mundo, deixa entrever um caminho interior para resistir a esses tempos de crise e para encontrar o caminho que liberta da ditadura do materialismo, fazendo reencontrar, nas malhas da afetividade e na dedicação de sua vida ao próximo, o sentido de uma vida feliz.

Mas o valor que eu quis destacar é a relação entre as pessoas. Sim, a relação. Maín foi uma mulher que construiu redes. Primeiro na sua família, depois com suas amigas, depois com as pequenas e as suas colaboradoras mais próximas, depois com as comunidades, próximas e distantes, mantidas juntas pela sua voz e pelas suas cartas. E agora todas nós, Filhas de Maria Auxiliadora, presentes nas 94 nações do mundo.

Outro valor é a feminilidade que transparece em cada cena do filme. Maín assume o cuidado dos irmãos pequenos. Consola seu pai, com doçura, depois que os ladrões levaram todas as economias da família. Acode a sua mãe adoentada. Comove-se quando o vendedor lhe traz as duas filhas órfãs. A sua feminilidade, que transparece no olhar, nas palavras e nos gestos, dialoga muito com a firmeza, a decisão, o espírito de sacrifício e autonomia. Por ser uma mulher em 1.800, Maín está também na contra corrente. Imaginemos a comunidade de Mornese com as suas reservas, preconceitos, visões muito limitadas. Maín “foge à regra”. É esta feminilidade que quis exprimir e a escolha da atriz, Gaia Insenga, muito doce no olhar e no sorriso, mas firme e decidida na voz e no movimento, dá ação a isso tudo.

Depois vamos considerar os valores artísticos, de fato o filme fala através do impacto visual da natureza, da luz, do ambiente rural que rodeava Maín.

 

BS – O filme foi exibido na televisão e nos cinemas... Quanto isso é importante?

Ir. Caterina Cangià – O filme foi gravado digitalmente e produziu cinco terabyte de dados “de santidade”. O filme teve sua estreia em Roma, Itália, em 4 de maio de 2012, na Sala Petrassi – Auditorium Parque da Música, precisamente o lugar onde se tem um festival de cinema em Roma. Foram convidadas autoridades civis, eclesiásticas, religiosas e representantes da Família Salesiana. A noite foi comovente e espetacular. Depois o filme foi exibido em salas de cinema, sobretudo em algumas regiões da Itália, e obteve uma recepção entusiasmada. Recordo que várias irmãs telefonaram, logo depois do final da exibição para as escolas e ex-alunos, para expressar sua emoção e reconhecimento.

O filme também foi exibido nos cinemas do exterior, sobretudo na América Central. Depois as televisões quiseram exibi-lo. Na Itália houve a transmissão, em cinco de agosto de 2012, no Sat2000 e depois então em outros países. No Brasil os direitos foram cedidos por poucas semanas e logo irá para a TV brasileira!

Foram gravadas muitas cópias do DVD que foram largamente difundidas em alguns países. Por exemplo, na Áustria foram adquiridas 1000 cópias! O filme foi levado a Cannes, capital internacional do cinema e quem viu o trailler foi atingido pela beleza e pela luz.

É muito importante que um filme venha medir o interesse do público por intermédio dos grandes meios de comunicação de massa como o cinema e a televisão. Devemos falar com a linguagem de hoje para as pessoas de hoje!

 

BS – Como foi a aceitação do filme na Itália e nos outros países?

Ir. Caterina Cangià – Eu penso que o trabalho maior e mais bonito foi feito no Brasil. Chegaram vários e-mails e comentários no Facebook sobre o filme. Eu mesma o projetei a dois grupos de Filhas de Maria Auxiliadora brasileiras e fiquei muito feliz com o entusiasmo e emoção despertados pelo filme. Sei que também na Itália e outros lugares foi utilizado para os caminhos vocacionais. Sei que vem sendo usado pelos grupos de formação que participam do projeto Mornese e recebi inúmeros testemunhos de pessoas, FMA e leigos que desejaram manter o anonimato, mas que comunicaram toda sua alegria e reflexões sobre o filme. Para mim são importantes os testemunhos porque me dizem que o objetivo foi atingido.

 

BS – Como foi a realização do filme? Quem esteve envolvido na sua realização?

Ir. Caterina Cangià – Fazer um filme é como dar à luz um filho. Esta experiência de “gestação” teve também momentos de dificuldade, começando pela gravidez, quando percebemos que Multidea, mesmo sendo uma produtora multimídia, não era um estúdio cinematográfico. E então, na correria, porque faltavam 10 dias para a produção do filme, para encaminhar as atividades. Do ministério chegou a resposta que poderíamos gravar o filme e que Multidea era, para todos os efeitos, um estúdio cinematográfico, dois dias antes das tomadas. E outras e outras dificuldades de todos os gêneros superadas com a ajuda da incrível equipe de trabalho e de muita “garra”. Uma equipe que demonstrou grande profissionalismo e generosa colaboração. Tenho só a agradecer a todos.

Gaia Insenga, a atriz que interpretou Madre Mazzarello jovem e adulta, destacou como o filme foi, também para ela, uma experiência importante com dimensões que não conhecia – nunca havia entrado em uma casa salesiana – e a fez estabelecer relações que depois de dois anos desde o início das tomadas, se tornaram importantes na sua vida.

A atriz contou que se preparou para interpretar Maín lendo suas cartas e as biografias dedicadas a ela, e assim, gradualmente mudou sua abordagem da personagem, compreendendo como a dimensão da vivência de Maín tem uma força que superava a sua fragilidade física, que encontrava a fonte dessa força na sua fé. “Para mim foi uma revolucionária”, disse Insenga, e destacou como algumas características de Madre Mazzarello que a atingiram profundamente: “Amar desinteressadamente, sem se preocupar em ser correspondida; lutar junto daqueles que não têm força para fazê-lo, unir-se aos outros, que é uma maneira de aumentar a própria pequena força”. Segundo a atriz, o carisma de Maín invadiu também os dias de trabalho de todos que participaram da realização do filme. “O meu tipo físico e meu caráter - disse a atriz - me fizeram pensar que é minha característica interpretar a doçura, enquanto que o personagem de Maín me fez experimentar a possibilidade de interpretar a força, mas uma força alimentada por uma fonte poderosa, que dá segurança à concretização dos objetivos que se almejam”.

O filme exigiu três anos de trabalho, 40 dias de gravações, 15 protagonistas e outros tantos coadjuvantes, mais de 200 figurantes e 600 trajes.

Eu sou uma religiosa inserida em uma realidade institucional e comunitária, isto é, a congregação religiosa e a comunidade onde vivo. A relação com esta realidade, desde a idealização até a realização da obra, foi belíssima. Todas as minhas irmãs participaram com curiosidade, interesse e auxílio, uma vez que envolveu a confecção dos figurinos e objetos. O longo estágio da idealização, eu compartilhei com o conselho geral da minha congregação. Reuniões de partilha e de troca, que me deram segurança e incentivo para continuar no trabalho e me fizeram sentir toda a confiança que foi depositada em mim. O filme foi uma oportunidade para a comunidade manifestar, em toda a sua sutileza, a palavra “compreensão”.

 

BS – Quem é o público-alvo do filme?

Ir. Caterina Cangià – O filme não tem um alvo particular, porque a história da fé de Maín é capaz de falar a todos e de mostrar, em âmbito universal, como uma experiência de vida generosa e cheia de amor por Deus e pelo próximo pode ser compreendida e apreciada por crianças e adultos, por religiosos e leigos.

A esse respeito, deve-se notar que as referências históricas no filme são mínimas, porque a obra não teve o objetivo de historiar a figura de Madre Mazzarello, mas sim de destacar o seu trajeto humano e espiritual que gerou uma família religiosa capaz de reencontrar-se, depois de 140 anos desde a fundação, em todas as grandes fronteiras do mundo, em 95 países dos cinco continentes, com mais de 13 mil freiras.

Se eu quiser, porém, ser mais precisa, a primeira audiência do filme foi feita a um público católico. O filme, no entanto, fala com todos. Por que uma camponesa semialfabetizada, impulsionada por um forte desejo de fazer o bem aos seus concidadãos mais jovens do que ela, para torná-los autônomos, capazes de ganhar a vida, é um hino ao desenvolvimento social. Uma mulher "feliz" e capaz de distribuir a felicidade ao seu redor, diz ao ateu, ao incrédulo e ao desconfiado que a felicidade nas provações e dificuldades não pode ser inventada. Nasce de algo que tem raízes e fonte no fundo do próprio ser. E vendo tudo isso, todos se questionam. Católicos ou não.

O filme tem muito a dizer também aos leigos, porque mostra-lhes que a santidade é um caminho possível, se você aceitar percorrê-lo nas pequenas coisas, porque é a partir daí que surge a chance de chegar às grandes.

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