Na quarta-feira, 2 de abril, as autoridades de Mianmar anunciaram uma trégua de três semanas para facilitar as operações de busca e resgate.Entretanto, de acordo com os últimos relatórios, ainda houve confrontos entre forças leais e grupos rebeldes, e a junta militar realizou várias operações na região de Sagaing durante a noite.
O último balanço oficial contabiliza mais de 3.000 mortos e mais de 4.500 feridos em decorrência do terremoto. Por sua vez, a Igreja Católica, por meio de sua Caritas, que ali se chama «Karuna Myanmar Social Services» (KMSS), tomou medidas imediatas.
Como a Igreja Católica em Mianmar está ajudando as pessoas afetadas pelo terremoto?
A Igreja Católica, com sua vasta rede de paróquias e dioceses, está em posição privilegiada para ajudar. Imediatamente após o terremoto, emiti uma declaração pedindo a todas as partes do conflito que declarassem o fim das hostilidades para facilitar o acesso humanitário sem obstáculos. Em seguida, estabelecemos um protocolo de resposta de emergência intitulado Merci (Myanmar Earthquake Response Church Initiative). A Diocese de Mandalay será a primeira a receber assistência, seguida pelas outras dioceses afetadas. A distribuição da ajuda seguirá princípios humanitários rigorosos. Os planos iniciais incluem:
- assistência à comunidade, mobilizando redes locais para disseminar informações e oferecer apoio emocional, e usando as instalações da Igreja como abrigos temporários para pessoas deslocadas;
- a distribuição de alimentos, o fornecimento de atendimento médico em clínicas administradas pela igreja ou por meio de unidades móveis;
- por fim, acompanhamento pastoral psicoespiritual pelas religiosas católicas.
Sua presença entre os sobreviventes promove a resiliência, oferecendo conforto em meio ao desespero. A rede KMSS pode fortalecer esses esforços coordenando as operações de socorro entre as dioceses e, ao mesmo tempo, promovendo a construção da paz em zonas de conflito.
Quais são as necessidades prioritárias no momento?
Alimentos, água e mais água, abrigo e medicamentos para centenas de pessoas feridas pelo terremoto. Elas precisam que outras pessoas se joguem em seus ombros e chorem. Uma nação traumatizada é ferida novamente. Eles precisam de lágrimas e de um ombro para chorar até que as represas do desespero sequem.
A ajuda humanitária do exterior pode entrar? Que notícias já têm?
Estamos convencidos de que a vulnerabilidade humana unirá a todos e contribuirá para erradicar o ódio recíproco. Solicitei a todos que observassem a interrupção dos confrontos durante as necessidades urgentes do nosso povo. É importante lembrar que o país já possui mais de três milhões de pessoas deslocadas internamente por causa do conflito.
O terremoto destruiu a vida de mais um milhão de pessoas. Direta e indiretamente, quase 15 milhões de pessoas foram afetadas.
A compaixão é uma religião comum em épocas de grandes desastres. Sei que há violações do cessar-fogo. Na reunião da ASEAN, houve um acordo e oramos para que o cessar-fogo seja mantido.
Como a Junta militar está auxiliando a população?
Eles apelaram para a comunidade internacional em busca de ajuda. Eles permitiram que muitos países apoiassem a população, o que é um passo positivo. Eles parecem ter aceitado o cessar-fogo, pelo menos por um mês. Esses são sinais positivos...
Mas pedimos que a resposta definitiva para a recuperação total da população seja uma paz baseada na justiça.
Depois desse desastre natural devastador, Mianmar pode seguir o caminho da paz e da reconciliação.
Faz alguns dias, o V. Emcia. enviou uma mensagem pedindo um cessar-fogo. Qual o seu apelo hoje?
Pedi o término das hostilidades para simplificar a entrega constante de auxílio humanitário. Estou feliz que algo assim esteja ocorrendo. Hoje, suplico a todos que ofereçam uma oportunidade para a paz. Nosso povo passou por muitas dificuldades. A paz é alcançável. A paz é o único caminho.
Fonte: Agência Info Salesiana – ANS