Em sua época, o Santo dos Jovens já compreendia que a formação cristã e a cidadania estavam interligadas, e que os jovens deveriam conhecer seus direitos e deveres para poderem contribuir em uma sociedade mais justa e fraterna.
Assim, mesmo que nunca tenha se envolvido na política partidária, nem tenha se identificado com as ideologias existentes em sua época, Dom Bosco teve uma forte atuação política, principalmente no sentido de proteger os direitos das crianças e dos adolescentes de então – inclusive, entre outros exemplos, com a intermediação de contratos de trabalho para que os jovens aprendizes daquela época tivessem tempo para o estudo, o lazer e a formação religiosa.
Direitos humanos
Mas e hoje? Como a Família Salesiana traz para a atualidade a reflexão sobre política e cidadania em consonância com os valores do Evangelho? A resposta está em uma multiplicidade de ações, que vão desde a representação em organismos internacionais para a defesa dos direitos humanos até os projetos voltados para a formação da cidadania no interior das obras sociais, escolas e paróquias salesianas.
Um dos exemplos mais contundentes da ação internacional da Família Salesiana é a presença junto à Organização das Nações Unidas (ONU) para a defesa dos direitos humanos. O Instituto Internacional Maria Auxiliadora (IIMA) tem status de organização consultiva especial do Conselho Econômico e Social (ECOSOC) da ONU; e os Salesianos de Dom Bosco (SDB) frequentemente participam de fóruns e reuniões das Nações Unidas que tratam sobre os direitos de crianças e adolescentes.
Já no âmbito nacional, a Rede Salesiana Brasil (RSB) fomenta a participação de seus representantes e colaboradores nos organismos de defesa de direitos e de construção de políticas públicas, como o Conselho Nacional de Ação Social (CNAS), o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) e suas expressões estaduais e municipais.
Formação para a cidadania
Nas obras sociais salesianas de todo o Brasil, crianças, adolescentes e jovens são incentivados a conhecer seus direitos e seus deveres, e a participarem ativamente dos movimentos e fóruns em defesa desses direitos, expressando suas principais preocupações com as juventudes do país.
Nas escolas, da mesma forma, crianças, adolescentes e jovens aprendem desde cedo a valorizar, para além do voto, a sua voz e a sua ação nas mudanças sociais que consideram necessárias.
Cabe destacar ainda o incentivo e a formação para o voluntariado educativo, expressão valorosa do jovem cristão que ultrapassa os limites de seu conforto pessoal para agir em prol daqueles que mais precisam de atenção e cuidado.
Por fim, é preciso dizer que a Família Salesiana age sempre em consonância com as indicações da Igreja Católica, desde a reflexão sobre fé e política no âmbito das paróquias salesianas, até a participação em organismos nacionais e internacionais da Igreja que prezam pelos direitos dos mais vulneráveis. Em relação à defesa dos direitos das populações indígenas, por exemplo, podemos ressaltar a participação salesiana em organismos como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) ou a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM).
Assim, no “hoje” da história, a Família Salesiana dá continuidade à proposta de Dom Bosco: formar “bons cristãos e honestos cidadãos”.