As cartas de Dom Bosco às FMA Destaque

Quinta, 30 Janeiro 2025 13:55 Escrito por  Portal FMA
As cartas de Dom Bosco às FMA Imagem retirada da pintura de Sílvia Allocco – Capela na Sede Central dos Salesianos de Dom Bosco, Roma. Portal FMA
Entre as 4.682 cartas recolhidas no Epistolário de Dom Bosco, apresentado por ocasião da Solenidade de Dom Bosco, algumas foram dirigidas às Filhas de Maria Auxiliadora.

 

No dia 31 de janeiro de 2025 celebra-se a solenidade de São João Bosco, Fundador da Congregação Salesiana e, com Santa Maria Mazzarello, do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Na proximidade desta grande Festa para a Família Salesiana, no dia 28 de janeiro, com a Conferência “De Valdocco ao mundo… e retorno” na Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, foi apresentado o Epistolário de Dom Bosco, a obra em dez volumes editada pelo Pe. Francisco Motto, SDB, e publicada de 1991 a 2024 pela Editora LAS . (Vídeo).

“Tende ânimo, portanto: Jesus está conosco. Quando tiveres espinhos, coloca-os com os da coroa de Jesus Cristo. Recomendo-vos a Deus na Santa Missa, rezai por mim que estou sempre em Jesus Cristo. Vosso humílimo servidor, Sacerdote João Bosco”.

Assim termina a carta endereçada à Irmã Maddalena Martini, FMA, datada de 8 de agosto de 1875, uma das 4.682 recolhidas e publicadas pelo Pe. Francisco Motto no Epistolário.

Cuidar da correspondência era uma ocupação constante de Dom Bosco: a ela se dedicava à noite, no final de cansativos dias oferecidos à escuta de jovens e adultos, ao encontro com benfeitores e autoridades e muito mais. Assegura o curador, que conclui esta obra após quarenta anos de pesquisas e estudos:

“Todo o corpus epistolar do Santo constitui um indispensável instrumento de conhecimento de Dom Bosco, da sua personalidade e dos seus ideais colhidos nas pregas do seu agir quotidiano; diremos um “Dom Bosco dia a dia”, o da dura fadiga quotidiana, que projeta, que abre horizontes, que age, que sofre, que luta, que vive para os Jovens, está com eles, intercepta os problemas e sem medo coloca-se a escrever à mesa para entrar em contato com qualquer pessoa no mundo (autoridades, grupos e indivíduos), para que possa ajudá-lo a resolvê-los.

São cartas escritas de uma só vez, sem muita atenção ao estilo, visto que questões práticas urgentes requeriam uma intervenção rápida: pedido de financiamentos, agradecimento pela ajuda recebida, augúrios ou condolências, recomendações, conselhos, exortações, convites, relatórios, mas também defesa dos próprios direitos. O próprio Dom Bosco, no seu “Testamento espiritual”, recomendava: “Se acontecer de imprimir alguma carta italiana minha, deve-se prestar muita atenção no sentido e na doutrina, porque a maior parte delas foi escrita às pressas e, portanto, com perigo de muitas imprecisões”.

Esta citação, devidamente colocada pelo editor na epígrafe do décimo volume, é uma importante chave de leitura: as cartas falam-nos da vida, documentam o pensamento e a visão de um homem que se dedicou aos jovens “até ao último suspiro”. Embora tenham sido escritos de uma só vez e para objetivos precisos, diversos, o seu estilo é incisivo, simples, envolvente. Possuem estrutura semelhante entre si: a abertura em que o Santo entra em diálogo com o interlocutor, colhendo aspectos pessoais; o motivo da carta, expresso de forma concisa e direta: a conclusão com a certeza da oração e o convite a olhar para o céu.

Entre estas cartas, algumas têm como destinatárias as FMA: Irmã Maddalena Martini, Madre Catarina Daghero, a sobrinha neta Irmã Eulália Bosco, todo o Instituto. Nelas o Pai e Mestre da juventude exprime características da sua relação com as FMA.

Indica o caminho da santidade, como resposta autêntica à vocação, preocupa-se em aconselhar e encorajar, tranquilizar e exortar  porque “O Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora… precisa de Irmãs… desejosas, sobretudo desejosas de se tornar santas, não através de ações extraordinárias, mas pelo caminho de obras comuns, para que sejam para o próximo, especialmente para as jovenzinhas de estímulo e atração às virtudes cristãs” (Ε ΙΧ, 4333).

No dia 5 de agosto de 1872, presente ao nascimento do Instituto, definiu-o “monumento vivo da gratidão de Dom Bosco à Grande Mãe de Deus, invocada sob o título de Auxílio dos Cristãos”. Na Circular que apresenta as “Deliberações do Segundo Capítulo geral das Filhas de Maria Santíssima Auxiliadora, realizado em Nizza Monferrato em agosto de 1886”, constata: “O desenvolvimento da vossa Congregação na Europa e na América é um seguro indício de que Deus a abençoa de uma maneira especial”.

Dom Bosco viveu períodos longos com as FMA, mas, através da presença de Dom Domingos Pestarino (diretor espiritual do primeiro grupo de Filhas da Imaculada de Mornese), de outros Salesianos e sobretudo valorizando o intuito e a ação de Maria Domingas Mazzarello e das FMA, soube fazer de um pequeno grupo de meninas um Instituto educativo pronto a desenvolver-se no mundo e projetado para o futuro.

Acompanhava à distância, interessando-se e respondendo a questões e dúvidas, sempre respeitando o trabalho das Irmãs. As pouquíssimas circulares dirigidas apenas às FMA contêm, portanto, um destilado da sua sábia orientação a um Instituto ainda nos inícios da sua vida. Ao apresentar as “Deliberações” recomenda “O Estudo e a prática das Constituições” mas também “este livro das Deliberações, para conhecê-las e observá-las, procurando assim a vantagem espiritual própria com a da Comunidade”.

Destaca então a responsabilidade de quem exerce um serviço de autoridade: “As Diretoras terão então aqui um manual e um guia na sua gestão e um apoio à sua autoridade; e será sua responsabilidade não só aprendê-las por conta própria, mas ainda fazê-las tema de conferências, desenvolvendo mais amplamente aquilo que por ventura necessitasse de afirmação”.

Na proximidade da Solenidade de João Bosco, lendo as cartas às FMA, capta-se o coração do Fundador e o seu desejo para o Instituto: “Parece-me no Senhor, que ele precisa de Irmãs formadas no espírito de mortificação e de sacrifício , para que gostem muito de trabalhar e sofrer por Jesus Cristo e pela salvação do próximo.  … Precisa de Irmãs que saibam dominar os próprios defeitos e manter o coração voltado somente para Deus para poder dizer com São Francisco de Sales: “Se soubesse que uma fibra do meu coração não é para Deus, eu a arrancaria”. (E IX, 4333)

Fonte: Portal FMA

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As cartas de Dom Bosco às FMA Destaque

Quinta, 30 Janeiro 2025 13:55 Escrito por  Portal FMA
As cartas de Dom Bosco às FMA Imagem retirada da pintura de Sílvia Allocco – Capela na Sede Central dos Salesianos de Dom Bosco, Roma. Portal FMA
Entre as 4.682 cartas recolhidas no Epistolário de Dom Bosco, apresentado por ocasião da Solenidade de Dom Bosco, algumas foram dirigidas às Filhas de Maria Auxiliadora.

 

No dia 31 de janeiro de 2025 celebra-se a solenidade de São João Bosco, Fundador da Congregação Salesiana e, com Santa Maria Mazzarello, do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Na proximidade desta grande Festa para a Família Salesiana, no dia 28 de janeiro, com a Conferência “De Valdocco ao mundo… e retorno” na Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, foi apresentado o Epistolário de Dom Bosco, a obra em dez volumes editada pelo Pe. Francisco Motto, SDB, e publicada de 1991 a 2024 pela Editora LAS . (Vídeo).

“Tende ânimo, portanto: Jesus está conosco. Quando tiveres espinhos, coloca-os com os da coroa de Jesus Cristo. Recomendo-vos a Deus na Santa Missa, rezai por mim que estou sempre em Jesus Cristo. Vosso humílimo servidor, Sacerdote João Bosco”.

Assim termina a carta endereçada à Irmã Maddalena Martini, FMA, datada de 8 de agosto de 1875, uma das 4.682 recolhidas e publicadas pelo Pe. Francisco Motto no Epistolário.

Cuidar da correspondência era uma ocupação constante de Dom Bosco: a ela se dedicava à noite, no final de cansativos dias oferecidos à escuta de jovens e adultos, ao encontro com benfeitores e autoridades e muito mais. Assegura o curador, que conclui esta obra após quarenta anos de pesquisas e estudos:

“Todo o corpus epistolar do Santo constitui um indispensável instrumento de conhecimento de Dom Bosco, da sua personalidade e dos seus ideais colhidos nas pregas do seu agir quotidiano; diremos um “Dom Bosco dia a dia”, o da dura fadiga quotidiana, que projeta, que abre horizontes, que age, que sofre, que luta, que vive para os Jovens, está com eles, intercepta os problemas e sem medo coloca-se a escrever à mesa para entrar em contato com qualquer pessoa no mundo (autoridades, grupos e indivíduos), para que possa ajudá-lo a resolvê-los.

São cartas escritas de uma só vez, sem muita atenção ao estilo, visto que questões práticas urgentes requeriam uma intervenção rápida: pedido de financiamentos, agradecimento pela ajuda recebida, augúrios ou condolências, recomendações, conselhos, exortações, convites, relatórios, mas também defesa dos próprios direitos. O próprio Dom Bosco, no seu “Testamento espiritual”, recomendava: “Se acontecer de imprimir alguma carta italiana minha, deve-se prestar muita atenção no sentido e na doutrina, porque a maior parte delas foi escrita às pressas e, portanto, com perigo de muitas imprecisões”.

Esta citação, devidamente colocada pelo editor na epígrafe do décimo volume, é uma importante chave de leitura: as cartas falam-nos da vida, documentam o pensamento e a visão de um homem que se dedicou aos jovens “até ao último suspiro”. Embora tenham sido escritos de uma só vez e para objetivos precisos, diversos, o seu estilo é incisivo, simples, envolvente. Possuem estrutura semelhante entre si: a abertura em que o Santo entra em diálogo com o interlocutor, colhendo aspectos pessoais; o motivo da carta, expresso de forma concisa e direta: a conclusão com a certeza da oração e o convite a olhar para o céu.

Entre estas cartas, algumas têm como destinatárias as FMA: Irmã Maddalena Martini, Madre Catarina Daghero, a sobrinha neta Irmã Eulália Bosco, todo o Instituto. Nelas o Pai e Mestre da juventude exprime características da sua relação com as FMA.

Indica o caminho da santidade, como resposta autêntica à vocação, preocupa-se em aconselhar e encorajar, tranquilizar e exortar  porque “O Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora… precisa de Irmãs… desejosas, sobretudo desejosas de se tornar santas, não através de ações extraordinárias, mas pelo caminho de obras comuns, para que sejam para o próximo, especialmente para as jovenzinhas de estímulo e atração às virtudes cristãs” (Ε ΙΧ, 4333).

No dia 5 de agosto de 1872, presente ao nascimento do Instituto, definiu-o “monumento vivo da gratidão de Dom Bosco à Grande Mãe de Deus, invocada sob o título de Auxílio dos Cristãos”. Na Circular que apresenta as “Deliberações do Segundo Capítulo geral das Filhas de Maria Santíssima Auxiliadora, realizado em Nizza Monferrato em agosto de 1886”, constata: “O desenvolvimento da vossa Congregação na Europa e na América é um seguro indício de que Deus a abençoa de uma maneira especial”.

Dom Bosco viveu períodos longos com as FMA, mas, através da presença de Dom Domingos Pestarino (diretor espiritual do primeiro grupo de Filhas da Imaculada de Mornese), de outros Salesianos e sobretudo valorizando o intuito e a ação de Maria Domingas Mazzarello e das FMA, soube fazer de um pequeno grupo de meninas um Instituto educativo pronto a desenvolver-se no mundo e projetado para o futuro.

Acompanhava à distância, interessando-se e respondendo a questões e dúvidas, sempre respeitando o trabalho das Irmãs. As pouquíssimas circulares dirigidas apenas às FMA contêm, portanto, um destilado da sua sábia orientação a um Instituto ainda nos inícios da sua vida. Ao apresentar as “Deliberações” recomenda “O Estudo e a prática das Constituições” mas também “este livro das Deliberações, para conhecê-las e observá-las, procurando assim a vantagem espiritual própria com a da Comunidade”.

Destaca então a responsabilidade de quem exerce um serviço de autoridade: “As Diretoras terão então aqui um manual e um guia na sua gestão e um apoio à sua autoridade; e será sua responsabilidade não só aprendê-las por conta própria, mas ainda fazê-las tema de conferências, desenvolvendo mais amplamente aquilo que por ventura necessitasse de afirmação”.

Na proximidade da Solenidade de João Bosco, lendo as cartas às FMA, capta-se o coração do Fundador e o seu desejo para o Instituto: “Parece-me no Senhor, que ele precisa de Irmãs formadas no espírito de mortificação e de sacrifício , para que gostem muito de trabalhar e sofrer por Jesus Cristo e pela salvação do próximo.  … Precisa de Irmãs que saibam dominar os próprios defeitos e manter o coração voltado somente para Deus para poder dizer com São Francisco de Sales: “Se soubesse que uma fibra do meu coração não é para Deus, eu a arrancaria”. (E IX, 4333)

Fonte: Portal FMA

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