Introdução
A Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, escrita pelo Papa Francisco e publicada em 12 de fevereiro de 2020, é o resultado de um longo processo de reflexões da Igreja, que culminou em outubro do ano passado, com a realização do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica. Sob o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”, o Sínodo se reuniu após dois anos de escuta e reflexão desde a base da Igreja na vasta região – que inclui vários estados do Brasil e de outros oito países (Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Perú, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa).
O Papa Francisco apresenta as propostas da Igreja na forma de quatro “sonhos” interligados, dentro do conceito da ecologia integral: sonho social, sonho cultural, sonho ecológico e sonho eclesial. A Vatican Media preparou cinco vídeos que facilitam a compreensão e a divulgação do documento.
Clique nos títulos para ver os vídeos.
Sonho social
“Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida”.
O primeiro sonho do Papa Francisco para a Amazônia é social: “impõe-se um grito profético e um árduo empenho em prol dos mais pobres”, afirma o Pontífice, pois a verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, “que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”, considera. Trata-se de uma proposta ecológica que se preocupa com o bioma, porém sem ignorar os povos que vivem na região. Francisco propõe o diálogo social, “especialmente entre os diferentes povos nativos, para encontrar formas de comunhão e luta conjunta”.
Sonho cultural
“Sonho com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana”.
Em seu sonho cultural para a Amazônia, o Papa reforça a postura de diálogo com as centenas de povos presentes no território. “O objetivo é promover a Amazónia; isto, porém, não implica colonizá-la culturalmente, mas fazer de modo que ela própria tire fora o melhor de si mesma. Tal é o sentido da melhor obra educativa: cultivar sem desenraizar, fazer crescer sem enfraquecer a identidade, promover sem invadir. Assim como há potencialidades na natureza que se poderiam perder para sempre, o mesmo pode acontecer com culturas portadoras duma mensagem ainda não escutada e que estão ameaçadas hoje mais do que nunca”.
Sonho ecológico
“Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas”.
No terceiro sonho para a Amazônia, o Papa Francisco ressalta que na região há uma relação estreita entre o ser humano e a natureza e reforça a necessidade de defender o meio ambiente. “Se o cuidado das pessoas e o cuidado dos ecossistemas são inseparáveis, isto torna-se particularmente significativo lá onde ‘a floresta não é um recurso para explorar, é um ser ou vários seres com os quais se relacionar’”, afirma Francisco, enfatizando que o equilíbrio do Planeta depende da saúde da Amazônia. A educação para uma ecologia integral é também colocada como ponto fundamental: “Assim, podemos dar mais um passo e lembrar que uma ecologia integral não se dá por satisfeita com ajustar questões técnicas ou com decisões políticas, jurídicas e sociais. A grande ecologia sempre inclui um aspeto educativo, que provoca o desenvolvimento de novos hábitos nas pessoas e nos grupos humanos”.
Sonho eclesial
“Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos”.
Por fim, ao comentar o sonho eclesial para a Amazônia, o Papa Francisco conclama os cristãos a assumirem seu papel no cuidado e na defesa da região: “Perante tantas necessidades e angústias que clamam do coração da Amazônia, é possível responder a partir de organizações sociais, recursos técnicos, espaços de debate, programas políticos… e tudo isso pode fazer parte da solução. Mas, como cristãos, não renunciamos à proposta de fé que recebemos do Evangelho. Embora queiramos empenhar-nos lado a lado com todos, não nos envergonhamos de Jesus Cristo. Para quantos O encontraram, vivem na sua amizade e se identificam com a sua mensagem, é inevitável falar d’Ele e levar aos outros a sua proposta de vida nova: ‘Ai de mim, se eu não evangelizar!’ (1 Cor 9, 16)”.