Comunicação para o exercício da cidadania

Quarta, 22 Novembro 2017 15:08 Escrito por 
Comunicação para o exercício da cidadania O Projeto Jovens Comunicadores dos colégios Salesiano Dom Bosco (Paralela) e Salesiano do Salvador (Nazaré), na Bahia, é um exemplo das iniciativas de educomunicação na RSB-Escolas
O vínculo entre educação e comunicação é permeado pelo desejo comum de uma sociedade mais justa e fraterna. Na educação para a cidadania encontra-se um espaço significativo de intervenção na sociedade.  

Na tradição salesiana costuma-se dizer que a grande meta de todo o trabalho educativo evangelizador é formar “bons cristãos e honestos cidadãos”. A preocupação com a formação da cidadania sempre foi uma constante em qualquer ambiente salesiano, seja escola, obra social ou paróquia. Dom Bosco tinha clareza de que a fé vivida com radicalidade precisa traduzir-se numa atitude cidadã de quem se preocupa com o ambiente a sua volta, numa perspectiva de proatividade.

É neste sentido que a educomunicação, enquanto expressão da vivência do Sistema Preventivo, também tem como meta a formação para o exercício da cidadania.

A comunicação entendida como mediação educativa para a formação de cidadãos conscientes, críticos e ativos faz-se verdadeiro instrumento de transformação da sociedade. O vínculo entre educação e comunicação é permeado pelo desejo comum de uma sociedade mais justa e fraterna. Na educação para a cidadania encontra-se um espaço significativo de intervenção na sociedade diante da fragmentação da pós-modernidade.

Dessa forma, é um verdadeiro desafio educacional “compreender quem são os patrões da produção, distribuição, consumo da informação e dos meios de comunicação e seu impacto social e cultural” (como afirma-se no livro Educomunicação: desafio à família Salesiana, publicado pela CIB-CISBRASIL). Nesse contexto, é necessário ressignificar a concepção de “cidadania”, uma vez que esta é hoje itinerante, globalizada e habita também os “ciberespaços”.

 

Desenvolvimento integral

Quando falamos em desenvolvimento integral da pessoa, automaticamente precisamos falar também de inserção da pessoa na comunidade, como um ator social, crítico e participativo. Alguém que passa de mero espectador para agente social. Para isso é necessário um caminho, um itinerário que inclui desde o estudo e a compreensão das estruturas e conjunturas sociais, até, e principalmente, a inserção ativa nos espaços de atuação existentes. Inclui também a busca pela ampliação desses espaços de atuação e consciência do agir eticamente em todos os ambientes sociais, sejam eles presenciais ou virtuais.

Acompanhar o jovem no mundo atual implica ajudá-lo a ver além dos discursos midiáticos, a interessar-se por questões que nem sempre são as mais discutidas e importantes no momento. Isso é: fazer com que aos poucos o jovem vá construindo o seu “ser cidadão”, capaz de identificar os direitos e deveres seus e dos outros, de confrontar e analisar as informações que chegam até ele, e também de elaborar, produzir, difundir e partilhar mensagens alternativas, permeadas pelos valores humanos, morais e éticos.

A cidadania inclui a vivência de valores pautados na alteridade do ser; é um responsabilizar-se pelo coletivo que direta ou indiretamente atinge o próprio eu. É um caminho longo do qual nenhum educador pode se eximir.

 

A responsabilidade do educador

Em um mundo pós-moderno, no qual o subjetivismo e o individualismo são marcas fundamentais, o adulto que acompanha o jovem tem uma responsabilidade muito grande de provocá-lo para sair de si mesmo, de questioná-lo para olhar o que acontece a sua volta. A utilização de metodologias específicas, de propostas de inserção ativa em comunidades, grupos, trabalho voluntário, missionário e social são ferramentas importantes que, conjugadas a uma reflexão séria e questionadora, podem trazer bons frutos para o trabalho educativo.

O ambiente salesiano deve ser um espaço de exercício da cidadania, no qual, de forma gradual e constante, são propostas formas de participação e comprometimento com a sociedade. Muitas são as causas que podem ser discutidas e abraçadas: questões sociais, ecológicas, políticas, comunitárias, estudantis... há uma infinidade de possibilidades de engajamento, voluntariado e participação social que não podem ser ignoradas em um ambiente salesiano.

A fé no Verbo Encarnado deve ajudar a nos tornarmos sempre mais humanos e preocupados com o mundo que ajudamos a construir. Isso é ser o bom cristão e o honesto cidadão, conforme desejava Dom Bosco.

 

Irmã Márcia Koffermann, FMA, coordena a Equipe de Comunicação Social das FMA na América (ECOSAM) e compõe, juntamente com o padre João Carlos Ribeiro, a Diretoria Executiva da RSB Comunicação.
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Comunicação para o exercício da cidadania

Quarta, 22 Novembro 2017 15:08 Escrito por 
Comunicação para o exercício da cidadania O Projeto Jovens Comunicadores dos colégios Salesiano Dom Bosco (Paralela) e Salesiano do Salvador (Nazaré), na Bahia, é um exemplo das iniciativas de educomunicação na RSB-Escolas
O vínculo entre educação e comunicação é permeado pelo desejo comum de uma sociedade mais justa e fraterna. Na educação para a cidadania encontra-se um espaço significativo de intervenção na sociedade.  

Na tradição salesiana costuma-se dizer que a grande meta de todo o trabalho educativo evangelizador é formar “bons cristãos e honestos cidadãos”. A preocupação com a formação da cidadania sempre foi uma constante em qualquer ambiente salesiano, seja escola, obra social ou paróquia. Dom Bosco tinha clareza de que a fé vivida com radicalidade precisa traduzir-se numa atitude cidadã de quem se preocupa com o ambiente a sua volta, numa perspectiva de proatividade.

É neste sentido que a educomunicação, enquanto expressão da vivência do Sistema Preventivo, também tem como meta a formação para o exercício da cidadania.

A comunicação entendida como mediação educativa para a formação de cidadãos conscientes, críticos e ativos faz-se verdadeiro instrumento de transformação da sociedade. O vínculo entre educação e comunicação é permeado pelo desejo comum de uma sociedade mais justa e fraterna. Na educação para a cidadania encontra-se um espaço significativo de intervenção na sociedade diante da fragmentação da pós-modernidade.

Dessa forma, é um verdadeiro desafio educacional “compreender quem são os patrões da produção, distribuição, consumo da informação e dos meios de comunicação e seu impacto social e cultural” (como afirma-se no livro Educomunicação: desafio à família Salesiana, publicado pela CIB-CISBRASIL). Nesse contexto, é necessário ressignificar a concepção de “cidadania”, uma vez que esta é hoje itinerante, globalizada e habita também os “ciberespaços”.

 

Desenvolvimento integral

Quando falamos em desenvolvimento integral da pessoa, automaticamente precisamos falar também de inserção da pessoa na comunidade, como um ator social, crítico e participativo. Alguém que passa de mero espectador para agente social. Para isso é necessário um caminho, um itinerário que inclui desde o estudo e a compreensão das estruturas e conjunturas sociais, até, e principalmente, a inserção ativa nos espaços de atuação existentes. Inclui também a busca pela ampliação desses espaços de atuação e consciência do agir eticamente em todos os ambientes sociais, sejam eles presenciais ou virtuais.

Acompanhar o jovem no mundo atual implica ajudá-lo a ver além dos discursos midiáticos, a interessar-se por questões que nem sempre são as mais discutidas e importantes no momento. Isso é: fazer com que aos poucos o jovem vá construindo o seu “ser cidadão”, capaz de identificar os direitos e deveres seus e dos outros, de confrontar e analisar as informações que chegam até ele, e também de elaborar, produzir, difundir e partilhar mensagens alternativas, permeadas pelos valores humanos, morais e éticos.

A cidadania inclui a vivência de valores pautados na alteridade do ser; é um responsabilizar-se pelo coletivo que direta ou indiretamente atinge o próprio eu. É um caminho longo do qual nenhum educador pode se eximir.

 

A responsabilidade do educador

Em um mundo pós-moderno, no qual o subjetivismo e o individualismo são marcas fundamentais, o adulto que acompanha o jovem tem uma responsabilidade muito grande de provocá-lo para sair de si mesmo, de questioná-lo para olhar o que acontece a sua volta. A utilização de metodologias específicas, de propostas de inserção ativa em comunidades, grupos, trabalho voluntário, missionário e social são ferramentas importantes que, conjugadas a uma reflexão séria e questionadora, podem trazer bons frutos para o trabalho educativo.

O ambiente salesiano deve ser um espaço de exercício da cidadania, no qual, de forma gradual e constante, são propostas formas de participação e comprometimento com a sociedade. Muitas são as causas que podem ser discutidas e abraçadas: questões sociais, ecológicas, políticas, comunitárias, estudantis... há uma infinidade de possibilidades de engajamento, voluntariado e participação social que não podem ser ignoradas em um ambiente salesiano.

A fé no Verbo Encarnado deve ajudar a nos tornarmos sempre mais humanos e preocupados com o mundo que ajudamos a construir. Isso é ser o bom cristão e o honesto cidadão, conforme desejava Dom Bosco.

 

Irmã Márcia Koffermann, FMA, coordena a Equipe de Comunicação Social das FMA na América (ECOSAM) e compõe, juntamente com o padre João Carlos Ribeiro, a Diretoria Executiva da RSB Comunicação.
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