Entre os arquivos fotográficos salesianos que foram enviados ao Museu do Cinema de Turim e ao Arquivo Nacional do Cinema Corporativo-CSC para restauração, surgiu um pequeno tesouro: um comovente filme mudo, em preto e branco, que exibe os momentos marcantes do funeral do padre Miguel Rua, ocorrido de 6 a 9 de abril de 1910. A filmagem foi feita por meio de um posicionamento inteligente das câmeras em diversos pontos de Valdocco, da Praça Maria Auxiliadora e dos arredores. Clique aqui para assistir.
O funeral de Dom Bosco em 1888 foi memorável, de tão universal que era a fama de sua santidade; mas o do padre Rua não ficou atrás, de acordo com as imagens do filme, mais convincente do que tantas palavras. Os pequenos aposentos de Dom Bosco e do padre Rua, as várias igrejas de Valdocco, as arcadas da época, os pátios, a entrada e, obviamente, as figuras e os rostos dos primeiros salesianos, falam por si: o padre Felipe Rinaldi aparece com as vestes sacerdotais ao lado do secretário do Capítulo Superior, o conhecido padre Giovanni Battista Lemoyne, os conselheiros padre Barberis, padre Albera, padre Cerruti, padre Piscetta, padre Francesia e muitos outros salesianos daquela primeira fase. Na igreja de Maria Auxiliadora, eles acompanham o funeral solene de seu segundo pai, padre Rua, aquele que caminhava com Dom Bosco e que agora se juntava a ele no céu.
Em seguida, pode-se acompanhar o cortejo fúnebre pelas ruas próximas e o retorno à igreja: jovens erguendo faixas, associações e irmandades, clérigos, nobres, notáveis, autoridades, cinco bispos, superiores, ex-alunos, eclesiásticos e leigos e uma multidão imensa formando uma ala ao longo da Avenida Regina Margherita.
Se as imagens por vezes tremem, devido às restrições técnicas da época, o filme necessariamente representa um movimento em si: a carruagem da princesa Letizia de Saboia enquanto sai de Valdocco e é saudada pelos mais conceituados salesianos, os transeuntes que atravessam a Avenida Regina Margherita para cortejar a passagem do caixão, as carruagens puxadas por cavalos que vão e vêm, os carros, os bondes... Enfim, um belíssimo registro de 1910, de uma tarde ensolarada de abril em Turim, que termina com a colocação do caixão na gaveta, no dia seguinte, na parede direita do túmulo de Dom Bosco, em Valsalice.
Se a cidade de Turim o reconheceu não somente como ilustre concidadão, mas também como digno sucessor de Dom Bosco, capaz de manter inalterada a fama da obra salesiana, podemos apenas expressar grande admiração e gratidão aos salesianos da época por sua intuição em promover essas imagens que agora chegaram até nós. Nos primórdios do cinema, eles já estavam "na vanguarda do progresso".