Segundo o coordenador do evento, o delegado para a Pastoral Juvenil Salesiana, padre Antonio de Assis Ribeiro (P. Bira), o objetivo foi fazer memória sobre os acontecimentos remotos da História da fé cristã. “Este evento tem uma justificativa catequética e não há catequese sem História, sem memória do passado. Nosso Credo tem uma dimensão histórica e o cristão, discípulo de Jesus, não deve negar o Antigo Testamento”, disse padre Bira. E continuou explicando: “Jesus não anulou a ‘Lei, nem os profetas’, mas veio dar-lhe pleno cumprimento. Por outro lado, não é possível conhecer em profundidade a pessoa de Jesus Cristo sem conhecermos o seu contexto existencial e a história do seu povo”.
A Páscoa para os judeus relembra a fuga do Egito, liderada por Moisés, e o fim da escravidão desse povo. A palavra "Pessach" significa "passagem" em hebraico, e dá origem à palavra Páscoa, que também tem o significado de passagem e libertação. A Ceia Judaica oferece aos convidados ervas amargas e raiz forte, que lembram a amargura da escravidão; a pasta vermelha, lembrando o barro e os tijolos que os judeus tiveram que carregar para fazer as construções. A água com sal são as lágrimas derramadas durante o período de escravidão. O ovo significa a mudança de vida do ser humano após ter abraçado a Fé. Cada um dos alimentos tem um significado importante que celebra o momento em que os hebreus foram tirados da escravidão no Egito e passaram pelo Mar vermelho rumo à liberdade. Assim como para os cristãos, para os judeus, a Páscoa também é a festa mais importante do ano e há a reunião de parentes e amigos.
Durante o jantar com a Família Salesiana, os presentes dividiram o pão ázimo chamado matzá, que os hebreus comeram quando, ao fugir da escravidão no Egito, não tinham fermento para o pão. Além de conhecer as tradições, o evento foi uma demonstração de que é possível a convivência de duas expressões religiosas diferentes se aceitando e respeitando em um universo amplo e plural. Para o coordenador do evento, “a Ceia Judaica realizada pelos católicos é muito mais que uma aproximação cultural através dos seus elementos religiosos, mas encontro e reconhecimento da mesma fonte ético-religiosa que nos guia: o amor a Deus e ao próximo. O que é válido para o judeu, para o muçulmano e para o cristão. Temos um só Deus”, disse padre Bira.