Boletim Salesiano - Qual era a sua idade quando você começou a atuar como missionária e o que a motivou?
Nayane Borim - Minha primeira atuação missionária foi aos 15 anos, quando estava no 1º ano do Ensino Médio. O que me motivou, além da vontade de sempre ajudar o outro, foi ver como a minha irmã voltava diferente depois que ela vivenciava a Semana Missionária - alegre, entusiasmada, dedicada, responsável, esperançosa, em paz. Quando ela foi pela primeira vez eu tinha 13 anos e, desde então, fui cultivando essa vontade em meu coração até eu ter a idade necessária para viver essa experiência. Depois que vivenciei a primeira Semana Missionária, em Pinhalzinho, SP, nunca mais consegui deixar de realizar esse trabalho de colocar-me a serviço dos que mais precisam.
BS - Quais experiências como missionária mais te marcaram?
Nayane- Acredito que aquelas experiências que são vividas no dia a dia, já que a missão tem que ser vivida diariamente, onde Deus, em sua tamanha simplicidade e delicadeza, se manifesta no outro, através do sorriso de uma criança, da partilha de vida, do abraço de um jovem, da convivência no pátio... por meio do encontro!
E durante a Semana Missionária, de maneira específica, as visitas e bênçãos às casas são as experiências que mais tocam o meu coração, pois não sabemos o que vamos encontrar, qual a realidade, a dificuldade ou a felicidade. Mas nos tornamos sinal de esperança para essas casas visitadas e não existe sensação melhor que essa: ser um pouco (por menor que seja) da presença de Jesus ali. Vivi essa experiência concreta em uma casa quando pedi que colocassem as intenções da oração e o único pedido foi: “Que você, Nayane, continue sendo o sinal da presença jovem de Jesus em todos os lugares que passar como foi para a nossa família”.
BS - Nos fale um pouco sobre como foi a exposição "Missão Mato Grosso".
Nayane- A exposição fotográfica “Missão Mato Grosso” foi um singelo projeto de autoria do jornalista Anderson Junque e com a minha parceria. Contendo 11 imagens que encantaram nossos olhares, quisemos levar para o público um pouco do que vimos e conhecemos nas tribos dos Xavantes e Bororos, durante os dias que ali estivemos.
A mostra foi exposta em Santa Bárbara d’Oeste, São Paulo, na Câmara Municipal e no Museu da Imigração; nos colégios, faculdades e universidades salesianas, de Americana e Piracicaba, também interior de São Paulo, e em outras unidades escolares da região.
Foi uma exposição muito significativa, pois transmitimos aquilo que os nossos olhos puderam contemplar, porém, muito mais que simplesmente retratar o que nos encantou nesta cultura tão diferente da nossa, vale destacar e valorizar o quão belo é o trabalho missionário dos salesianos junto aos indígenas.
BS - Você está se preparando para participar de uma expedição missionária. Fale um pouco sobre como será essa experiência.
Nayane- Em 2012 manifestei ao padre que era responsável na inspetoria pelas missões a minha vontade de viver uma experiência mais profunda de entrega ao outro. Porém, na época estava iniciando os estudos no curso de Pedagogia e hoje, depois de alguns anos, de várias missões de oito dias, uma de um mês em Guiratinga, MT, e bastante discernimento, tenho a certeza que Deus, em seu tempo, preparou tudo!
Com muita alegria e entusiasmo, em fevereiro de 2016, vou para Angola, na África, onde viverei uma experiência mais profunda de gratuidade, alimentada pela fé em Jesus, tendo Dom Bosco como modelo inspirador, auxiliando na escrita de subsídios e materiais pedagógicos e catequéticos. A presença nos oratórios, a disponibilidade para ajudar no que precisarem e a vontade de contribuir na missão salesiana, em Angola, além, é claro, de aprender muito mais com esse povo alegre mesmo diante das dificuldades que sabemos que eles vivem.
Lá vou encontrar uma cultura e uma realidade bastante diferentes da minha e das que já conheci nesses anos como missionária. Às vezes bate um pouco de medo sim, porém, tenho certeza de que Deus irá me acompanhar em todos os momentos, se manifestar e me surpreender muito nesse ano que estarei também realizando um sonho: servir a Deus em terras angolanas.
BS - Atualmente você é assessora de pastoral do Colégio Dom Bosco. Quais atividades você desempenha nessa função?
Nayane- O trabalho pastoral é um trabalho bem amplo, que busca acompanhar o processo de educação na fé, no meu caso, a fé dos pequeninos da Educação Infantil, das crianças e adolescentes do Ensino Fundamental, dos jovens do Ensino Médio e até dos seus familiares, além de funcionários da escola. Mas de que forma?
A primeira delas é a assistência-presença, ser um pouco do que Dom Bosco foi para os seus destinatários: amigo, atencioso, companheiro, educador. Uma presença amorosa e solidária durante a entrada com uma simples acolhida e na saída com um ‘até amanhã’, nos intervalos e nos encontros de grupo semanais, no contato com suas famílias. Buscando sempre viver entre eles, participando da vida e comunicando, com meu testemunho e jeito de ser, uma experiência salesiana, que nos leva a construir o Reino de Deus e chegar à santidade.
A segunda delas é colocando em prática as atividades da Pastoral, sempre ajudando na busca e construção da fé, através do ‘bom dia’ e ‘boa tarde’, diários, celebrações eucarísticas, celebrações da Palavra, formações, experiências de voluntariado missionário, encontros de grupos (equipe missionária, sociedade da alegria), presença e alegria no pátio. Um trabalho verdadeiramente gratificante, pois enquanto trabalho alimento também a minha fé, coloco em prática aquilo que acredito e faço o que amo!
BS - Que lembranças você traz do tempo de estudante salesiana?
Nayane- Muitas! Sou aluna salesiana (sim, não consigo me considerar uma ex-aluna) desde os meus 7 anos e em cada fase uma lembrança específica, mas muitas em comum. O carinho do educador salesiano, a alegria de conviver no pátio, a presença dos padres salesianos que nos faziam ver ali Dom Bosco vivo no meio das crianças e dos jovens, a acolhida com um singelo ‘bom dia’ dos funcionários, os bons-dias que nos faziam refletir sobre a nossa vida, as atividades pastorais e as experiências missionárias. De forma resumida, a lembrança que trago comigo até hoje é o grande diferencial dos colégios salesianos, a educação que forma para a vida, a educação que recebi e cultivo até hoje!