No último sábado, 10 de dezembro, mais de 100 salesianos da Circunscrição Piemonte-Vale d’Aosta, com o seu inspetor, o padre Enrico Stasi, dedicaram um dia de retiro a fazer memória do testemunho do venerável padre Beltrami. Padre Pierluigi Cameroni, postulador geral para as Causas dos Santos da Família Salesiana, apresentou o padre Beltrami como uma expressão emblemática da dimensão oblativa do carisma salesiano, encarnação das exigências do ‘caetera tolle’, um testemunho que, por várias razões, foi desaparecendo da visibilidade do mundo salesiano, mas que relembra as raízes do espírito salesiano, feitas de sacrifício, laboriosidade e renúncias apostólicas.
Nascido em Omegna, em 24 de junho de 1870, André recebeu na família uma educação profundamente cristã, educação que foi depois desenvolvida no colégio salesiano, de Lanzo, para onde entrou em outubro de 1883. Ali amadureceu a sua vocação à vida religiosa. Em 1886 recebeu a batina, ou hábito clerical, das mãos do mesmo Dom Bosco. Nos dois anos que passou em Turim-Valsálice conheceu e entrou em sintonia espiritual com o príncipe polonês Augusto Czartoryski, hoje beato, que havia pouco, entrara para a Congregação Salesiana.
Padre Beltrami foi chamado a dar assistência ao padre Augusto, estando este doente de tuberculose. Também o padre Beltrami acabará com a mesma doença, muito difundida então, vivendo o seu sofrimento com alegria interior. Ordenado sacerdote por dom Cagliero, 1º bispo salesiano, dedicou-se inteiramente à contemplação e ao apostolado da pena. De vontade a toda a prova, com um desejo apaixonado pela santidade, consumiu a própria existência na dor e no trabalho incessante. “A missão que Deus me confia é rezar e sofrer”, dizia. “Nem sarar nem morrer, mas viver para sofrer”, foi seu lema. Morreu em 30 de dezembro de 1897. Tinha 27 anos. O seu corpo repousa na igreja de Omegna, sua terra natal.
Padre Beltrami lança à Família Salesiana a difícil mensagem do sofrimento redentor; antes, de um sofrimento que pode tornar-se misteriosamente alegre, segundo o amor com que se aceite. “Creia-me – escreveu um dia a seu diretor, padre Scappini –, em meio às dores, eu sou feliz, feliz de uma felicidade plena, perfeita; de modo que sou levado a sorrir-me quando me demonstram pesar ou me fazem votos de pronto restabelecimento!”.