O Ano da Misericórdia é uma como árvore que afunda as raízes no terreno da Igreja pós-conciliar, Igreja que preferiu assumir “o remédio da misericórdia” a “abraçar as armas do rigor”, convidando ao serviço samaritano para com o mundo. É uma árvore que cresceu nutrindo-se da reflexão e da experiência da “Dives in misericordia”, de João Paulo II, e da “Deus Caritas Est”, de Bento XVI. É uma árvore que já dá seus frutos maduros nas palavras e ação do Papa Francisco.
Dom Bosco, para reconhecer e acolher a misericórdia de Deus, teve de percorrer um caminho de conversão: a ‘visão’ de Deus que ele assume desde adolescente, no contexto teológico do seu tempo, é a de um Deus severo e tremendo. Só por vezes a Sua justiça aparece mitigada pela Sua bondade providente. Será na escola do padre Cafasso e do padre Guala que ele irá aprender a moral equilibrada. Será, sobretudo, acompanhando os seus meninos/adolescentes, pobres e difíceis, que ele assumirá, para sempre, não o rigor, mas a bondade, a benignidade, a misericórdia de Deus.
O reitor-mor pergunta-se a seguir qual deve ser a experiência da misericórdia em cada casa salesiana do mundo.
Conflitos, fundamentalismo, violências em nome de Deus, injustiças, tudo invoca a oferta da misericórdia. A geografia da sofrimento nos chama à compaixão. Por outro lado, não poderemos oferecer misericórdia se não tivermos experimentado perdão e misericórdia por parte de Deus, especialmente por meio do Sacramento da Reconciliação.
Em nosso carisma, misericórdia significa possuir o mesmo coração de Jesus Bom Pastor. Significa praticar o Sistema Preventivo e viver a presença no meio dos jovens, porque sem proximidade não se comunica misericórdia. Misericórdia requer enfim justiça social em nossos ambientes: de outra forma ela se apresentará como expressão abstrata e vazia.
Ao concluir, o reitor-mor nos chama a reconhecer e invocar Maria como Mãe da Misericórdia, Seja Ela nossa Mestra e Guia.
A carta do reitor-mor “Misericordiosos como o Pai” está à disposição no site sdb.org.