Prática esportiva gera campeões nas Olimpíadas e na vida

Quarta, 08 Agosto 2012 23:12 Escrito por  Karla Maria
A proximidade dos Jogos Olímpicos de Londres, que se realizam de 27 de julho a 12 de agosto, faz refletir sobre a importância educacional da prática de esportes.

Para Mark Kenneally, maratonista irlandês do Instituto Salesiano de Celbridge, as Olimpíadas já começaram. Ele já percorreu as ruas de Dublin com a tocha olímpica, que segue para a abertura dos jogos, dia 27, em Londres. Mas Mark não é o único jovem a representar a Família Salesiana.

Até o fechamento desta edição, dos 233 atletas brasileiros classificados para os jogos olímpicos, pelo menos dois estão relacionados a entidades salesianas: César Augusto Cielo Filho, ex-aluno do Colégio Dom Bosco de Americana, SP, na natação; eYane Márcia Campos da Fonseca Marques no pentatlo moderno, esporte que conta com o apoio do Colégio Salesiano de Recife em Pernambuco. Outros aguardavam a confirmação, como Maria Elisa Antonielli, ex-aluna do Instituto São José de Resende, RJ, que venceu o campeonato mundial de vôlei de praia e, com sua companheira Talita, buscava a classificação para as Olimpíadas de Londres.

Os Jogos Olímpicos acontecem a cada quatro anos e são uma vitrine do mundo, na qual se pode enxergar a pluralidade, a diversidade de cores, culturas, idiomas, práticas religiosas e políticas. É um espaço para troca de conhecimento e diálogo, espaço para observar a capacidade humana de superar obstáculos, barreiras e limites, sejam físicos ou não.

 

Instrumento transformador

Essa visão moderna dos Jogos Olímpicos, da possibilidade da prática de esportes como instrumento transformador de realidades e paradigmas, foi apontada de modo vanguardista por Dom Bosco. Para o patrono da juventude, o valor educativo do esporte é atribuído à sua capacidade de promover o respeito às regras e aos adversários, a disciplina e a saúde, incentivando o intercâmbio sociocultural. Além de campeões, os colégios, faculdades e institutos salesianos vêm, com essa visão, formando cidadãos críticos, tendo como base os valores evangélicos.

“A Rede Salesiana, tradicionalmente, incentiva a prática esportiva, seja nas aulas de educação física ou nas escolinhas de esportes. É difícil imaginar colégios salesianos sem relacionar às estruturas de incentivo ao esporte”, afirma Fabio Olímpio Venturim, coordenador dos cursos de Educação Física da Faculdade Católica Salesiana do Espírito Santo. Para o professor, a prática esportiva pode ser muito importante no desenvolvimento físico, psicológico e social da criança. “Se bem orientado pelo professor de educação física, o esporte pode contribuir na formação de cidadãos críticos, capazes de tomar decisões em prol da coletividade. Também pode contribuir na promoção da saúde sob os aspectos da prevenção a doenças relacionadas ao sedentarismo”, afirma.

Essa foi a preocupação do casal Alexandre e Kelly Macedo, pais das gêmeas Isabelle e Alessandra, que desde os 5 anos treinam o karatê. “O karatê exige disciplina e respeito acima de tudo, além de competição também. Isso com certeza influencia positivamente em suas vidas pessoais e na escola”, diz o pai das meninas, que hoje têm 13 anos.

Alexandre garante que as gêmeas alcançam boas notas no colégio Ateneu Salesiano Dom Bosco, em Goiânia, GO, mesmo com o dia preenchido de treinos. As jovens atletas se destacaram em diversos campeonatos nacionais e internacionais do esporte. Um dos mais recentes foi o Campeonato Sul-Sudeste de Karatê, realizado em abril. Alessandra foi a campeã individual em kumitê (luta) e Isabelle, a vice-campeã. Para o pai, as conquistas são fruto do esforço das meninas, somado ao apoio do colégio em diversos aspectos: psicológico, didático, educativo e financeiro. “O patrocínio da Rede Salesiana permite que elas viajem por todo o país e pelo exterior”, considera ele. Em novembro, as meninas partem para o Mundial da Austrália.

 

Outras histórias campeãs

Dentre os alunos e ex-alunos salesianos, são muitos os exemplos campeões nas quadras, arenas, ginásios e... na vida. Como não se lembrar, por exemplo, do “mão santa”? Sim, Oscar Schmidt é ex-aluno do Colégio Salesiano São José de Natal, RN. Entre tantos títulos, ele foi tricampeão Sul-Americano (1977, 1983 e 1985), bicampeão da Copa América (1984 e 1988) e medalha de ouro no Pan-Americano de Indianápolis, EUA (1987). Também a atleta Fabiana Murer, campeã no salto com vara que representou o Brasil nas Olimpíadas de Pequim e conquistou a medalha de ouro no Mundial de Daegu, em 2011, é ex-aluna do Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, em Campinas, SP.

Assim como estas, outras histórias se multiplicam, hoje, pelo país. É o caso da campeã sul-americana de basquete feminino, Fabiana Caetano, a Fabi. Aluna do 5° semestre do curso de psicologia do Centro Unisal de Americana, SP, Fabi levantou a taça em Quito, no Equador, pela Equipe da Unimed e orgulha-se em dizer que é estagiária na Casa Dom Bosco de Americana. “O que me levou a fazer o estágio na entidade foi o carisma de Dom Bosco, que conheci na faculdade, e o trabalho sério desenvolvido com as crianças pelos salesianos de Americana”, conta Fabi. Ela considera que a formação salesiana ajudou a torna-la uma campeã: “Acredito que os valores salesianos são muito importantes para levar o jovem a se tornar um campeão não só nas quadras, como eu, mas também na vida, com a profissão que escolher”, finaliza.

 

 

Entrevista campeã

Isabelle e Alessandra Macedo falam ao Boletim Salesiano sobre o sonho das Olimpíadas.

 

Boletim Salesiano - Qual o sonho de cada uma de vocês? Onde encontram apoio para realizá-lo?

Isabelle – Tenho sonho de ir para uma Olimpíada representar o país. Nosso apoio vem do meu sensei, dos meus pais e da Rede Salesiana de Escolas, que permite que participemos dos campeonatos.

Alessandra – Gostaria de ganhar um mundial. Em 2010 fui vice-campeã em São Paulo e minha irmã, a campeã.

 

BS – O que o esporte trouxe de positivo na vida de vocês?

Isabelle – O esporte nos trouxe novas amizades, possibilitou conhecer lugares diferentes e as competições nos incentivam a sermos melhores no que fazemos. Para mim, qualquer esporte é necessário para uma vida saudável, seja mentalmente ou fisicamente.

 

 

Armas da vitória: arco, flecha e disciplina

Ela tem só 12 anos e um currículo de gente grande. Está em primeiro lugar no ranking nacional de Arco e Flecha, na categoria infantil; foi a primeira mulher pernambucana a participar de um Campeonato Brasileiro desse esporte, em 2011, quando ficou em 5º lugar e, em junho de 2012, conquistou o 3º lugar de sua categoria no Campeonato Brasileiro, disputado no Rio de Janeiro. Esta é Cinthya do Rêgo Barros de Azevêdo, aluna do 9º ano no Instituto Santa Maria Mazzarello, no Recife, PE.

Para a jovem, que treina diariamente com o técnico Eulálio Cavalcante ou com o pai, também praticante do esporte, o objetivo agora são as Olimpíadas. “Eu só posso participar em 2016, por causa da idade, então meu objetivo é me preparar até lá”, afirma a jovem campeã, que em novembro disputa o campeonato brasileiro adulto, em Recife.

Cynthia tem uma rotina puxada. Treina de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h, e aos sábados. Mas a jovem não deixa de se empenhar nos estudos e, segundo a aluna, os treinos ajudam a manter os bons resultados na escola. “O arco e flecha não me atrapalha, pelo contrário, trabalha a concentração, a tranquilidade e o equilíbrio, isso me ajuda muito”, explica.

 

 

Karla Maria é jornalista e recebeu o Prêmio Dom Helder Câmara de Imprensa da CNBB – 2012, com a reportagem “Extermínio Silencioso”.

 

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Última modificação em Sábado, 20 Outubro 2012 11:33

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Prática esportiva gera campeões nas Olimpíadas e na vida

Quarta, 08 Agosto 2012 23:12 Escrito por  Karla Maria
A proximidade dos Jogos Olímpicos de Londres, que se realizam de 27 de julho a 12 de agosto, faz refletir sobre a importância educacional da prática de esportes.

Para Mark Kenneally, maratonista irlandês do Instituto Salesiano de Celbridge, as Olimpíadas já começaram. Ele já percorreu as ruas de Dublin com a tocha olímpica, que segue para a abertura dos jogos, dia 27, em Londres. Mas Mark não é o único jovem a representar a Família Salesiana.

Até o fechamento desta edição, dos 233 atletas brasileiros classificados para os jogos olímpicos, pelo menos dois estão relacionados a entidades salesianas: César Augusto Cielo Filho, ex-aluno do Colégio Dom Bosco de Americana, SP, na natação; eYane Márcia Campos da Fonseca Marques no pentatlo moderno, esporte que conta com o apoio do Colégio Salesiano de Recife em Pernambuco. Outros aguardavam a confirmação, como Maria Elisa Antonielli, ex-aluna do Instituto São José de Resende, RJ, que venceu o campeonato mundial de vôlei de praia e, com sua companheira Talita, buscava a classificação para as Olimpíadas de Londres.

Os Jogos Olímpicos acontecem a cada quatro anos e são uma vitrine do mundo, na qual se pode enxergar a pluralidade, a diversidade de cores, culturas, idiomas, práticas religiosas e políticas. É um espaço para troca de conhecimento e diálogo, espaço para observar a capacidade humana de superar obstáculos, barreiras e limites, sejam físicos ou não.

 

Instrumento transformador

Essa visão moderna dos Jogos Olímpicos, da possibilidade da prática de esportes como instrumento transformador de realidades e paradigmas, foi apontada de modo vanguardista por Dom Bosco. Para o patrono da juventude, o valor educativo do esporte é atribuído à sua capacidade de promover o respeito às regras e aos adversários, a disciplina e a saúde, incentivando o intercâmbio sociocultural. Além de campeões, os colégios, faculdades e institutos salesianos vêm, com essa visão, formando cidadãos críticos, tendo como base os valores evangélicos.

“A Rede Salesiana, tradicionalmente, incentiva a prática esportiva, seja nas aulas de educação física ou nas escolinhas de esportes. É difícil imaginar colégios salesianos sem relacionar às estruturas de incentivo ao esporte”, afirma Fabio Olímpio Venturim, coordenador dos cursos de Educação Física da Faculdade Católica Salesiana do Espírito Santo. Para o professor, a prática esportiva pode ser muito importante no desenvolvimento físico, psicológico e social da criança. “Se bem orientado pelo professor de educação física, o esporte pode contribuir na formação de cidadãos críticos, capazes de tomar decisões em prol da coletividade. Também pode contribuir na promoção da saúde sob os aspectos da prevenção a doenças relacionadas ao sedentarismo”, afirma.

Essa foi a preocupação do casal Alexandre e Kelly Macedo, pais das gêmeas Isabelle e Alessandra, que desde os 5 anos treinam o karatê. “O karatê exige disciplina e respeito acima de tudo, além de competição também. Isso com certeza influencia positivamente em suas vidas pessoais e na escola”, diz o pai das meninas, que hoje têm 13 anos.

Alexandre garante que as gêmeas alcançam boas notas no colégio Ateneu Salesiano Dom Bosco, em Goiânia, GO, mesmo com o dia preenchido de treinos. As jovens atletas se destacaram em diversos campeonatos nacionais e internacionais do esporte. Um dos mais recentes foi o Campeonato Sul-Sudeste de Karatê, realizado em abril. Alessandra foi a campeã individual em kumitê (luta) e Isabelle, a vice-campeã. Para o pai, as conquistas são fruto do esforço das meninas, somado ao apoio do colégio em diversos aspectos: psicológico, didático, educativo e financeiro. “O patrocínio da Rede Salesiana permite que elas viajem por todo o país e pelo exterior”, considera ele. Em novembro, as meninas partem para o Mundial da Austrália.

 

Outras histórias campeãs

Dentre os alunos e ex-alunos salesianos, são muitos os exemplos campeões nas quadras, arenas, ginásios e... na vida. Como não se lembrar, por exemplo, do “mão santa”? Sim, Oscar Schmidt é ex-aluno do Colégio Salesiano São José de Natal, RN. Entre tantos títulos, ele foi tricampeão Sul-Americano (1977, 1983 e 1985), bicampeão da Copa América (1984 e 1988) e medalha de ouro no Pan-Americano de Indianápolis, EUA (1987). Também a atleta Fabiana Murer, campeã no salto com vara que representou o Brasil nas Olimpíadas de Pequim e conquistou a medalha de ouro no Mundial de Daegu, em 2011, é ex-aluna do Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, em Campinas, SP.

Assim como estas, outras histórias se multiplicam, hoje, pelo país. É o caso da campeã sul-americana de basquete feminino, Fabiana Caetano, a Fabi. Aluna do 5° semestre do curso de psicologia do Centro Unisal de Americana, SP, Fabi levantou a taça em Quito, no Equador, pela Equipe da Unimed e orgulha-se em dizer que é estagiária na Casa Dom Bosco de Americana. “O que me levou a fazer o estágio na entidade foi o carisma de Dom Bosco, que conheci na faculdade, e o trabalho sério desenvolvido com as crianças pelos salesianos de Americana”, conta Fabi. Ela considera que a formação salesiana ajudou a torna-la uma campeã: “Acredito que os valores salesianos são muito importantes para levar o jovem a se tornar um campeão não só nas quadras, como eu, mas também na vida, com a profissão que escolher”, finaliza.

 

 

Entrevista campeã

Isabelle e Alessandra Macedo falam ao Boletim Salesiano sobre o sonho das Olimpíadas.

 

Boletim Salesiano - Qual o sonho de cada uma de vocês? Onde encontram apoio para realizá-lo?

Isabelle – Tenho sonho de ir para uma Olimpíada representar o país. Nosso apoio vem do meu sensei, dos meus pais e da Rede Salesiana de Escolas, que permite que participemos dos campeonatos.

Alessandra – Gostaria de ganhar um mundial. Em 2010 fui vice-campeã em São Paulo e minha irmã, a campeã.

 

BS – O que o esporte trouxe de positivo na vida de vocês?

Isabelle – O esporte nos trouxe novas amizades, possibilitou conhecer lugares diferentes e as competições nos incentivam a sermos melhores no que fazemos. Para mim, qualquer esporte é necessário para uma vida saudável, seja mentalmente ou fisicamente.

 

 

Armas da vitória: arco, flecha e disciplina

Ela tem só 12 anos e um currículo de gente grande. Está em primeiro lugar no ranking nacional de Arco e Flecha, na categoria infantil; foi a primeira mulher pernambucana a participar de um Campeonato Brasileiro desse esporte, em 2011, quando ficou em 5º lugar e, em junho de 2012, conquistou o 3º lugar de sua categoria no Campeonato Brasileiro, disputado no Rio de Janeiro. Esta é Cinthya do Rêgo Barros de Azevêdo, aluna do 9º ano no Instituto Santa Maria Mazzarello, no Recife, PE.

Para a jovem, que treina diariamente com o técnico Eulálio Cavalcante ou com o pai, também praticante do esporte, o objetivo agora são as Olimpíadas. “Eu só posso participar em 2016, por causa da idade, então meu objetivo é me preparar até lá”, afirma a jovem campeã, que em novembro disputa o campeonato brasileiro adulto, em Recife.

Cynthia tem uma rotina puxada. Treina de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h, e aos sábados. Mas a jovem não deixa de se empenhar nos estudos e, segundo a aluna, os treinos ajudam a manter os bons resultados na escola. “O arco e flecha não me atrapalha, pelo contrário, trabalha a concentração, a tranquilidade e o equilíbrio, isso me ajuda muito”, explica.

 

 

Karla Maria é jornalista e recebeu o Prêmio Dom Helder Câmara de Imprensa da CNBB – 2012, com a reportagem “Extermínio Silencioso”.

 

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